SAÚDE PÚBLICA
Pacientes reclamam de demora para atendimento na rede pública de Saúde de Novo Hamburgo
Casos de dengue estão entre os responsáveis pela superlotação nas UPAs e na casa de saúde do Município, informa a Fundação de Saúde de Novo Hamburgo
Última atualização: 02/03/2024 13:57
Falta de médicos e de ambulâncias, UPAs lotadas e demora nos atendimentos. Reclamações que viraram rotina entre usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em Novo Hamburgo nas últimas semanas e foram parar na Câmara de Vereadores. O sistema de saúde enfrenta tempos difíceis, especialmente com o elevado número de casos de dengue, doença que já matou 11 pessoas no Estado em 2024, sendo uma delas na própria cidade.
Na segunda-feira (26), Joseane Hugentobler, de 38 anos, aguardou por quase oito horas até receber atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Canudos após sofrer uma queda. “Quando perguntamos, eles apenas diziam que precisávamos aguardar. O local estava cheio, com pessoas esperando em pé e também na rua”, disse.
Dias antes, a Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores se reuniu com o diretor da Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH), Augusto Rafael Lengler Vargas, para saber o motivo de tanta demora nos atendimentos, em especial nas UPAs Canudos e Centro. Para ambos os casos, a principal explicação é a alta demanda de pacientes que buscam as unidades.
Também no mês de fevereiro, Sirley Ferreira Santos, 86, deu entrada na UPA Centro no sábado (10), e já no dia seguinte deveria ter sido transferida ao Hospital Municipal, mas a falta de ambulância disponível impediu o deslocamento.
Com a internação mantida na UPA, a idosa recebeu alta na terça-feira (13), mas só pôde ser levada para casa quatro horas depois, quando houve a disponibilidade do veículo ambulatorial. Isso porque, de acordo com a FSNH, a instituição possui quatro veículos destinados somente ao transporte de pacientes, sendo duas equipadas para acamados, caso de Sirley. No entanto, uma delas apresentou problemas mecânicos naquele dia.
Casos de dengue aumentam demanda no sistema de saúde
O diretor da FSNH comenta que, sobre a demanda de atendimentos, é necessário levar em consideração o alto número de casos de dengue, que fazem de Novo Hamburgo o município com mais confirmações da doença no RS. No dia 1º de março, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou a morte de um residente de Novo Hamburgo pela doença, ocorrida no dia 23 de fevereiro. A vítima era um homem de 69 anos.
Vargas afirma que estes pacientes demandam um volume de atendimento maior, pois precisam ser atendidos em nível ambulatorial em um primeiro momento. “Alguns precisam de exames, o que acaba na espera pelos resultados. Outros, dependendo do caso, precisam de hidratação. Os que fazem exames precisam de uma revisão antes de serem liberados. E se o paciente estiver um pouco mais grave, por vezes precisa internar. Estamos com o hospital lotado, de forma que acaba todo o sistema sobrecarregado”, justifica.
“Contratações não são necessárias”
Além do elevado número de pacientes, no caso da lotação da UPA Canudos na última semana, uma médica também adoeceu e desfalcou o quadro de funcionários. Apesar disso, Vargas disse que, neste momento, não há a necessidade de novas contratações.
“Até porque temos um concurso vigente e fazendo os chamamentos gradativamente, conforme a necessidade de reposição de funcionários. Essas ausências, que são pontuais, não têm como chamar alguém do concurso para suprir isso porque esse médico que adoeceu vai retornar. Temos um sistema de retaguarda para suprir as faltas, mas é preciso entender que nem sempre há um médico disponível quando ele é avisado em cima da hora”, explica o diretor.
Nestes casos, uma das alternativas é a realocação de médico de uma unidade à outra. “Geralmente conseguimos suprir bem, mas eventualmente pode acontecer de haver atrasos no atendimento. Porém, nunca fica sem médico ou descobre algum serviço”, acrescenta.
Ambulâncias
Em relação às ambulâncias, até sexta-feira (1º), um veículo continuava na oficina, com previsão de “alta” na segunda (4). “Temos uma alta carga de serviço diário e um número limitado de veículos. Por vezes, a procura excede a capacidade, mas, de um modo geral, mantemos o atendimento o mais célere possível dentro de nossa capacidade”, comenta o diretor da Fundação de Saúde.