ANIVERSÁRIO DO CINEASTA

Sangue, ironia e trilha sonora marcante: veja cinco principais características de Tarantino

Diretor e roteirista de Pulp Fiction, Bastardos Inglórios, Kill Bill, Django Livre, entre outros sucessos, faz 60 anos nesta segunda-feira (27)

Publicado em: 27/03/2023 11:23
Última atualização: 29/02/2024 09:29

Quentin Tarantino está de aniversário nesta segunda-feira (27) completando 60 anos de idade. Muito já se falou e sempre parece pouco sobre este diretor e roteirista norte-americano que tem um estilo único e, acima de tudo, é um apaixonado por cinema. Na adolescência, trabalhou em uma videolocadora e lá consumiu o máximo que podia sobre filmes, inspirando-o a criar seus roteiros.

Quentin Tarantino e Margot Robbie, atriz estrela do filme Era Uma Vez em..Hollywood Foto: Wikipedia Commons

Desde do primeiro longa que dirigiu, Cães de Aluguel (1992), Tarantino imprimiu uma linguagem própria com elementos que passaram a ser repetidos em seus demais filmes. E até em produções de outros diretores você vê algo similar e já sai dizendo "isso é muito Tarantino".

A lista de filmes de Tarantino é bem conhecida e o cineasta já está trabalhando em um novo, The Movie Critic, o qual já afirmou ser o último de sua carreira. Pouco provável que deixe de continuar produzindo.

O que compõe o cinema tarantiniano

Django Livre Foto: Reprodução

1 - Roteiros inteligentes


O roteirista Tarantino procura entregar ao diretor Tarantino um material mais acabado possível. Não é por acaso que ele tem em sua carreira duas estatuetas do Oscar, na categoria roteiro original, pelos filmes Pulp Fiction (1994) e Django Livre (2012). E também o Globo de Ouro de melhor roteiro para esses dois filmes e ainda Era Uma Vez em... Hollywood (2019).

Em Pulp Fiction, também vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Tarantino deu continuidade com maestria à narrativa não linear usada em Cães de Aluguel. Aliás, é uma boa brincadeira tentar reorganizar a história de Pulp Fiction. Qual é a última cena? Com certeza não é a dos mafiosos Vincent (John Travolta) e Jules (Samuel L. Jackson) saindo da lanchonete como mostra a narrativa.

Fora os filmes que dirigiu, o cineasta assina outros roteiros, com destaque para Amor à Queima-Roupa (1993), Um Drink no Inferno (1996) e Assassinos por Natureza (1994) – nesse, ele é autor do argumento.

2 - Violência

As cenas de violência brutal são uma característica frequente na obra do diretor. São exageradas, por vezes desnecessárias e até cômicas. Em Kill Bill - Volume 1 (2003), Tarantino pode fazer rir por causa do sangue jorrando de braços e pernas ou entristecer com a cena de animação japonesa. E é utilizando o recurso da violência que o cineasta gosta de reescrever a história real, fazendo justiça contra nazistas, escravistas e maníacos.

Bastardos Inglórios Foto: Reprodução

3 - Diálogos

As conversas inusitadas e cheias de ironias entre personagens sobre comida, música, cultura pop e outros assuntos do cotidiano é uma diversão à parte na trajetória do diretor. Em Pulp Fiction, Vincent e Jules conversam sobre massagem nos pés, minutos antes de matarem um grupo de inimigos.

Mais tarde, o mesmo Vincent fala indignado, enquanto se prepara para injetar heroína em si mesmo, contra quem arranha o carro dos outros. E como não esquecer dos diálogos "amistosos" do Coronel Hans Landa (Christoph Waltz), em Bastardos Inglórios (2009)?

4 - Trilha sonora

As músicas são mais uma marca registrada. Gêneros variados, com destaque para as composições das décadas de 1960 e 1970, embalam as histórias, mesmo que ocorram em épocas diferentes.

Em Jackie Brown (1997), ele dá ênfase à música negra (ouça Across 110th Street, de Bobby Womack). Em Django Livre, mistura trilhas de clássicos do faroeste com a música pop de hoje. Em minutos, muda de David Bowie para Ennio Morricone, em Bastardos Inglórios.

Mas a melhor das trilhas está em Pulp Fiction. Quem não conhece a música do início: Misirlou, de Dick Dale? Depois tem Let’s Stay Together (Al Green), Son of a Preacher Man (Dusty Springfield), Girl, You’ll Be a Woman Soo (Urge Overkill) e Jungle Boogie (Kool & the Gang).

Tarantino na gravação de Kill Bill Foto: Divulgação

5 - Paixão pelo cinema

Há quem diga que o trabalho de Tarantino não é nada original, pois ele faz uso de muitas referências de outros filmes, gêneros e escolas de cinema em suas produções.

O movimento Blaxploitation é a inspiração para Jackie Brown, os filmes de artes marciais estão em Kill Bill, o faroeste italiano (spaghetti western) é a referência para Django Livre e Era Uma Vez em... Hollywood é todo construído em homenagem à cidade dos sonhos do final dos anos 1960.

Considerando todas as características do trabalho de Tarantino, é equivocado acusá-lo de plágio. Está mais para recriação, transformação e atualização do cinema nas últimas três décadas. Dá até para dizer que suas obras são uma espécie de aula de história do audiovisual.

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