O amor está no ar

Casamenteiro: Dono de lancheria testemunha mais de 100 casamentos em dois anos em Novo Hamburgo

O empresário, que é figurinha carimbada em um cartório de Novo Hamburgo, conta que durante dois anos testemunhou até dois casamentos por semana

Publicado em: 12/06/2024 14:11
Última atualização: 12/06/2024 14:12

Um paulista, morador de Estância Velha, já serviu de testemunha para mais de 100 casamentos em Novo Hamburgo. Além disso, o "casamenteiro" mais famoso da região já ajudou até a evitar divórcio.


Sérgio Ferrari foi proprietário de uma lancheira em frente a um cartório, em Novo Hamburgo Foto: Gabriel Stöhr/GES-Especial

O dono desses números impressionantes é o empresário Sérgio Ferrari, de 55 anos. Nascido em São Paulo capital, Sérgio rodou por toda a América Latina como missionário, até que conheceu o RS em 1994 e decidiu se estabelecer em Estância Velha.

Ele chegou ao Estado com seu filho mais velho, Diogo Ferrari, que hoje tem 34 anos e é fruto de um relacionamento ainda em São Paulo.

Já em terras gaúchas, conheceu a esposa Lisiani Ferrari, 52 anos. “Deus me abençoou com o casamento, ou melhor, nosso primeiro beijo, que é nossa data, 5 de maio de 2002”, relembra o paulista.

Sérgio e Lisiani tiveram mais dois filhos por aqui. Ana Giuliana Ferrari, de 20 anos, e o caçula, João Pedro, de 9.

Depois de trabalhar em diversas áreas, em meados de 2020, Sérgio decidiu abrir uma lancheria. Daí a proximidade com os casamentos. O Cantinho do Lanche Paulista foi inaugurado em frente ao cartório da Rua Confraternização, em Novo Hamburgo.

"Alguns casais não sabem que precisam trazer duas testemunhas, aí o pessoal do cartório, que já me conhece, vem aqui e me chama", diz o empresário. Ele conta que durante cerca de dois anos testemunhou até dois casamentos por semana, totalizando mais de 100 durante o período.

Sérgio, que é cristão, diz que fica “feliz em poder abençoar os casais". Ele vê que através da sua fé pode depositar algo positivo sobre os casamentos, em um momento em que, segundo ele, os relacionamentos estão cada vez menos duradouros.

Casamenteiro e reconciliador

Ele lembrou que durante uma manhã de trabalho se deparou com um homem e uma mulher chorando sentados a uma mesa, em sua lancheria.

Ele relata que não queria se “intrometer” no problema do casal, mas sentiu que poderia ajudar. Segundo Sérgio, eles mostraram os papéis do divórcio e contaram que iriam romper o relacionamento por conta de uma pressão familiar. A mulher era vítima de racismo pela família do marido. Para interromper as agressões, o casal havia decidido se separar.

Sérgio lembra que motivou o casal. Ele reforçou que o relacionamento deles tinha que ser mais forte que aquela adversidade e que, se necessário, deveriam focar na família que eles estavam construindo, e não nos familiares que eram contra o relacionamento.

Sérgio garante que o discurso foi decisivo e representou um novo início para o casal, que desistiu divóricio.

Fim de um ciclo

Apesar de se mostrar muito contente com a lancheria e com a chance que tem de testemunhar os casamentos, Sérgio teve que fechar o estabelecimento no final de maio.

Em quatros anos no local, o empresário enfrentou a pandemia da Covid-19 e dois assaltos em que levaram boa parte do que tinha na loja. Durante o período, após o primeiro ato de vandalismo até o encerramento dos trabalhos, Sérgio teve que começar a passar as noites na lancheria para fazer a segurança por contra própria.

Além disso, após os eventos climáticos que atingiram a região nas últimas semanas, o empresário conta que perdeu boa parte dos fornecedores, que foram atingidos diretamente pelas enchentes. Diante desse cenário, ele não conseguiu manter o estabelecimento.

Mesmo assim, o homem de 55 anos se mostra otimista e procura por um novo emprego enquanto aproveita o tempo com a família. Ele vê que esse fim de ciclo pode ser um novo recomeço.

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