São José do Hortêncio, localizado no coração do Vale Germânico, se prepara para abrir suas portas e janelas para os visitantes com a inauguração do seu primeiro roteiro turístico, intitulado “Janelas da Imigração”. Sob o lema “Janelas do passado inspiram nosso futuro!”, a cidade se propõe a compartilhar não apenas sua rica história, mas também a visão de um futuro promissor.
O projeto é particular, mas com apoio da Prefeitura, conforme explica o diretor de Turismo, Jackson Hartmann, que é natural de Hortêncio, mas morou longe da cidade por 23 anos e retornou neste ano. O objetivo, mais que atrair turistas, é contar a história do município para aqueles que vêm de fora, mas também para os próprios moradores. “São José do Hortêncio é rica em cultura e história. Os primeiros imigrantes alemães chegaram aqui em 1826 e a localidade foi base para muitos outros municípios que surgiram ao redor”, conta.
Hartmann acredita que, com um plano de divulgação como o Janelas da Imigração, será possível expandir o comércio local e, consequentemente, aumentar todo o desenvolvimento da cidade. “Mais do que um mero elemento arquitetônico, a janela tornou-se o símbolo escolhido para representar a receptividade, a abertura para influências externas e a entrada da luz, refletindo a acolhida calorosa que os habitantes oferecem aos seus visitantes”, explica.
Como parte do roteiro, está o Céu Aberto, local para eventos que serve para festas de formatura, casamentos e cultua a gastronomia germânica. “Nós temos também uma cachoeira na propriedade e implantaremos trilhas com guias até ela. E como parte do roteiro turístico, até o ano que vem, teremos cabanas como pousadas para quem quiser relaxar e se hospedar em meio à natureza”, conta Djenifer Dorneles, proprietária do local junto com o marido, Tony Duarte.
Hortêncio visto de cima
Ponto alto roteiro Janelas da Imigração, literalmente, está Morro Fritzenberg, de onde toda a cidade pode ser vista. Para o local, há planos de uma construção de um mirante em um deck, mas por ser área particular, o Município busca negociações junto ao proprietário. “Daqui de cima, temos uma vista linda da cidade, até voo livre ocorreu aqui, então precisamos valorizar e mostrar nossa história”, destaca Hartmann.
O roteiro inclui muitos pontos históricos para visualização, como igrejas, cemitérios e casas antigas que datam do século XIX, construções enxaimel, propriedades rurais, riachos e muita natureza, além do próprio Centro Histórico, onde seu nome fala sobre sua importância.
Rastros deixados pelos Muckers
Na década de 1870, um grupo de imigrantes alemães decidiram criar uma sociedade própria, isolados do resto da população. Tendo como líder Jacobina Mentz Maurer, os Muckers se envolveram em conflitos com católicos e protestantes da região. E as marcas deste confronto podem ser vistas ainda hoje, cerca de 150 anos depois.
Em uma casa enxaimel, localizada no bairro Centro, vivem as irmãs Laurene e Ivone Bender, 59 e 63 anos, e a mãe Erna Bender, 87. Elas são descendentes de Elisabeth Konrad e Johann Michael Bender, que vieram com 5 filhos da Alemanha e uma sexta que nasceu no navio “em águas do Rio de Janeiro”. O casal chegou onde hoje fica São José do Hortêncio em 1848 e construiu a casa em que Laurene, Ivone e Erna vivem até hoje. Erna, inclusive, nasceu na própria casa.
A propriedade preserva toda sua estrutura, portas, janelas, pisos e teto originais. Inclusive, o baú de Christoph Bender, filho de Elisabeth e Johann, que veio da Alemanha com os pertences do garoto. Mais que isso, a casa preserva uma trágica história. Nela, Elisabeth foi morta com um tiro na cabeça pelos Muckers. “Ela escutou batidas na porta e levantou da cama no quarto dela. Foi até a porta, abriu a parte de cima, e levou um tiro na cabeça. Ela ainda conseguiu voltar caminhando até a cama e morreu”, conta Ivone. O local faz parte do roteiro Janelas da Imigração e, apesar de ser uma residência familiar, as proprietárias sentem orgulho de receber os visitantes e contar as histórias de seus antepassados.
Não muito longe dali, também no Centro, fica a primeira hospedagem de Hortêncio. No galpão construído de madeira e barro em 1829, que pode ser visto até hoje, a porta de entrada mostra os buracos atingidos pelas balas dos Muckers. ”Eu sei que o avô do meu marido, Stanislaw Nawrotcky andou tirando algumas balas da porta, mas acho que elas não existem mais, hoje são apenas os furos. Eles contam que os Muckers se esconderam naquele morro à frente e vieram quando anoiteceu”, conta Regina Frölich Nawrotcky, 65 anos, atual proprietária do local.
O roteiro contempla ainda estabelecimentos como a Pizzaria Hartmann, localizada em um prédio histórico; Knob’s Haus, onde os visitantes podem colher as próprias amoras, e o Galpão do Chopp, muito procurado por trilheiros e caminhantes.
Locais de visitação e contemplação:
- Morro Grande / Fritzenberg (Mirante para São José do Hortêncio
- Capela do Rosário (Igreja e casas antigas, cemitério antigo)
- Represa do Rio Cadeia
- Céu Aberto Gastronomia
- Passo Fundo (Parque Municipal)
- Ponte de Ferro Engenheiro Daniel Ribeiro, sobre o Rio Cadeia
- Morro da Vigia (Ponte Coberta, casas antigas
- Pizzaria Hartmann
- Knob’s Haus
- Galpão do Chopp
- Arroio Bonito (Igreja e casas antigas, Cemitério Antigo, Ponte Coberta)
- Campestre (Igreja e casas antigas, Cemitério Antigo
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