Que tal viajar sem sair do lugar? As férias chegaram e nem sempre é preciso se deslocar para outros locais fisicamente para poder vivenciar outras culturas, ou conhecer outros mundos. Afinal, não é uma das vantagens da cultura? O momento de relaxar casa perfeitamente com o dia do leitor, que será no domingo (7) e, para comemorar, que tal dar uma chance para novas leituras?
Infelizmente, a lista não comporta todos os países, mas nela há uma boa variedade de lugares para conhecer. Confira:
1. Gostaria que você estivesse aqui – Brasil
Sinopse: Nos início dos anos 1980, o Rio de Janeiro está prestes a virar palco de uma revolução musical e comportamental. O tempo é de instabilidade política, o tráfico se expande nas favelas e a epidemia de AIDS é um balde de água fria em quem acredita que a era de Aquário se aproxima. E é nesse cenário que, ao longo de dez anos, as vidas de Inácio, Baby, César, Selma e Rosalvo se entrelaçam. Inácio passou no vestibular para ser engenheiro como o pai, e sua única ambição é ficar com Baby.
Os planos caem por terra quando conhece César, produtor musical gay que o leva a uma mudança de carreira. Baby tenta decifrar o delicado equilíbrio entre atender o que a sociedade espera dela e construir uma vida com seus próprios meios. Mãe de César, Selma enfrenta o fim do casamento e um trágico diagnóstico para o filho. O paraibano Rosalvo constrói nova vida na Rocinha e se torna porteiro do edifício de Selma e César, enquanto tenta descobrir o assassino de Eloá, sua filha trans. “Gostaria que você estivesse aqui” é um romance sobre o fim da inocência e sobre enfrentar o mundo sem redes de proteção.
2. Ruína y leveza – América Latina
Sinopse: Quando se vê diante da perda de (supostas) certezas, uma jovem publicitária se lança em uma viagem sem objetivos claros e sem rota definida. Entre cidadezinhas arenosas do Peru e uma mina de estanho na Bolívia, ela atravessa fronteiras e se permite descobrir novos caminhos e pessoas, carregando na mochila um passado que ainda pesa.
4. Última Parada – Estados Unidos
Sinopse: Aos vinte e três anos, August Landry tem uma visão bastante cética sobre a vida. Quando se muda para Nova York e passa a dividir apartamento com as pessoas mais excêntricas ? e encantadoras ? que já conheceu, tudo o que quer é construir um futuro sólido e sem surpresas, diferente da vida que teve ao lado da mãe.
Até que Jane aparece. No vagão do metrô, em um dia que tinha tudo para ser um fracasso, August dá de cara com uma garota de jaqueta de couro e jeans rasgado sorrindo para ela. As duas passam a se encontrar o tempo todo e logo se envolvem, mas há um pequeno detalhe: Jane pertence, na verdade, aos anos 1970 e está perdida no tempo ? mais especificamente naquela linha de metrô, de onde nunca consegue sair.
August fará de tudo para ajudá-la, mas para isso terá que confrontar o próprio passado ? e, de uma vez por todas, começar a acreditar que o impossível às vezes pode se tornar realidade.
Obs: recomendado para maiores de 16 anos.
5. Como o Soldado conserta o gramofone – Ex-Iugoslávia, Bósnia e Herzegovina
Sinopse: No romance, Aleksandar vive numa pequena cidade da Bósnia. Seu passatempo preferido – e maior talento – é contar histórias. Habilidade herdada do avô e que nem sempre se afina com a entediante rotina escolar. Porém, quando a guerra destrói seu mundo, e Aleksandar se refugia com os pais no Sul da Alemanha, a sua imaginação assumirá um papel fundamental. Através das narrativas mirabolantes e fantasiosas irá preservar uma memória, enquanto transforma a sua terra perdida num território ficcional.
Um romance de excepcional exuberância – poético, trágico e cômico – Como o soldado conserta o gramofone fala de uma infância excepcional vivida em circunstâncias extraordinárias, sobre a perda brutal daquilo em que mais confiamos e sobre a crença indestrutível na narração. Porque nem todo o passado é suave, mas nem assim faz sentido que o deixemos esquecido.
6. Vozes de Tchernóbil – Ucrânia
Sinopse: Em 26 de abril de 1986, uma explosão seguida de incêndio na usina nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia – então parte da finada União Soviética -, provocou uma catástrofe sem precedentes em toda a era nuclear: uma quantidade imensa de partículas radioativas foi lançada na atmosfera da URSS e em boa parte da Europa. Em poucos dias, a cidade de Prípiat, fundada em 1970, teve que ser evacuada. Pessoas, animais e plantas, expostos à radiação liberada pelo vazamento da usina, padeceram imediatamente ou nas semanas seguintes.
