Festival de Cinema
História de skatista hamburguense, morto em competição, vence como melhor filme em Brasília
Curta-metragem Pastrana venceu como melhor filme e em outras duas categorias
Última atualização: 27/12/2023 06:47
No dia 11 de novembro de 2018, o skatista catarinense Allyson Nascimento, que cresceu e viveu em Novo Hamburgo, morreu durante uma prova do Mundial de Skate Downhill, no Rio de Janeiro.
Mais conhecido como Allyson Pastrana, o jovem tinha apenas 19 anos e já era tricampeão brasileiro da modalidade e considerado o maior talento surgido nos últimos anos. A trágica história foi transformada em um curta-metragem chamado “Pastrana”, dirigido pela hamburguense e amiga, a skatista Melissa Brogni, em parceria com Gabriel Motta.
O filme, com duração de 15 minutos, foi todo rodado em abril deste ano em Novo Hamburgo, cidade natal da realizadora e onde o skatista cresceu. Não houve nenhuma reencenação e foi baseado a partir de memórias, materiais de arquivos e entrevistas de amigos, que foram “pintando o retrato dele”, conforme explica Brogni. O curta-metragem da Okna Produções teve uma estreia triplamente premiada na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens do 56° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no sábado (16).
Em uma exibição para cerca de 600 pessoas no Cine Brasília, Pastrana emocionou o público presente e recebeu o prêmio principal do festival mais antigo do Brasil: Melhor Curta-Metragem pelo Júri Oficial. Além disso, também foi premiado com o Prêmio Canal Brasil de Melhor Curta-Metragem e com o Troféu Candango de Melhor Montagem para Bruno Carboni.
“Estou muito feliz com a conquista de todo mundo que ajudou, desde o edital de Novo Hamburgo, à produtora que abraçou o projeto, ao Gabriel Motta que codirigiu comigo, à Juliana Cazarré que roteirizou comigo. Ainda estou entendendo a importância deste Festival, mas sei que representa muito e me deixa bem feliz por esse início positivo no circuito de festivais”, comenta Bogni.
Uma promessa que virou realidade
Allyson Pastrana e Melissa Brogni se tornaram muito próximos na adolescência. A paixão pelo skate os uniu e se encontravam sempre para praticar o esporte no Morro dos Papagaios e em São João do Deserto, em Novo Hamburgo. Mais tarde, devido aos compromissos, o distanciamento natural ocorreu e os encontros passaram a ser quase exclusivamente nas competições. “Nossa vida era andar de skate, foi uma época que nos moldou muito”, comenta a amiga.
A tragédia no final de 2018 trouxe a dor, mas também fez com que a história do Dowhill mudasse. “Ele tinha grandes chances de ganhar aquele mundial e aconteceu o acidente. Então é como se ele tivesse dado a vida por todos nós para que a gente mudasse as normas de segurança do Downhill”, afirma.
Em 2020, a skatista estava escrevendo uma carta para Pastrana, onde ela falava da promessa de transformar a vida dele em um vídeo. “Todo mundo via que ele era um prodígio no esporte. Naquela época, eu já planejava, quando tivesse minha primeira câmera, fazer um vídeo dele”. A estreia como diretora não poderia ser melhor. Além dos prêmios, a emoção de tocar centenas de pessoas com um filme sobre amor e amizade trouxe o cumprimento da promessa e a satisfação de mostrar o legado do skatista.
“Para mim, materializar a história e eternizar o legado dele através de um filme é uma realização dessa promessa e de colocar meu amigo numa história visual, para que os outros possam ver. E também para fazer algo pelo skate e pelos amigos. No momento das gravações nós revisitamos muitas coisas. Então também é muito para nós, para o downhill”, detalha.
PASTRANA é uma produção da Okna Produções, com o apoio da Locall e de Marx Franzen. Foi contemplado no edital de Fomento à Produção Audiovisual, linha de Coinvestimentos Regionais do Fundo Setorial do Audiovisual, BRDE e Ancine e tem patrocínio da Prefeitura de Novo Hamburgo e do Novo Hamburgo Polo Audiovisual.