Para muita gente, o Doutor Estranho nasceu em 2016, quando a Marvel lançou a primeira aventura de seu universo cinemático com temática mágica. Mas o personagem encarnado no cinema por Benedict Cumberbatch, quem diria, já é sessentão.
Foi em julho de 1963 que Doctor Strange foi publicado pela primeira vez, no número 110 da revista Strange Tales, da Marvel, nos Estados Unidos. O personagem era uma criação de Steve Ditko, o mesmo desenhista que deu forma ao Homem-Aranha. O argumento era de Stan Lee, mas o próprio Lee comentou mais de uma vez que a criação havia sido de Ditko.
Nas primeiras histórias, Strange era retratado como um necromante, um especialista em magia obscura (inclusive, a primeiríssima história, lá em 1963, usava o hoje politicamente incorreto termo “magia negra”, ou “black magic”). A inspiração havia sido nos magos ainda do tempo dos dramas de rádio, que eram figuras misteriosas e teatrais.
Um ano depois da primeira história, apareceria uma origem para o mago. Mais adiante ainda, em 1968, ele ganharia arcos mais trabalhados. A história evoluiu para a mais consagrada, que traz Stephen Strange como um cirurgião vaidoso que perde os movimentos finos da mão em um acidente e, por isso, busca a cura em um mosteiro no Himalaia. Lá, acaba descobrindo talento para a magia, através de um mestre. Eventualmente, Strange iria se tornar o Mago Supremo de nossa realidade.
Curiosidades ao longo de seis décadas
Ao longo dos anos, o relativo sucesso do Doutor Estranho rendeu algumas anedotas e até algumas dores de cabeça. Stan Lee comentou uma vez que na época da criação do herói, no auge da contracultura e do psicodelismo, ele e Ditko chegaram a ser acusados de inventar o personagem sob efeito de marijuana ou até LSD.
Grandes desenhistas chegaram a assumir as histórias, que se prestavam a alguns delírios visuais. Um dos mais famosos, ainda hoje lembrado, foi Frank Brunner, que ao lado do argumentista Steve Englehart assinou uma das fases mais conhecidas, a partir de 1974.
Outra história curiosa é algo que a Marvel mais tarde tentou varrer para baixo do tapete. Em 1978 foi produzido um filme de tevê com o Doutor Estranho. Como muitos filmes da Marvel no período, tinha efeitos muito simples. O personagem era interpretado por Peter Hooten, que havia participado de Orca, a Baleia Assassina.
Tanto nos quadrinhos quanto no universo cinemático da Marvel, o Doutor Estranho se tornou uma das figuras mais poderosas do panteão de super-heróis. Curiosamente, apesar deste poder todo, seu histórico editorial não parece demonstrar o mesmo superpoder. Ele não chegou a ter revistas de linha, ou seja, títulos mensais com seu nome, salvo durante minisséries. Há muitas coletâneas anuais estreladas pelo personagem, que durante alguns anos costumava monopolizar outros títulos, como a Strange Tales, na qual nasceu. Também aparecia como figura de destaque em outras séries, como dos Vingadores.
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