Opinião
De volta aos anos 1980 com Aumenta Que é Rock'n'Roll
Filme conta a história da rádio Fluminense FM e do rock nacional oitentista com muita música e bom humor
Última atualização: 26/04/2024 19:01
Para quem gosta de fatos históricos, rádio, festa e rock nacional está estreando nos cinemas o filme Aumenta que é Rock’n’Roll, produção que fala sobre a criação da rádio Fluminense FM, a “Maldita”.
A emissora mudou de forma “porralouca”, criativa e até amadora e caótica (mas cheia de empolgação) a mesmice das rádios FM no início da década de 1980, colocando em cena grupos que marcariam uma década de muito rock em um Brasil que trocava os anos da ditadura pelos anos da abertura e das festas oitentistas que até hoje são tema de eventos por tudo que é canto.
O título é Aumenta Que é Rock'n'Roll, e não Aumenta que Isso é Rock’n’Roll (como já apareceu por aí), música que está no filme e é do saudoso e etílico Celso Blues Boy - que tive a honra de fazer show de abertura nos anos 1990, em Novo Hamburgo, na quase que igualmente "maldita" casa noturna Happy End, do querido Paulão.
Vale dizer que não se trata de um retrato totalmente fiel da história da rádio Fluminense FM, dividindo-se em fatos reais e outros criados para dar um molho especial à narrativa que, por si só, já é deliciosa pela set list que apresenta e também por alguns personagens famosos do cenário rock.
Com sede em Niterói, a Fluminense FM foi criada em 1972. No início da década de 1980, a rádio passava por uma crise e estava com os índices de audiência lá em baixo no dial carioca. Pouco sintonizada, a partir de 1982, em uma tentativa quase que do tipo "vamos ver no que vai dar", inovou para não fechar as portas e saltou do último lugar de audiência para o topo (vale dizer que por uns poucos anos, sendo engolida pela falta de visão nos anos que se seguiram - depois de muita luta, encerrou as atividades em 2005).
O filme traz a essência do que aconteceu no surgimento da Fluminense FM e, principalmente, o cenário no qual a rádio estava inserida esta empreitada, mas é livre adaptação com algumas romanceadas fora da história real.
A Onda Maldita
O ator Johnny Massaro encarna o personagem do jornalista Luiz Antonio Mello (seu livro A Onda Maldita é a inspiração para a produção) que encabeçou esta jornada da Fluminense FM, uma rádio que acabou colocando no cenário musical nacional bandas como Blitz (estopim da nova onda pelo País afora), Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Legião Urbana, Titãs, Ultraje, Ira e por aí vai uma longa lista de grupos que ainda reverberam seus grandes sucessos daqueles anos dourados.
Aliás, a trilha sonora é de uma cara que viveu intensamente esta revolução jovem oitentista, Dado Villa-Lobos, guitarrista da Legião. Ele caprichou no repertório que é recheado de grandes sucessos da época, de Você Não Soube Me Amar a Geração Coca-Cola, passando por Meu Erro e Pro Dia Nascer Feliz, com direito a Herbert, Cazuza, Renato Russo e por aí vai.
O filme usa de humor e relembra momentos marcantes daqueles anos 1980 marcados pela explosão do pop rock nacional, com bandas de nomes estranhos e até cômicos. E também traz momentos que marcaram a época, como cenas em que o pessoal da rádio ouve as músicas para tocar na programação ou até - quem fez parte de banda de rock viveu isso - quando algum integrante de uma banda traz uma fita K-7 para tocar o seu som na rádio (uma cena com um "imitador" do Evandro Mesquita é icônica neste sentido).
A direção é de Tomás Portela (de Qualquer Gato Vira-Lata e assistente direção de Ensaio Sobre a Cegueira e Meu Nome não é Johnny), que era um gurizinho - nem tinha dez anos de idade - na época do surgimento da rádio, mas que soube remontar os anos da redemocratização e de festa da juventude oitentista com todo o clima daqueles novos tempos. Tem espaço até para a criação do Rock in Rio que marcou o País em 1985.
Vale, antes de finalizar, lembrar que o Rio Grande do Sul também teve sua rádio rompedora de padrões, “tocando o que ninguém tocava”: a saudosa Ipanema, que, coincidentemente, tinha o mesmo número do dial da Fluminense (FM 94.9) e surgiu praticamente na mesma época, dando espaço ao rock gaúcho e às dezenas de bandas de garagem da época (até a banda na qual eu estava tocou na Ipanema nos anos 1980).
Aumenta Que é Rock’n’Roll é um filme que vai emocionar os nostálgicos e agradar quem gosta do pop rock nacional e não viveu aqueles anos, mas vive frequentando as festas e cantando os eternos hinos oitentistas. Então, aumenta que isso é rock'n'roll!
Confira aqui o trailer de Aumenta que é Rock’n’Roll.
A emissora mudou de forma “porralouca”, criativa e até amadora e caótica (mas cheia de empolgação) a mesmice das rádios FM no início da década de 1980, colocando em cena grupos que marcariam uma década de muito rock em um Brasil que trocava os anos da ditadura pelos anos da abertura e das festas oitentistas que até hoje são tema de eventos por tudo que é canto.
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A emissora mudou de forma “porralouca”, criativa e até amadora e caótica (mas cheia de empolgação) a mesmice das rádios FM no início da década de 1980, colocando em cena grupos que marcariam uma década de muito rock em um Brasil que trocava os anos da ditadura pelos anos da abertura e das festas oitentistas que até hoje são tema de eventos por tudo que é canto.