Tão grave quanto o acontecimento foi a postura dos governantes e gestores soviéticos (que nem desconfiavam estar às vésperas da queda do regime, ocorrida poucos anos depois). Esquivavam-se da verdade e expunham trabalhadores, cientistas e soldados à morte durante os serviços de reparo na usina. Pessoas comuns, que mantinham a fé no grande império comunista, recebiam poucas informações, numa luta inglória, em que pás eram usadas para combater o átomo. A morte chegava em poucos dias. Com sorte, podia-se ser sepultado como um patriota em jazigos lacrados.
É por meio das múltiplas vozes – de viúvas, trabalhadores afetados, cientistas ainda debilitados pela experiência, soldados, gente do povo – que Svetlana Aleksiévitch constrói esse livro arrebatador, a um só tempo, relato e testemunho de uma tragédia quase indizível. Cenas terríveis, acontecimentos dramáticos, episódios patéticos, tudo na história de Tchernóbil aparece com a força das melhores reportagens jornalísticas e a potência dos maiores romances literários. Eis uma obra-prima do nosso tempo.
7. Catarina, A Grande – Retrato de uma mulher – Rússia
Sinopse: Uma obscura princesa alemã é levada para a Rússia aos 14 anos de idade para casar-se com Pedro III, herdeiro do trono. Prisioneira de um casamento infeliz, Catarina conduz um golpe que irá depor o marido, além de levá-la à coroação, dando o primeiro passo para entrar na história como uma das mais poderosas e marcantes personalidades femininas de todos os tempos. Dona de uma mente brilhante e de uma curiosidade insaciável, Catarina governou por 34 anos, desvendando os mistérios e intrigas da corte. Grande leitora dos pensadores iluministas, manteve uma correspondência com Voltaire e buscou pôr em prática os ideais de um despotismo benevolente, como pregava Montesquieu. Enfrentou rebeliões domésticas, guerras e as mudanças políticas que culminaram na Revolução Francesa.
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Catarina foi determinante na modernização do império russo, na promoção das artes, no ensino e no alargamento de fronteiras. Sua família, amigos, damas de companhia, inimigos e diversos amantes são vivamente retratados nesta biografia, assim como as amarguras do casamento com Pedro, mais interessado em brinquedos e fardas do que na mulher, que por nove anos permaneceu intocada por ele. Historiador e pesquisador, Robert K. Massie soma anos de dedicação à história russa. Famoso pela biografia de Nicolau e Alexandra, os últimos Romanov, neste livro ele revela passagens dos diários e de cartas da czarina, pintando um retrato fascinante de Catarina, a Grande. Vencedor do Prêmio Pen/Jacqueline Bograd Weld 2012 de melhor biografia.
8. Herdeiras do Mar – Coreias e Japão
Sinopse: Quando Hana nasceu, a Coreia já estava sob ocupação japonesa, e por isso a garota sempre foi considerada uma cidadã de segunda classe, com direitos renegados. No entanto, nada diminui o orgulho que tem de sua origem. Assim como sua mãe, Hana é uma haenyeo, ou seja, uma mulher do mar, que trabalha por conta própria seguindo uma tradição secular. Na Ilha de Jeju, onde vivem, elas são as responsáveis pelo mergulho marinho ? uma atividade tão perigosa quanto lucrativa, que garante o sustento de toda a comunidade.
Como haenyeo, Hana tem independência e coragem, e não há ninguém no mundo que ela ame e proteja mais do que Emi, sua irmã sete anos mais nova. É justamente para salvar Emi de um destino cruel que Hana é capturada por um soldado japonês e enviada para a longínqua região da Manchúria.
A Segunda Guerra Mundial estava em curso e, assim como outras centenas de milhares de adolescentes coreanas, Hana se torna uma “mulher de consolo”: com apenas dezesseis anos, ela é submetida a uma condição desumana em bordéis militares. Apesar de sofrer as mais inimagináveis atrocidades, Hana é resiliente e não vai desistir do sonho de reencontrar sua amada família caso sobreviva aos horrores da guerra.
Em Herdeiras do mar, Mary Lynn Bracht lança mão de uma narrativa tocante e inesquecível para jogar luz sobre um doloroso capítulo da Segunda Guerra Mundial ainda ignorado por muitos.
9. Minhas viagens com Heródoto – China, Índia e Grécia
Sinopse: Numa linguagem vívida e plena de humor, o autor de Imperium conta como se viu, no início da carreira, lançado a locais remotos e indecifráveis, como a Índia e a China, contando apenas com rudimentos da língua inglesa e trabalhando sob condições precárias para órgãos estatais do governo totalitário polonês.
