SAÚDE

Saiba o que pode ter contribuído para o aumento da cobertura vacinal infantil no RS em 2023

Em 2022, dados mostravam que a taxa de vacinação infantil no Brasil sofria uma queda brusca

Publicado em: 05/01/2024 16:52
Última atualização: 05/01/2024 16:54

Dados recentes do Ministério da Saúde revelam um aumento na cobertura das oito vacinas recomendadas no calendário infantil para crianças de um ano de idade no Rio Grande do Sul durante o ano de 2023, em comparação com o ano anterior. O destaque vai para os números da pneumocócica, que saltaram de 72,7% em 2022 para 78,8% em 2023.

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Melissa tem um mês e já tomou as primeiras vacinas Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Os índices, no entanto, são preliminares, uma vez que correspondem ao período de janeiro a outubro de 2023, comparados com todo o ano de 2022. As coberturas da DTP (difteria, tétano e coqueluche) no também aumentaram no Estado, com taxas que passaram de 72,7% para 76,2% no ano passado. O mesmo ocorreu com as vacinas de hepatite A (76,4% para 79,8%), e meningocócica (78,7% para 80,5%), poliomielite (74% para 76,9%), e da varicela (74,5% para 76,6%).

Últimos anos foram de índices negativos históricos

Em 2022, dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostraram que a taxa de vacinação infantil no Brasil sofria uma queda brusca, caindo de 93,1% para 71,49%, o deixando entre os dez países com menor cobertura vacinal do mundo. A pandemia de Covid-19 foi um dos motivos para o agravamento.

No ano anterior, o Brasil já havia atingido a menor cobertura vacinal geral em 20 anos, conforme o Observatório da Atenção Primária à Saúde da associação civil sem fins lucrativos Umane, divulgado pela Agência Brasil. Naquele ano, a média nacional ficou em 52,1%.

De acordo com o Observatório, de 2001 a 2015, a média nacional se manteve acima dos 70%, mas diminuiu para 59,9% em 2016 e vem caindo desde 2019 (73%). O patamar preconizado pelo Ministério da Saúde é de 95%.

Campanhas de vacinação contribuíram para recuperar imunização

No entanto, campanhas realizadas pelas secretarias municipais, aliadas ao Ministério da Saúde tem alavancado os índices novamente. Em Novo Hamburgo, ações como o Ônibus da Saúde, horário estendido de atendimento das unidades de saúde, busca ativa nas escolas, ponto de vacinação no shopping, e campanha de multivacinação foram fatores que elevaram a vacinação em 20,30%.

A moradora do bairro Operário, Daniela Sueli da Silva, 35 anos, é mãe da pequena Melissa, de um mês de vida, e de outros dois meninos, de 6 e 8 anos. A pequena já recebeu as vacinas de Hepatite B e BCG, e agora aguarda chegar aos dois meses para tomar as próximas imunizações. “É muito importante manter as vacinas atualizadas, sempre trago os meus mais velhos também para ver se está tudo em dia”, comenta a mãe.

Melissa tem um mês e já tomou as primeiras vacinasDário Gonçalves/GES-Especial
Daniela mostra a carteirinha de vacinação em diaDário Gonçalves/GES-Especial
Daniela com a filha MelissaDário Gonçalves/GES-Especial

Da mesma forma, em Canoas, que saltou de 59,94% para “mais de 80%”. Conforme a enfermeira responsável pela imunização na cidade, Luciane Godoi Brum, o trabalho de convencimento realizado com as unidades de saúde, pelo microplanejamento dentro de cada região, principalmente em áreas mais vulneráveis, como a realização de vacinas extramuro na região da Barca e bairro Fátima foram fundamentais.

O trabalho de promover o aumento da cobertura vacinal é realizado também dentro das unidades de saúde de Sapiranga, onde os índices aumentaram cerca de 22%. “Sabe-se que houve um aumento na resistência dos pais em relação às vacinas nos últimos anos e ao analisar os dados atuais, nota-se que houve uma melhora significativa. Porém, ainda há necessidade de buscar o percentual estipulado de 95%”, diz a prefeitura.

Em Dois Irmãos, o aumento superior a 61% de doses aplicadas pode ser atribuído à abertura das salas de vacina no horário do trabalhador (uma vez por semana, o funcionamento vai até às 19h30); abertura da sala de vacinas na Unidade de Saúde Navegantes; ações nas escolas com revisão das carteirinhas e ofertas de imunizantes no horário de saída das EMEI’s; além de divulgação em carro de som, redes sociais e evento com personagens e brinquedos infláveis no Dia D.

Ainda na região, desde maio de 2020, as unidades de saúde de Campo Bom passaram a conferir as carteiras de vacina e realizar a vacinação nas escolas. No ano passado, desde março, foram executadas 70 ações de vacinação no âmbito escolar, com aproximadamente 538 doses de vacinas aplicadas. “Muitos pais desconhecem a importância da vacinação contra essas doenças, por isso as campanhas de conscientização são fundamentais para desmistificar as vacinas”, informou a SMS, que também registrou aumento significativo na vacinação contra o HPV (Papiloma vírus humano) e contra a meningite ACWY.

Aumento foi registrado em todo o Brasil

A nível nacional, oito vacinas recomendadas do calendário infantil apresentaram aumento nas coberturas vacinais. Para as crianças com um ano de idade, os imunizantes contra hepatite A, poliomielite, pneumocócica, meningocócica, DTP (difteria, tétano e coqueluche) e tríplice viral 1ª dose e 2ª dose (sarampo, caxumba e rubéola) registraram crescimento, assim como na cobertura da vacina contra a febre amarela, indicada aos nove meses de idade.

O resultado, de acordo com o Ministério da Saúde, aponta para a reversão da queda dos índices vacinais que o Brasil enfrenta há cerca de 7 anos, mesmo sem contar todo o ano de 2023. “O avanço é fruto do planejamento multiestratégico adotado desde o início da gestão - com o lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, a adoção do microplanejamento, o repasse superior a R$ 151 milhões para ações regionais nos estados e municípios e o lançamento do programa Saúde com Ciência”, diz o Ministério.

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