“Come as you are, as you were, As I want you to be (venha como você é, como você era, como eu quero que você seja)…”
A canção de Kurt Cobain que ganhou o mundo em 1991 com o disco Nevermind bem que poderia iniciar o hino do recém-lançado partido norte-americano Cascade, liderado pro ninguém menos que Krist Novoselic, baixista e cofundador (ao lado de Kurt) da icônica banda norte-americana Nirvana, que tinha ainda o baterista Dave Grohl (Foo Fighters).
De terno e gravata, com uma imagem bem comportada, Krist Novoselic lançou seu partido político Cascade, que no início deste mês realizou pré-convenção para eleger o músico como seu candidato à Casa Branca, em 5 de novembro deste ano, em formalidade necessária para a legalização partidária.
Foto: Divulgação/reprodução
Em entrevista à KOMO-TV (estação de televisão em Seattle, Washington, Estados Unidos, afiliada à ABC), Novoselic explicou que o partido não faz parte das ideologias democratas e republicanas. “Não é apenas um partido convencional. Estamos tentando fazer algo diferente, estamos tentando ser seminais, estamos tentando abrir um novo caminho.”
A ideia do cofundador do Nirvana é dar aos americanos um partido diferenciado, sem extremismos. Novoselic é conhecido pelo seu posicionamento político. Há quase 30 anos, logo após o fim do Nirvana, fundou em 1995, em Washington, a Joint Artists and Music Promotions Political Action Comittee, comitê que lutava por uma política social voltada para a cena musical, defendendo direitos dos músicos e artistas fins.
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O músico já defendia, em 2004, em seu livro Of Grunge and Government: Let’s Fixs This Broken Democracy! (Do Grunge ao Governo: Vamos Consertar esta Democracia Quebrada), que os EUA necessitavam urgentemente de profundas reformas eleitorais que dessem ao povo mais opções de escolha na hora de votar, e não só ficar entre as indicadas por republicanos ou democratas.
30 anos sem o Nirvana
O lançamento do partido de Novoselic se dá curiosamente 30 anos após o fim do Nirvana, que chegou a seu inevitável final em abril de 1994, com a morte de Kurt Cobain. Novoselic chegou a afirmar que o Nirvana espelha objetivos de seu novo partido, já que o grupo defendia alguns temas nos anos 1990, como causas feministas e LGBTs.
Foto: Divulgação
Novoselic já atuou no partido Democrata, até 2009, mas em entrevista à revista Rolling Stone, anos atrás, explicou que saiu porque estava desiludido com a forma de atuação partidária.
Apesar de já ter, algumas vezes, falado em se candidatar a cargos políticos, Novoselic nunca foi tão em frente como agora. Ele já afirmou que pretende realizar convenções e até criou uma nova banda, a Bona Fide, para dar suporte à campanha.
“Precisamos obter mil assinaturas válidas para nos qualificarmos como um partido, então esses shows são realmente convenções políticas, mas não haverá quase nenhum discurso do palco. Não vamos subir lá e atrapalhar as pessoas com um monte de retórica. Basicamente, assine a petição se quiser ver um novo partido no Estado de Washington”, ressaltou.
Requisitos
Para legitimar um partido político nos Estados Unidos, além das assinaturas, é preciso ter um candidato a presidente. Mas, apesar de estar se lançando à Presidência, ele explica que eleger ele à Casa Branca não é o objetivo do Cascade.
“As regras dizem que precisamos ter uma chapa presidencial, mas estamos determinados a não estar na cédula de 2024 e, se isso for adiante, temos tudo alinhado porque não há autoridade estatuária para essa regra”, afirma.
Na semana passada já ocorreu a primeira apresentação de Bona Fide. Foi no dia 20, em Seattle. E no sábado (22), o grupo tocou em Aberdeen (cidade onde Kurt nasceu e o Nirvana foi criado em 1987), no festival Make Music Day. A banda do “senhor presidente” Novoselic tem ainda Mark Pickerel, Kathy Moore, Jennifer Johnson e Jillian Raye no palco.
Se o Cascade e o Bona Fide terão sucesso ainda não se sabe, mas, como diz a icônica canção nirvânica Smells Like a Teen Spirit, “here we are now, entertain us (aqui estamos agora, entretenha-nos)”.