Com 11 indicações ao Oscar de 2023, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo se destacou na cerimônia realizada neste domingo (12) com a conquista das estatuetas de melhor filme, melhor diretor, melhor atriz, melhor ator coadjuvante, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro original e melhor montagem.
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A produção, lançada em 2022, está gerando bastante repercussão por colocar uma nova perspectiva sobre como a arte do cinema pode explicar o conceito de multiverso. Tema tão interessante e já tratado em outros filmes e séries de ficção científica, em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo a hipótese da existência de realidades simultâneas é contada misturando comédia com drama familiar e tendo como foco central a vida de uma mulher batalhadora.
De antemão, dá para afirmar que não é uma história de fácil entendimento e, provavelmente, seja necessário assistir mais de uma vez. Por isso, marcou seu lugar na prateleira dos filmes “ame-o ou odeie-o”. Mas, mesmo com muito formador de opinião torcendo o nariz, a produção é, sim, merecedora de aplausos e prêmios, seja pela diversão, com cenas engraçadas de dar altas gargalhadas, seja por oferecer uma narrativa inteligente e desconstruída.
A personagem principal é Evelyn, interpretada pela atriz Michelle Yeoh, uma imigrante chinesa ocupadíssima, casada com Waymond (Ke Huy Quan) e com uma filha, a Joy (Stephanie Hsu). Ela precisa se desdobrar para cuidar de seu negócio – uma lavanderia –, da casa e do pai idoso, Gong Gong (James Hong).
Tudo é bagunçado demais no cenário e mostra como o dia a dia de Evelyn é sobrecarregado. E como se não bastasse, enfrenta um sério problema com a receita federal, sendo investigada e ameaçada pela auditora Deirdre, vivida por Jamie Lee Curtis.
A rotina fica ainda mais estressante quando Evelyn se descobre uma espécie de salvadora do mundo e que o universo onde vive é apenas um entre milhares. Em outras realidades, a personagem é atriz, mestre em artes marciais, cozinheira, desenho, mulher com dedos em forma de salsicha, boneca e até pedra. Ela resiste em salvar o mundo. “Não tenho tempo, estou muito ocupada”, diz, com sua simplicidade.
Porém, aos poucos, vai entendendo o pouco significado de seus problemas pessoais naquele contexto. E aprende como conectar sua consciência em outras versões de si mesma, acessando memórias e habilidades. Para complicar, a luta de Evelyn é contra sua filha, que viaja pelos universos como a maligna Jobu Tupaki.
Para contar essa história, os diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert abusam de experimentações narrativas, movimentos de câmera, lutas, animação, cenas bizarras e outros recursos em uma montagem com ritmo frenético, mostrando “tudo” de Evelyn “em todo lugar ao mesmo tempo”. Os universos são ligados e as ações tomadas pelos personagens em uma realidade influenciam na outra – com tudo sendo bem costurado por roteiro e montagem.
Há muitas cenas hilárias, como um diálogo entre pedras e as referências aos filmes 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), Ratatouille (2007) e Kill Bill: Volume 2 (2004). Mais do que isso não dá para contar sob risco de spoiler.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é daqueles filmes empolgantes que devemos esperar mais tempo para entender sua relevância e lugar na história do cinema. Por enquanto, neste nosso universo e época, não se trata somente de mais uma contribuição da ficção sobre a teoria do multiverso.
Seu maior atrativo é unir uma narrativa inovadora com vários momentos cômicos, de reflexão e de empatia em relação ao drama vivido pela protagonista. O multiverso é um meio, o fim é a felicidade das pessoas.
O filme está disponível na Amazon Prime, no YouTube Movies (por aluguel) e ainda em algumas salas de cinema.
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