COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Países buscam alternativas para reter o consumo das junk foods; conheça

Adoção de uma mescla de vigilância sanitária e taxação está entre as possibilidades de aplicação sobre os alimentos ricos em açúcar e de baixo valor nutricional

Publicado em: 05/05/2023 03:00
Última atualização: 06/03/2024 12:14

A chamada "junk food", por aqui chamada de "comida rápida", é mais do que um termo usado para descrever alimentos nutricionalmente pobres. Em muitos casos, também é um enquadramento sanitário que, inclusive, pode originar taxações diferenciadas em certos países. Por isso, especialistas estão discutindo objetivamente quais alimentos devem ser classificados desta forma.


Junk food são os alimentos processados e com gordura saturada, sal ou açúcar demais Foto: Adobe Stock

Uma análise a respeito das definições legais de junk food aplicadas em políticas públicas apontou que o termo combina categorização alimentícia, processamento e também produtos específicos que são objeto de vigilância sanitária diferenciada.

O enquadramento do termo ao longo de 30 anos foi pesquisado pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Nova York, nos EUA.

O que é junk food

"Junk food", termo que tipicamente descreve salgadinhos e doces, assim como sobremesas com baixo valor nutricional, compõe 15% das calorias consumidas pela população norte-americana. "Há um reconhecimento crescente de que uma dieta não saudável se origina do consumo excessivo daquilo que coloquialmente referimos como junk food", diz Jennifer Pomeranz, principal autora do estudo.

"Entretanto, esforços de saúde pública para abordar a questão da junk food são dificultados pela falta de um método uniformizado para definir junk food para fins de política pública", diz ela.

Exemplo de política onde uma definição de junk food é necessária é a taxação, que aumenta o imposto sobre estes produtos para reduzir consumo e gerar arrecadação a programas que melhorem nutrição e saúde de comunidades. (Science Daily)

Processo de estímulo à produção saudável

A pesquisa da Universidade de Nova York concluiu que taxas para junk food são administrativamente e legalmente viáveis. Embora este tipo de cobrança não exista nos EUA, vários países usam com sucesso.

A Hungria taxa alimentos enquadrados em certas categorias ou que têm níveis elevados de sal, açúcar e outros ingredientes. Este procedimento levou à redução do consumo de junk food, aumentou conscientização sobre nutrição e levou fabricantes a reformular produtos para torná-los saudáveis.

"As pessoas dizem que seria muito difícil definir junk food para taxação ou outras políticas. Mas nossos resultados mostram numerosos exemplos de políticas que definem o termo e nas quais há pontos em comum", diz Dariush Mozaffarian, um dos autores.

Os pesquisadores identificaram e analisaram 47 leis e decretos de 1991 até 2021, incluindo a taxação de junk food pela nação Navajo e projetos que não foram implementados.

Funcionamento

O resultado apontou que as políticas usam diversos critérios para definir este tipo de alimento, incluindo categorias de produtos (como doces e chips), processados (com conservantes), local de preparo ou venda (doméstico, mercado de agricultores, máquinas de venda), ingredientes (níveis de sal, gordura saturada, açúcar ou calorias) e quantidades das porções. Das 47 políticas analisadas, 26 usavam múltiplos critérios.

Dois temas emergiram. Em primeiro lugar, as políticas usavam categorias para diferenciar entre alimentos básicos e alimentos não básicos. Por exemplo, o pão era frequentemente excluído do enquadramento como junk food e salgadinhos, porque é comumente considerado alimento básico, enquanto doces e chips são considerados não essenciais.

Em segundo lugar, as políticas públicas normalmente combinam critérios de processamento e nutricionais para determinar dentro das categorias alimentares quais devem ser isentas de regulação, geralmente favorecendo produtos menos processados ou com menos aditivos.

Este enfoque combinado é um dos aspectos ressaltados pelos pesquisadores como potencialmente benéficos. Um dos exemplos é a norma da nação Navajo que taxa alimentos com base em categoria, processamento e ingredientes, incluindo gordura saturada, sal e açúcar.

Os pesquisadores também apontam que as taxações mais efetivas são aqueles que não ocorrem no nível do varejo e que precisam ser pagas pelo consumidor, mas aquelas pagas pelos produtores. Isto porque elas têm a tendência de estimular as práticas saudáveis, que acarretam custo menor.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
CategoriasMundoSaúde
Matérias Relacionadas