Opinião
Um épico chamado Duna
Parte 2 da produção dirigida por Denis Villeneuve fecha com louvor a saga iniciada em 2021 - mas cineasta ainda quer mais e pode vir aí uma nova produção da franquia: O Messias de Duna
Última atualização: 02/03/2024 15:55
O primeiro filme lançado em 1984 (sob a direção do cineasta surrealista David Lynch) baseado na obra (de 1965) de Frank Herbert, pecava por ser confuso, buscando resumir todo este vasto universo fictício do romance em um filme de pouco mais de duas horas.
O insucesso da grandiosa empreitada fez com que ficasse um certo débito com os fãs da obra no cinema, apesar de em 2000 ser lançada a minissérie que conseguiu elogios, mas, que, enfim, era “só” televisão.
Então, em 2021, chegou às telas grandes uma nova versão, desta vez dividida em duas partes (somadas chegam a 5 horas e meia) sob a direção do franco-canadense Denis Villeneuve, que em 2017 já havia lançado a sequência do cultuado Blade Runner.
A aposta foi em um elenco liderado pelos jovens emergentes Timothée Chalamet (como Paul Atreides) e Zendaya (a guerreira fremen Chani), juntando a eles a experiência de grandes talentos como Javier Bardem, Rebecca Ferguson, Stellan Skarsgård, Christopher Walken e Josh Brolin, entre muitos outros, além da ótima performance de vilania de Austin Butler (de Elvis), que faz o papel dado ao cantor Sting (caricato) na versão de 1984.
A divisão produtiva deste épico fica agora bem mais clara com a chegada de Duna 2.
A primeira parte foi uma introdução às ideias da obra, apresentando seus personagens, contextos, tramas e cenários. Nesta sequência se dá solidez à dramática batalha do clarividente e destemido Paul Muad’Dib (na busca de vingar a destruição da sua Casa Atreides pelos inescrupulosos Harkonnen e também de evitar o futuro no qual vê milhões de vidas sacrificadas) junto ao povo oprimido da desértica Arrakis, a terra da especiaria.
O detalhamento do uso dos diversos termos e nominações do universo Duna seria longo para se explicar aqui, mas se você nunca leu Duna, não se preocupe: isso não vai atrapalhar o seu entretenimento. É bem verdade que é preciso ver a parte 1 para entender a 2 (Villeneuve não perde tempo relembrando - dá só uns toques).
Intricado drama político-social e pessoal (a pesada carga sobre Paul ganha destaque nesta parte 2), Duna emerge das areias que deram base para uma das maiores franquias espaciais de todos os tempos: Star Wars.
Menos pop e mais áspero e grandioso em sua profundidade, este épico deve mexer com o cinespectador mais jovem, já meio cansado de tantos super (alguns nem tanto assim)-heróis e histórias de ficção com “efeitos especiais” que não causam mais qualquer “ooohhhh” na sala de cinema.
Com mais ação, drama e grandiosidade, Duna: Parte 2 completa com louvor todo o arco iniciado em 2021. É para quem gosta de filmes de ficção científica com conteúdo. O messianismo, a fé cega, amor, irmandade, devoção, destino, enfim, uma série de questões se levantam neste filme épico que, devido à data de lançamento, acabou de fora do Oscar deste ano - se o primeiro filme teve indicação, este, então, indiscutivelmente vale mais.
E Villeneuve quer uma parte 3. Se vier, ainda vai demorar, mas já existem movimentos hollywoodianos mexendo os pauzinhos para que O Messias de Duna (baseado no livro homônimo de Frank Herbert lançado em 1969) possa chegar ás telas nos próximos anos.
Seja como for, pelo menos as partes 1 e 2 cumpriram seu propósito de dar a Duna o épico que merecia nos cinemas. Herbert, que faleceu em 1986, aos 65 anos, ficaria orgulhoso deste grande momento da sua criação.
Confira aqui o trailer oficial de Duna: Parte 2