MÚSICA

Oito álbuns de cantoras brasileiras para comemorar o Dia Internacional da Mulher

De Iza a Gal Costa, de Céu a Rita Lee, alguns dos trabalhos para ouvir sem pular as faixas

Publicado em: 08/03/2023 08:08
Última atualização: 01/02/2024 16:54

Quem ouve álbum inteiro hoje em dia? Na semana passada foi comemorado o aniversário de 50 anos de lançamento de The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, considerado um dos álbuns mais importantes da música e também exemplo de uma obra que merece ser escutada do início ao fim, sem interrupções.

A digitalização, as playlists e os lançamentos de singles e videoclipes frequentes tiraram o interesse das novas gerações sobre consumir um álbum inteiro, em mídia física ou pelas plataformas de áudio. Mas eles estão aí para serem descobertos e apreciados.

Para curtir este 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, uma dica é ouvir álbuns completos de grandes cantoras brasileiras. Uns mais atuais e outros clássicos, exemplicando bem a qualidade da música produzida em nosso País.

Álbuns de cantoras brasileiras para curtir sem pular faixas Foto: Alan Machado/GES
Claro, é complicado fazer uma lista de álbuns de artistas nacionais, considerando a capacidade do Brasil em formar cantoras. Tem Elis, Gal, Bethânia, Cássia Eller, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, Marília Mendonça, Zizi Possi, Anitta, Alcione, Nara Leão, Ivete Sangalo, Beth Carvalho, a dupla Anavitória e uma lista que só aumenta.

Por isso, esta escolha não é definitiva, tão pouco representa os melhores álbuns das artistas. Mas serve de fonte de inspiração e motivo para começar a ouvir os trabalhos completos de cada uma.

Portas - Marisa Monte (2021)

Não há muito a ser falado sobre Marisa Monte para justificar sua presença nesta lista. Desde que surgiu no final dos anos 1980, com a música Bem Que Se Quis, e o álbum Mais (1991) – dos sucessos Ainda Lembro e Beija Eu –, ela se colocou como uma das principais vozes femininas do Brasil.

Em Portas, lançado em 2021, depois do hiato de dez anos, a cantora presenteia os fãs com 16 faixas interpretadas com maestria. Calma, Portas, A Língua dos Animais, Pra Melhorar e Totalmente Seu são os destaques do projeto.

Dona de Mim - Iza (2018)

Iza é uma das novas vozes mais adoradas pelos jovens. O protagonismo da mulher negra está muito presente no trabalho desta cantora e compositora, de 32 anos, nascida no Rio de Janeiro. Dona de Mim, lançado em 2018, é seu álbum de estreia e foi indicado ao Grammy Latino Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa – o vencedor foi O Tempo É Agora, de Anavitória.

As músicas, dançantes no estilo pop e R&B contemporâneo, contam com a participação de vários artistas, como Marcelo Falcão, Carlinhos Brown, Gloria Groove e Ivete Sangalo. Mais do que carimbar Iza como uma diva pop brasileira, mostra ao público e aos críticos sua bela e imponente voz.

As canções referências são Pesadão, Dona de Mim e Ginga.

Céu - Céu (2005)

A voz encantadora de Céu ficou conhecida pelos brasileiros em seu álbum homônimo de 2005. Com uma sonoridade doce e delicada, a cantora paulistana consegue navegar por diferentes gêneros, do samba à MPB, do rock ao jazz.

Ela venceu o Grammy Latino em 2016 e 2020, como Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, por Trópix e Apká!, mas outros projetos como Caravana Sereia Bloom (2012) e o primeiro álbum merecem atenção de quem ainda não conhece bem sua obra.

Em Céu, os destaques ficam para as canções Lenda, Malemolência, Roda e Ave Cruz.

Admirável Chip Novo - Pitty (2003)

Lançado em 2003, Admirável Chip Novo é o álbum de estreia da roqueira baiana Pitty. Como dizem, ela “já chegou chegando” com vários singles – Máscara, Admirável Chip Novo, Teto de Vidro e Equalize – que fizeram sucesso nas rádios e na MTV e ainda são cantados pelos antigos e novos fãs.

Influenciada pelo punk rock, Pitty emprega o peso da guitarra com uma pegada mais comercial, uma voz firme e muita energia. Depois de 20 anos, Admirável Chip Novo se tornou um clássico do rock nacional. Por sinal, recentemente a cantora anunciou que fará uma turnê de aniversário.

Falso Brilhante - Elis Regina (1976)

A mais aclamada cantora brasileira, Elis Regina, lançou em 1976 o álbum Falso Brilhante – consequência do espetáculo de mesmo nome sobre a trajetória da artista – que se tornou uma referência quando se fala em Elis e na música popular brasileira.

O trabalho já começa com Como Nossos Pais (...Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida...), composta por Belchior, e que na voz de Elis foi transformada em hino da juventude. Também fazem parte Velha Roupa Colorida (outra de Belchior), Fascinação e O Cavaleiro e os Moinhos.

De falso, este brilhante não tem nada.

Canto das Três Raças - Clara Nunes (1976)

Um deslize de 2022 foi a pouca repercussão do aniversário de 80 anos de Clara Nunes, se estivesse viva. Aliás, em 2023 são lembrados os 40 anos de sua morte. Como poucos artistas, Clara conseguiu colocar a força de sua voz para cantar a cultura do Brasil mestiço.

Em 1976, ela lançou o Canto das Três Raças, repetindo a receita de outros reconhecidos trabalhos, com muito samba raiz e letras sobre origem africana, sertão, crítica social e espiritualidade. 

A canção que dá nome ao álbum é um diferencial, assim como Tenha Paciência e a poética Ai Quem me Dera, de Vinícius de Moraes.

Fruto Proibido - Rita Lee (1975)

Aos 75 anos, Rita Lee vem passando, com muita resiliência, por um momento de dificuldades devido a um câncer no pulmão. Inclusive, ela divulgou ontem (7) o lançamento do livro Outra Autobiografia - fazendo referência ao Rita Lee: Uma autobiografia, de 2016. Já está em pré-venda e chega ao mercado em 22 de maio.

Na torcida pela saúde da rainha do rock brasileiro, uma forma de exaltar sua relevância é ouvir a extensa discografia. Para começar, pode-se ir direto a um álbum irretocável de sua carreira: Fruto Proibido.

Lançado em 1975, esse é um dos principais trabalhos da artista e um dos melhores do rock nacional. Foi o segundo projeto de Rita junto com a banda Tutti Frutti e, nele, a artista se distancia ainda mais do estilo sessentista e tropicalista tocado pelos Mutantes. Em Fruto Proibido, ela apresenta uma sonoridade mais próxima do rock dos anos 1970, avançando para o pop.

É neste trabalho que está a faixa Ovelha Negra, talvez a mais significativa da trajetória da cantora. Mas não fica só nisso: Agora Só Falta Você, Esse tal de Roque Enrow e Luz del Fuego também integram essa obra que mais parece uma coletânea.

Gal Costa - Gal Costa (1969)

Falando em coletânea, este álbum lançado em 1969 traz um conjunto de canções de célebres letristas brasileiros. Ali tem Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Jorge Ben e Tom Zé.

Gal Costa, que infelizmente nos deixou em 2022, pega cada uma das composições e, com sua bela e inesquecível voz, as transforma em obras-primas, muitas com uma pegada mais rock, sem desconsiderar as influências diretas da bossa nova.

Baby, Divino Maravilhoso, Namorinho de Portão, Se Você Pensa e Que Pena estão, mesmo com o passar do tempo, no imaginário de quem gosta de boa música.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Matérias Relacionadas