Opinião
Humanizando o mito Ferrari
Filme do consagrado cineasta Michael Mann utiliza um dos momentos mais conturbados da vida de Enzo Ferrari, o criador da famosa marca/scuderia italiana que mexe com emoções no mundo inteiro
Última atualização: 23/02/2024 17:08
Com direito a participação brasileira, o filme Ferrari estreia na região trazendo a história de um dos nomes mais conhecidos do mundo automobilístico: Enzo Anselmo Giuseppe Maria Ferrari (1898-1988), o comendador Enzo Ferrari.
Com Adam Driver (o Kylo Ren da franquia Star Wars) envelhecido para o papel central, o filme do octagenário cineasta Michael Mann - de produções como O Último dos Moicanos e O Informante e que há quase uma década não se lançava no cinema - se passa em um momento de crise do criador da famosa scuderia e da marca automobilística que até hoje povoa sonhos de consumo de quem gosta de belos e potentes carros esportivos com a marca do cavalinho rampante.
Mas por que Mann busca o ano de 1957 para traçar a história de Enzo Ferrari?
Trata-se de um dos momentos mais conturbados da vida do comendador, que, em meio à crise da empresa, tanto nas pistas quanto na linha de produção, já usava seus óculos escuros adotados após a morte precoce do filho de 24 anos, em 1956.
Ao invés de mitificar ainda mais o mito, Mann opta por mostrar seu lado mais humano, entre amor, rancor, tristeza e perseverança obstinada e severamente apaixonada pelos seus carros, algo que levava seus pilotos ao limite e além (são muitos os ferraristas que acabaram se tornando lendas pela morte ao volante).
Ferrari é um drama alimentado por esta paixão. E acaba deslanchando na mesma linha de outro filme interessante e emocionante sobre carros de corrida: Ford vs Ferrari (2019), de James Mangold, que conta a história de Carroll Shelby (outro dono de marca de carro lendário) e o piloto Ken Miles, que fez fama ao bater exatamente a então imbatível Ferrari em Le Mans, em 1966.
Driver e Penélope Cruz (que faz a esposa de Enzo em um casamento já em ruínas e piorado pela morte do filho e a sombra de uma amante e um filho “bastardo”) conseguem entregar um belo trabalho, até porque entre indiferenças e brigas a carga dramática é forte em cena.
O Brasil é representado em cena pelo ator Gabriel Leone, que encarna o piloto anglo-espanhol Alfonso de Portago, nome que marcou a história ferrarista e se envolveu um acidente nas Mil Milhas (a Mille Miglia), na Itália. Sua participação é curta (até pelo destino trágico do personagem), mas Leone dá seu recado em sua estreia no cinema internacional em busca de uma carreira semelhante a de Rodrigo Santoro.
Uma curiosidade é que Leone voltará a um cockpit e às pistas de corrida brevemente: ele está escalado para ser Ayrton Senna na minissérie da Netflix, que já está em produção e deve estrear ainda neste ano que marca os 30 anos da morte do tricampeão mundial de Fórmula 1.
A participação de Leone nesta produção de Michael Mann é mais um dos atrativos de Ferrari, que até merecia algum indicação ao Oscar, pelo menos, para Penélope Cruz, que mais uma vez traz uma bela e vigorosa interpretação.
Enfim, entre marcas, paixões, motores, óleo, sangue e lágrimas, Ferrari é um belo filme dramático turbinado por um mito e uma marca lendária.
Um potente combustível para amantes de filmes que gostam de acelerar emoções.
Confira aqui o trailer oficial de Ferrari
Com Adam Driver (o Kylo Ren da franquia Star Wars) envelhecido para o papel central, o filme do octagenário cineasta Michael Mann - de produções como O Último dos Moicanos e O Informante e que há quase uma década não se lançava no cinema - se passa em um momento de crise do criador da famosa scuderia e da marca automobilística que até hoje povoa sonhos de consumo de quem gosta de belos e potentes carros esportivos com a marca do cavalinho rampante.
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Com Adam Driver (o Kylo Ren da franquia Star Wars) envelhecido para o papel central, o filme do octagenário cineasta Michael Mann - de produções como O Último dos Moicanos e O Informante e que há quase uma década não se lançava no cinema - se passa em um momento de crise do criador da famosa scuderia e da marca automobilística que até hoje povoa sonhos de consumo de quem gosta de belos e potentes carros esportivos com a marca do cavalinho rampante.