Como guia e refúgio espiritual, o jornalista levava consigo o clássico História, do grego Heródoto de Halicarnasso, escrito no século V a.C. Nele, Kapuscinski encontrou a inspiração que iria motivar toda a sua carreira: o desejo de viajar pelo mundo e contar o que via. Heródoto, até hoje considerado o “pai da história”, teria sido também, segundo ele, autor da “primeira grande reportagem da literatura mundial”, relatando os fatos e costumes da vida dos povos “bárbaros” que visitava, enfrentando penosas viagens.
Mais que consolo e distração, as narrativas de Heródoto dão ao autor a convicção de que o conhecimento de outros povos e culturas serve como espelho para que conheçamos melhor a nós mesmos. São também um aprendizado de tolerância, um elogio da diferença, uma crítica ao nacionalismo xenófobo que tanto sofrimento e destruição tem causado à humanidade.
10. O Livreiro de Cabul – Afeganistão
Sinopse: Campeão nas listas de mais vendidos em todo o mundo, traduzido para quarenta países, O livreiro de Cabul foi considerado pela crítica um dos melhores livros de reportagem sobre a vida afegã depois da queda do Talibã. Após conviver três meses com o livreiro Sultan Khan, em Cabul, a jornalista norueguesa Åsne Seierstad compôs este retrato das contradições extremas e da riqueza daquele país.
Por mais de vinte anos, Sultan Khan enfrentou as autoridades para prover livros aos moradores de Cabul, e assistiu aos soldados talibãs queimarem pilhas e pilhas de livros nas ruas. Por meio de uma narrativa envolvente, Åsne Seierstad dá voz à família Khan, apresentando ao leitor uma coleção de personagens comoventes que reflete as contradições do Afeganistão.
11. O Mapa de Sal e Estrelas – Síria
Sinopse: Primeiro Nour perdeu o pai. Depois, a casa onde sempre viveu. Reside agora na cidade de Homs, na Síria, para onde a mãe se mudou para ficar mais perto da família. Mas quando um ataque quase as mata, elas são obrigadas a escolher: ficar e arriscar a vida todos os dias, ou fugir novamente. Infelizmente, até a fuga tem os seus perigos e apenas as memórias de sua casa dão esperança a Nour para continuar a caminhar. Oitocentos anos antes, a jovem Rawiya sabe que tem de fazer alguma coisa para ajudar a sua mãe viúva. Ansiosa por ver o mundo, disfarça-se de rapaz e torna-se aprendiz de um cartógrafo a quem foi atribuída a tarefa de criar um mapa do mundo. Rawiya embarca numa viagem épica onde encontra monstros míticos e figuras históricas reais.
Abraçando as ricas culturas do Médio Oriente e do Norte de África, O Mapa de Sal e Estrelas segue a jornada de Nour e Rawiya à medida que percorrem caminhos idênticos, enfrentando o desconhecido e apenas guiadas pelo desejo de finalmente chegarem a casa.
12. Menino mamba-negra – Iêmen e Somália
Sinopse: Áden, Iêmen, 1935. Uma cidade vibrante, viva, cheia de perigos ocultos. E lar de Jama, um garoto de dez anos que se vê sozinho no mundo após a morte inesperada de sua mãe. Para chegar na Somália, terra natal de seus ancestrais nômades, o menino cruza o Mar Vermelho. A guerra está no horizonte e as forças fascistas italianas que controlam partes da África Oriental estão se preparando para a batalha, mas Jama não pode descansar até descobrir se o pai, ausente de sua vida desde que ele era bebê, está vivo em algum lugar. Assim começa uma jornada épica que levará Jama ao norte através de Djibouti, Eritreia e Sudão, países devastados pela guerra, até chegar ao Egito. De lá, a bordo de um navio transportando refugiados judeus recém libertos dos campos de concentração, o garoto segue através dos mares para a Grã-Bretanha. Esta história da longa caminhada de um garoto em busca de liberdade também é a história de como a Segunda Guerra Mundial afetou a África e seu povo; uma história sobre sentir-se deslocado e, no fim, encontrar-se novamente.
13. O sol mais brilhante – Quênia
Sinopse: Leona, uma antropóloga americana, dá à luz em um vilarejo massai do Quênia e precisa decidir se quer ou não ser mãe. Jane, a solitária esposa de um funcionário da embaixada dos EUA, segue seu marido e vê como a vida pode ser frágil no continente africano. Simi, uma mulher massai, precisa confrontar sua infertilidade em uma sociedade em que as mulheres são valorizadas apenas como reprodutoras. No livro, essas três mulheres tão diferentes entre si enfrentam a maternidade, encaram tragédias e amadurecem diante das dificuldades da existência humana.
Ryszard Kapuscin