A animação Jonny Quest, que marcou uma geração, está virando sexagenária. Nestas seis décadas, ela originou dois remakes, uma linha de histórias em quadrinhos e até serviu para inspirar o nome de uma famosa banda de música pop brasileira. É um prato cheio para quem gosta de nostalgia pop ou televisiva.
Jonny Quest foi originalmente lançado pela produtora norte-americana Hanna-Barbera em setembro de 1964 e era direcionado a um público, principalmente, de meninos (quase não aparecem mulheres). Foram 26 episódios na primeira temporada, cada um com duração de 22 minutos.
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Jonny Quest era um garoto de 11 anos, filho de um cientista, Dr. Benton Quest. A mãe do menino havia morrido e ele era criado pelo pai, com auxílio de um agente das forças especiais designado pelo governo para proteger a família. Roger ‘Race’ Bannon, que era especialista em lutas e artes marciais, ensinava defesa pessoal ao garoto.
Completava a família um menino da mesma idade de Jonny, chamado Radji, que foi adotado durante uma viagem à Índia. O garoto usava turbante e túnica e conhecia truques mágicos, como desaparecimento e encantamento de cobras. Jonny tinha, ainda, um cachorro, chamado Bandit.
Aventuras tinham ficção científica, terror e espionagem
As histórias mesclavam vários elementos da literatura infantojuvenil, como ficção científica, espionagem, terror e aventuras marítimas. Uma das características do desenho era sua apresentação que evocava os filmes de aventura no cinema. A abertura trazia a família voando em um jato dirigido por Bannon, com os nomes de cada personagem aparecendo junto com sua imagem.
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No Brasil, a dublagem reforçava o caráter de cinema de aventuras, com uma narração introduzindo os personagens pelo nome e a frase de abertura “A Screen Gems orgulhosamente apresenta…”.
Em suas aventuras, a família enfrentou ameaças humanas, como espiões chineses ou do Oriente Médio, cientistas loucos e nazistas foragidos, mas também inimigos sobrenaturais ou de fantasia, como uma múmia ressuscitada e monstros alienígenas.
Um detalhe interessante era a dinâmica dos personagens. Os episódios acompanhavam principalmente Jonny e Radji, que junto com Bandit muitas vezes se envolviam em perigos ao fazer investigações por curiosidade, ou então eram raptados por vilões. Os dois adultos eram fortes figuras paternas, com o Dr. Quest personificando o pai sábio e profissional, e Roger Bannon representando uma figura benevolente, porém rígida, mas um parceiro em atividades lúdicas e esportes, além de protetor e homem de ação.
Realismo no traço e alguns estereótipos culturais
O traço de Jonny Quest original era realista, a cargo do desenhista Doug Wildey. A direção dos episódios era dos próprios criadores do estúdio, William Hanna e Joseph Barbera. A música de abertura, igualmente icônica, era de Hoyt Curtin, principal compositor da HB.
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Jonny Quest teve dois remakes. Em 1986 foi lançado o desenho As Novas Aventuras de Jonny Quest e, dez anos depois, em 1996, As Incríveis Aventuras de Jonny Quest. Houve, ainda, telefilmes de animação nos anos 1990. No Brasil, a banda Jota Quest teve seu nome inspirado no desenho.
Uma curiosidade da série original é que, criada nos anos 1960, hoje seria vista com reserva por educadores. Personagens como Radji tinham fortes estereótipos culturais, assim como alguns dos vilões alemães ou chineses. E a geografia não era muito fiel. Há um episódio no Brasil, ambientado na selva, em que os heróis eram perseguidos por nativos com trajes e armas africanos. E a fauna mistura África e Brasil.
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