O momento de abrir os ovos de Páscoa e comer chocolates está chegando. Mas, para as pessoas com diabetes, a data pede moderação e equilíbrio na hora de consumir os doces, como explica o médico endocrinologista e professor de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Iuri Goemann.
Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial
No Brasil, são mais de 13 milhões de pessoas com diabetes, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). A doença é caracterizada pela falta de produção ou uma má absorção de insulina pelo corpo, um hormônio cuja função é quebrar as moléculas de glicose, o açúcar, e transformar em energia.
Diabetes e o consumo de chocolates: pode ou não?
Existe o mito de que pessoas com diabetes não podem comer doces ou chocolates, o que já foi desmentido pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Entretanto, há riscos.
“Pessoas com diabetes não precisam se privar deste momento”, explica o endocrinologista, mas “devem tomar alguns cuidados para evitar problemas”. Na verdade, as principais questões não estão nos doces, mas na quantidade e frequência que são consumidos. Além do quanto de açúcar possuem.
O limite de doces que as pessoas que convivem com a doença podem consumir sem que ela seja prejudicada depende de muitos fatores, como o tipo e o controle da diabetes, quais as medicações que a pessoa usa, quanta atividade física faz e o quadro geral de saúde.
Outra coisa que a pessoa pode fazer é ficar de olho no teor de açúcar e no Índice Glicêmico (IG) do que vai comer.
Plano alimentar
Um grande aliado para que a pessoa com diabetes possa consumir de forma moderada os doces, é fazer um plano alimentar com um médico endocrinologista e uma nutricionista. Esse planejamento pode incluir a quantidade de carboidratos e doces adequada para cada refeição.
“A contagem de carboidratos é uma ferramenta útil, em especial para pacientes com diabetes tipo 1, pois permite flexibilidade na escolha dos alimentos, incluindo doces, enquanto se mantém o controle glicêmico”, afirma. Outro aliado pode ser o adoçante não nutritivo ou de baixa caloria, “para adicionar doçura sem carboidratos extras”.
Ou seja, não é necessário que a pessoa se prive de tudo, apenas que encontre uma forma de poder comer de tudo com equilíbrio, sem excessos.
Existe quantidade ideal de doces?
O endocrinologista explica que, apesar de poder curtir o momento, pessoas com diabetes não devem comer sempre chocolates. Os picos de glicose devem ser evitados, pois podem causar complicações a curto e a longo prazo.
“O ideal seria não ultrapassar 25 gramas de carboidrato e, quando consumir, associar a uma refeição como sobremesa do almoço ou jantar”, diz Goemann.
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Uma maneira de não aumentar a glicose no sangue é consumir alimentos ricos em fibras, como verduras e legumes. Isso porque eles fazem com que a absorção dos carboidratos e gorduras do chocolate seja feita mais lentamente.
Ganhei muitos chocolates de Páscoa, e agora?
Não precisa se desesperar! Mas é importante lembrar dos equilíbrios. “Em particular, em relação aos chocolates recebidos ou comprados na Páscoa, seu consumo deve ser feito de forma fracionada, preferencialmente como sobremesa, já que outros nutrientes presentes na refeição fazem com que a absorção dos carboidratos seja mais lenta.”
Assim: não se preocupe! O recomendado é apenas separar em porções a serem consumidas após o almoço ou a janta, por exemplo.
Excessos e a hiperglicemia
O maior problema de pessoas com diabetes comerem muito chocolate sem ter cuidado em dividir em porções, é o aumento da glicose no sangue de forma rápida: a hiperglicemia.
Os sintomas de hiperglicemia são:
- sede excessiva;
- urinar muito frequentemente;
- fadiga;
- visão turva;
Já a longo prazo, o excesso do consumo de doces pode influenciar no controle da doença e nas complicações dela, além do peso do paciente, conforme o endocrinologista. Algumas das complicações são vasculares, lesão de órgãos como olhos, rins e neurônios, entre outros.
“Para conhecer o efeito da ingestão do chocolate ou outro doce no seu controle glicêmico, o paciente pode monitorar sua glicose capilar (HGT) antes e 2 horas após ingerir o alimento” explica Iuri Goemann.