Após a morte da jovem Lívia Gabriela da Silva Matos, de 19 anos, o nome Saco de Douglas ganhou os holofotes. O atestado de óbito de Lívia afirma que ela morreu após ter sofrido um corte no fundo da região, na área genital. Mas, afinal, o que é isso? E por que tem esse nome?
O fundo do Saco de Douglas é uma reflexão da mucosa, revestindo todo o canal vaginal e o peritônio visceral, ou seja, que cobre as vísceras internamente, como o intestino. Ela fica entre o intestino e o útero, conforme explica Camila Corvelo, ginecologista e obstetra do Hospital Regina.
Por ser apenas um ponto de localização anatômico, ele não tem uma função específica.
Por que tem esse nome?
O nome foi dado por um anatomista escocês, James Douglas (1675-1742). A primeira vez que o termo apareceu foi em 1730, ao publicar o livro “Descrição do Peritônio e daquela parte da Membrana Cellularis que fica em sua parte externa, com um relato da verdadeira situação de todas as vísceras abdominais”.
O peritônio é a membrana que reveste o interior do abdômen e todos os órgãos que ele contém.
O caso
A jovem estava em um encontro com o jogador do sub-20 do Corinthians Dimas Cândido de Oliveira Filho quando desmaiou durante o ato sexual. Ele viu o sangue na região íntima de Lívia e chamou o Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (Samu). Já no Hospital Tatuapé, ela teve quatro paradas cardíacas, perdeu muito sangue e não resistiu.
O caso foi registrado como morte suspeita e o inquérito é conduzido pela 5ª Delegacia da Defesa da Mulher. A Polícia Civil continua investigando a ocorrência.
A ruptura
Por conta do peritônio, o Saco de Douglas é muito vascularizado, o que faz com que uma ruptura possa causar um sangramento intenso.
Lesões nas paredes vaginais não são consideradas incomuns, principalmente por ficar na parte posterior. Segundo Corvelo, não é necessário que haja uso de objetos pontiagudos, mas a fricção da relação, se a mulher está lubrificada o suficiente e até a posição em que o pênis entra ou a força, podem causar uma ruptura no local.
O tratamento se dá por meio cirúrgico e não é tão complicado, mas Corvelo alerta que a dificuldade está na identificação do corte.
Identificar na hora da relação que houve um corte no local. Como há uma grande chance de ocorrer sangramento, caso haja uma ruptura, o indicado é que a pessoa vá para uma emergência ginecológica o mais rápido possível, onde poderá ser examinada e tratada.
No caso de Lívia, ainda não há como saber o que pode ter causado a lesão apenas com o atestado de óbito. O corpo foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) para que exames complementares sejam feitos.
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