OPINIÃO
Colin Preto e Branco: uma série necessária que vai fazer você se emocionar e aprender
Esta produção, que conta a história do ex-jogador de futebol americano Colin Kaepernick, é uma aula sobre racismo estrutural
Última atualização: 05/03/2024 10:47
Sem spoilers
Outro dia, almoçando com o colega e editor de esportes do Jornal NH, Jorge Grimaldi, surgiu o assunto racismo estrutural e junto uma dica de série, Colin Preto e Branco, que, conforme ele reforçou, aborda o tema como poucas vezes já vistas na tela.
Sugestão dada, fui correndo para me redimir, pois a produção disponível na plataforma Netflix é de 2021. E valeu muito. Trata-se de uma minissérie biográfica, com seis episódios, sobre o ex-jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que em 2016 – como atleta do San Francisco 49ers – protestou veemente contra a violência à comunidade negra nos Estados Unidos. Ele se ajoelhava durante o hino nacional antes dos jogos e sua atitude o tornou uma voz importante na luta dos afroamericanos pelos seus direitos. Ao mesmo tempo, virou alvo de boicotes, de críticas e ofensas de conservadores, incluindo o ex-presidente Donald Trump.
Criada e dirigida por Ava DuVernay, diretora de Selma: Uma Luta pela Igualdade, de 2014, a história é contada a partir do relato do próprio Colin sobre sua vida, da adolescência até o início da carreira como astro do esporte. É ele quem aparece na tela, como uma espécie de âncora/apresentador, introduzindo e trazendo reflexões sobre cada momento de sua juventude.
A apresentação é intercalada com cenas do jovem Colin, interpretado magistralmente pelo ator Jaden Michael. Quando garoto, ele vivia no estado do Wisconsin, com seus pais adotivos brancos. E aos poucos foi entendendo o racismo estrutural ao redor, desde a necessidade de se esforçar mais do que os outros para conseguir espaço no time até ser confundido com um criminoso só por causa da cor da pele e do corte de cabelo. Por sinal, o esforço do adolescente também é uma lição universal sobre resiliência.
A angústia vivida é marcada em seu semblante triste, ultrapassando a tela e chegando a nossa frente como um tapa na cara, gerando sentimentos de comoção e raiva por saber que não se trata de ficção. É algo real, um padrão de comportamento nocivo e ainda difundido por todos os lados. Pessoas negras conhecem bem esse cenário, e brancos – se conscientes – vão lembrar de algum momento de suas vidas no qual contribuíram para a continuidade do racismo explícito ou velado.
Cada capítulo dá destaque a uma parte das experiências de Colin, inserindo itens como microagressão racial, a cultura "negro dócil" e a obrigação de seguir as regras dos brancos. Tudo vai sendo contextualizado por Colin, mostrando imagens reais e históricas, além de gráficos com estatísticas, confirmando que nada daquilo é exagero.
Colin Preto e Branco é uma aula sobre racismo e dá ênfase à necessidade de falarmos mais sobre essa ferida.
Assista ao trailer:
Sem spoilers
Outro dia, almoçando com o colega e editor de esportes do Jornal NH, Jorge Grimaldi, surgiu o assunto racismo estrutural e junto uma dica de série, Colin Preto e Branco, que, conforme ele reforçou, aborda o tema como poucas vezes já vistas na tela.
Sugestão dada, fui correndo para me redimir, pois a produção disponível na plataforma Netflix é de 2021. E valeu muito. Trata-se de uma minissérie biográfica, com seis episódios, sobre o ex-jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que em 2016 – como atleta do San Francisco 49ers – protestou veemente contra a violência à comunidade negra nos Estados Unidos. Ele se ajoelhava durante o hino nacional antes dos jogos e sua atitude o tornou uma voz importante na luta dos afroamericanos pelos seus direitos. Ao mesmo tempo, virou alvo de boicotes, de críticas e ofensas de conservadores, incluindo o ex-presidente Donald Trump.
Criada e dirigida por Ava DuVernay, diretora de Selma: Uma Luta pela Igualdade, de 2014, a história é contada a partir do relato do próprio Colin sobre sua vida, da adolescência até o início da carreira como astro do esporte. É ele quem aparece na tela, como uma espécie de âncora/apresentador, introduzindo e trazendo reflexões sobre cada momento de sua juventude.
A apresentação é intercalada com cenas do jovem Colin, interpretado magistralmente pelo ator Jaden Michael. Quando garoto, ele vivia no estado do Wisconsin, com seus pais adotivos brancos. E aos poucos foi entendendo o racismo estrutural ao redor, desde a necessidade de se esforçar mais do que os outros para conseguir espaço no time até ser confundido com um criminoso só por causa da cor da pele e do corte de cabelo. Por sinal, o esforço do adolescente também é uma lição universal sobre resiliência.
A angústia vivida é marcada em seu semblante triste, ultrapassando a tela e chegando a nossa frente como um tapa na cara, gerando sentimentos de comoção e raiva por saber que não se trata de ficção. É algo real, um padrão de comportamento nocivo e ainda difundido por todos os lados. Pessoas negras conhecem bem esse cenário, e brancos – se conscientes – vão lembrar de algum momento de suas vidas no qual contribuíram para a continuidade do racismo explícito ou velado.
Cada capítulo dá destaque a uma parte das experiências de Colin, inserindo itens como microagressão racial, a cultura "negro dócil" e a obrigação de seguir as regras dos brancos. Tudo vai sendo contextualizado por Colin, mostrando imagens reais e históricas, além de gráficos com estatísticas, confirmando que nada daquilo é exagero.
Colin Preto e Branco é uma aula sobre racismo e dá ênfase à necessidade de falarmos mais sobre essa ferida.
Assista ao trailer:
Outro dia, almoçando com o colega e editor de esportes do Jornal NH, Jorge Grimaldi, surgiu o assunto racismo estrutural e junto uma dica de série, Colin Preto e Branco, que, conforme ele reforçou, aborda o tema como poucas vezes já vistas na tela.