Opinião
Entre Bob Marley e Madame Teia
Duas estreias nos cinemas da região com propostas distintas e com aquele sentimento de "poderia ter sido melhor"
Última atualização: 16/02/2024 22:19
Dois filmes bem diferentes estão estreando nesta semana nos cinemas da nossa região: Madame Teia, que é o mais novo rebento ligado ao Aranhaverso (lembrando que o filme é da Sony - que detêm direitos do Homem-Aranha - e não da Marvel); e Bob Marley: One Love, a cinebiografia de um dos mais significativos nomes da música deste planetinha chamado Terra.
Nenhum dos dois é grandioso, mas ambos tem seus atrativos, principalmente aos fãs dos gêneros. O problema em comum dos dois é que ambos carecem daquele algo a mais para se firmarem no gosto dos cinespectadores.
Madame Teia
O filme Madame Teia é baseado na personagem homônima das HQs, estrelado por Dakota “50 Tons de Cinza” Johnson - aliás, a respeito dessa marca que a atriz carrega vale dizer que a mãe Melanie Griffith, também teve a carreira marcada pela sensualidade erótica em cena.
Só que no gibi Cassandra Webb é uma idosa cega (até já foi tornada jovem, mas, classicamente, é uma senhora cega e paralítica). Nesta aventura, que traz as origens da Teia (inclusive com citação à família Parker), a paramédica Cassie é uma jovem balzaquiana que, em um belo (ou não) dia, descobre que tem poderes de ver o futuro. E aí, em meio à nova habilidade, vai literalmente (pre)ver que o destino de três jovens aracnídeas (Garota-Aranha, Mulher-Aranha e Aracne) está em suas mãos.
A crítica especializada, em geral, torceu o nariz para o resultado nas telas da personagem, só concordando, em parte, que se o filme da diretora S.J. Clarkson não chega ao tom grandioso da Marvel (que tem derrapado ultimamente), pelo menos se eleva sobre Venom e (bom, este é até fácil de superar) Morbius, outros spin-offs do universo Marvel que, sinceramente, não mereciam solos.
Dakota Johnson até se sai bem (apesar de lhe faltar aquele ímpeto heroico) dentro das limitações do roteiro, ao lado das jovens atrizes Sydney Sweeney, Isabela Merced e Celeste O’Connor nos papéis das novas heroínas aracnídeas. E tem o vilão Ezekiel Sims (Tahar Rahim), que é o "mais" Aranha de todos.
Há também o comum senso de que faltou mais ação para um filme do Aranhaverso. Há diversão, aquela tênue tensão dramática meio brega e referências ao Aranha. Mas Madame Teia não consegue passar de “mais um” filme de super-herói sem grande brilho, ficando na prateleira do "mais do mesmo".
Bob Marley: One Love
Já Bob Marley: One Love, do diretor Reinaldo Marcus Green (o mesmo que retratou a família Williams das tenistas Serena e Venus em King Richard), cativa pela figura icônica de um cara que pregou paz, amor e música (embalando o mundo ao som do reggae) e virou estampa de camiseta com direito à sua touca/gorro (que segurava seus longos dreadlocks), cores da Jamaica e aquela “folhinha de sete pontas”.
O ator inglês Kingsley Ben-Adir (foto) cativa o público como Marley que na produção já aparece em meio ao sucesso mundial, na segunda metade dos anos 1970, alguns anos da sua morte (em 1981).
Em meio ao presente de uma Jamaica conturbada, o cantor/compositor vai tendo sua história contada de forma não linear, do tipo “nasceu, lutou, ficou famoso e morreu”.
O diretor resolveu - e aí um ponto positivo de criatividade - contar tudo em meio a uma espécie de reflexão de Marley sobre sua trajetória como pessoa, músico, religioso, enfim como um artista com seus defeitos e virtudes.
Ao seu lado, a mulher, Rita Marley, vivida por Lashana Lynch.
Apesar de meio superficial (o que é ruim, pois o legado de Bob Marley é tudo menos superficial), a produção não consegue se aprofundar na vida e mensagem do mito e do homem - aliás, o filme é até curto "demais" para uma história tão rica: são apenas 107 minutos.
One Love vai agradar os fãs como uma singela homenagem ao lendário rastaman, ainda que muito longe do tamanho da obra de Marley.
Clique e confira aqui os trailers de Bob Marley: One Love e Madame Teia