REUMATOLOGIA

Sem tratamento preventivo, crises de gota podem ser mais intensas

Acúmulo de ácido úrico no organismo está relacionado às causas das crises de gota

Publicado em: 07/11/2024 17:15
Última atualização: 07/11/2024 17:16

Predominante em homens a partir dos 40 anos, a gota é uma doença inflamatória que ataca as articulações. A doença costuma se manifestar, na maioria dos casos, em decorrência da alta concentração de ácido úrico no organismo. É considerado elevada a concentração de ácido úrico valores acima de 6,8 mg/dL de sangue. A gota provoca crises de dores agudas. Quando a causa da doença não é tratada, as crises passam a ocorrer em intervalo de tempo menor ao longo dos anos.


Gota é uma doença reumática caracterizada por crises de dor intensa nas articulações, geralmente começa pelo dedão do pé Foto: Adobe Stock

"A doença é condicionada por uma série de características que culminam em que a produção de ácido úrico seja maior que excreção do ácido úrico. Isso faz com que o ácido úrico permaneça no organismo e com o passar o tempo, esse material se deposita em tecidos fora do sangue. Pode ficar num tecido subcutâneo ou nos rins, por exemplo", explica o médico Luís Eduardo Coelho Andrade, reumatologista e imunologista do Grupo Fleury, detentor do Weinmann no Rio Grande do Sul.


Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade, reumatologista e imunologista do Grupo Fleury Foto: Divulgação

Andrade acrescenta que a gota se caracteriza pela formação de cristais resultantes do ácido úrico. "São microcristais em forma de agulha. Olhando na luz polarizada do laboratório, é possível observar que esse cristal brilha como diamante", compara. A presença desses cristais nos tecidos acarreta uma inflamação aguda e forte. Normalmente começa no dedão do pé, mas também pode ocorrer em outras articulações do corpo.

Crises causam dores agudas e exigem cuidado

"É uma artrite muito violenta. É a mais violenta. Geralmente, a pessoa acorda no meio da noite, e não tolera nem o lençol sobre a parte do corpo afetada", detalha o Andrade. A crise dura em torno de quatro dias. "Durante a crise o tratamento é com anti-inflamatórios, corticosteroides e também um medicamento conhecido como colchicina."

No entanto, o médico ressalta que é preciso que o paciente faça também um tratamento preventivo, que inclui medicação para controle do ácido úrico, adoção de uma dieta adequada e, em alguns casos, até mudanças no estilo de vida.

"Se a gota não for tratada, com o passar o tempo, o período entre as crises vai diminuir, elas vão ficar mais frequentes, e o período de dor vai aumentar. Se não tratar a gota, torna-se uma doença crônica. Pode atacar outros locais e até se tornar poliarticular (numa crise atacar várias articulações).

Tratamento da gota deve ser especialista

Passada a crise, o recomendado é o paciente procurar orientação médica. Descobrir o nível de ácido úrico no sangue para poder controlá-lo. Uma das maneiras de controlar a doença é por meio da utilização de medicamentos que inibem a formação de ácido úrico, mas também há tratamentos que promovem a maior excreção do ácido úrico pela urina. É o médico que decide qual a melhor conduta, conforme o exame do paciente.

"Quando há muito acúmulo de ácido úrico, o risco de eliminar pela urina é criar cálculo de ácido úrico", salienta. Uma das formas de evitar o acúmulo de ácido úrico é a ingestão abundante de água. "Dois litros de água é uma média basal que toma como padrão, mas o indicado é que a pessoa beba água o suficiente para que a urina fique clarinha", sugere o médico.

A ingestão de água é um fator adjuvante no tratamento da gota. Isso quer dizer que ajuda, assim como a dieta, mas não resolve sozinha. "É importante que procure o médico, e o profissional indicado é o reumatologista. Que vai avaliar todas as outras complicações que possam estar associadas."

Dieta adequada contribui para evitar crises

Existe uma série de alimentos que devem ser evitados por pessoas que sofrem de gota. São aqueles alimentos ricos em purina, um tipo de proteína que favorece a síntese de ácido úrico. A recomendação da nutricionista clínica Juliana Dragone é de que pacientes gotosos evitem carnes como vitela, bacon, cabrito, carneiro, embutidos e porco. Miúdos como fígado, língua, coração e rim também devem ficar longe do cardápio. Peixes e frutos do mar também devem ficar de fora, assim como temperos processados caldo de carne em tabletes e molhos e extratos de tomate. Bebidas alcoólicas, principalmente, a cerveja devem ser evitadas.

No entanto, há alimentos que devem estar na dieta, pois ajudam na redução do ácido úrico. São eles: leite desnatado, queijo branco e ricota. "Aproximadamente 3 litros de água por dia para aumentar a excreção de ácido úrico e reduzir possibilidade de cálculo renal", recomenda a nutricionista.

 

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