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O Estrangulador de Boston: saiba mais sobre o filme do serial killer que chocou os EUA
Estrelada por Keira Knightley, produção faz justiça histórica à repórter que enfrentou o sexismo da época para investigar os crimes
Última atualização: 29/02/2024 08:37
Sem spoilers
A jornalista do Boston Record American, Loretta McLaughlin, teve um papel relevante na investigação e na descoberta do assassino de mulheres na capital de Massachusetts no começo dos anos 1960. Ao identificar padrões em três assassinatos, ela deu início a uma apuração sobre os acontecimentos, apesar da resistência do jornal onde trabalhava e da polícia local.
Para quem não conhece a história real, o estrangulador de Boston foi o nome dado ao serial killer Albert DeSalvo, condenado pela morte de quatro mulheres, mas que, ao ser preso, assumiu a autoria de 13 assassinatos, sem comprovar.
DeSalvo recebeu como sentença a prisão perpétua, fugiu da cadeia com outros dois presos, sendo capturado em seguida e depois enviado a uma penitenciária de segurança máxima. Foi assassinado anos mais tarde na cadeia. As investigações geraram variadas teorias sobre a possibilidade de outros assassinos terem participado dos crimes.
O filme de suspense O Estrangulador de Boston, produção disponível no Star+ e lançado neste mês de março, retoma os fatos sem dar ênfase ao assassino, mas, sim, à Loretta, interpretada pela atriz Keira Knightley, fazendo justiça histórica à repórter, que morreu em 2018.
Apesar de liderar uma investigação jornalística complexa, ela precisou lidar com o obstáculo do machismo que imperava nas redações e na sociedade daquele período. Casada e mãe de três filhos pequenos, a jornalista só conquistou o respeito merecido após suas reportagens ganharem repercussão entre a população.
Na trama, depois de sua primeira reportagem, Loretta é ridicularizada pelas autoridades e colocada de volta por seu chefe Jack MacLain (Chris Cooper) à editoria do jornal “estilo de vida”. Porém, quando outros crimes do mesmo perfil começam a acontecer o jornal chama a repórter Jean Cole (Carrie Coon), que já trabalhava com jornalismo investigativo, para ajudar Loretta na apuração. Juntas, elas publicam mais textos e geram indignação da comunidade sobre a incompetência da polícia em solucionar o caso.
A forma pela qual o roteiro apresenta o trabalho das duas repórteres lembra muito os filmes Todos os Homens do Presidente (1976), Zodíaco (2007) e Spotlight: Segredos Revelados (2015). Essa estrutura narrativa é acompanhada por uma atmosfera sombria, com cores escuras e cenas de perigo pelas quais a protagonista passa, dando o tom de suspense necessário para garantir interesse na dinâmica da história.
O Estrangulador de Boston é muito menos um filme sobre crimes reais e bem mais uma obra sobre jornalismo investigativo e sexismo. E não há perda nenhuma nisso. É, sim, um acerto do diretor e roteirista Matt Ruskin. Afinal, o início da solução do caso partiu da percepção e trabalho árduo de Loretta e Jean.
É uma história muito bem-vinda e que merece ser revisitada, pois certamente grande parte dos jovens não conhece esses nomes. Hoje, nas redações pelo Brasil e pelo mundo trabalham repórteres mulheres fazendo a diferença com produções de qualidade, incomodando poderosos e inspirando na profissão novos jornalistas de ambos os sexos.
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