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Mais de 19 mil morrem de câncer de bexiga em 4 anos; conheça sintomas e fatores de risco

Inca estima que ainda serão registrados mais de 11 mil novos casos de câncer de bexiga em 2024

Publicado em: 08/07/2024 às 17h:39
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Tipo de câncer mais incidente em homens, o tumor de bexiga matou mais de 800 mil pessoas no mundo e ultrapassou os 19 mil mortos no Brasil de 2019 a 2022. Dados do Sistema de Informações do Ministério da Saúde (SIH/SUS) indicam mais de 110 mil casos de neoplasia maligna da bexiga desde 2019. 

Entenda tudo sobre sintomas, diagnóstico e os tratamentos do câncer de bexiga | abc+



Entenda tudo sobre sintomas, diagnóstico e os tratamentos do câncer de bexiga

Foto: Pixabay

Julho é o mês da conscientização do câncer de bexiga e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) aproveita a data para alertar sobre a importância da detecção precoce deste tipo de tumor. Isso porque, quando mais cedo for descoberto, maiores são as chances de cura.

Mais de 11 mil casos ainda serão registrados em 2024

Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que este ano deverão ser registrados 11.370 novos casos de câncer de bexiga. Deles, sendo 7.870 em homens e 3.500 em mulheres.

Isso corresponde a um risco estimado de 7,45 casos novos a cada 100 mil homens e 3,14 a cada 100 mil mulheres. Segundo o Inca, este é o sétimo câncer mais incidente entre os homens (exceto o de pele não melanoma), representando mais de 3% dos cânceres no sexo masculino.

O motorista Edgar Azevedo dos Santos, de 51 anos, descobriu a doença após uma dor lombar em 2017. Ele fez ultrassom que constatou nódulos. Ele passou por uma cirurgia e sessões de quimioterapia. “Eu nunca imaginaria que teria um câncer. De lá para cá faço acompanhamentos periódicos.”

“Temos observado que muitas pessoas desconhecem o câncer de bexiga, como se manifesta e quais são os principais vilões”, afirma a diretora de Comunicação da SBU e coordenadora das campanhas de awareness da entidade, Karin Jaeger Anzolch.

Dentre os sintomas, pode estar o sangue na urina, mas sem dor. “Além disso, apesar de que muitas vezes causa sangramento na urina, geralmente no início é intermitente e não provoca dor”, explica. “Por isso é comum as pessoas não darem a devida importância e retardarem a ida ao médico, podendo agravar o quadro.”

Tipos de câncer de bexiga

O câncer de bexiga pode ser classificado de acordo com a célula que sofreu alteração, sendo os principais:

  • carcinoma de células transicionais (ou urotelial) que representa a maioria dos casos e tem início na camada mais interna da bexiga;
  • carcinoma de células escamosas (ou epidermoide) que afeta as células delgadas e planas da bexiga, ocorre após infecção ou inflamação prolongadas;
  • adenocarcinoma que é mais raro, tem início nas células glandulares (de secreção) após infecção ou irritação prolongadas.

O câncer de bexiga é considerado superficial quando se limita ao tecido de revestimento da bexiga e infiltrativo quando transpassa a parede muscular, podendo afetar órgãos próximos ou gânglios linfáticos.

Fatores de risco do câncer de bexiga

O tabagismo (também o passivo) é o principal fator de risco do câncer de bexiga. “O câncer de bexiga tem como principal fator de risco o tabagismo, relacionado a mais de 50% dos casos. Portanto, eliminando esse hábito, conseguimos diminuir significativamente as chances de aparecimento desse tumor”, alerta o presidente da SBU, Luiz Otavio Torres.

Entretanto, há outras ameaças como:

  • exposição a substâncias químicas;
  • alguns medicamentos e suplementos dietéticos;
  • gênero e raça (homens brancos têm mais chances de desenvolver a doença);
  • idade avançada;
  • histórico familiar.

Quanto às substâncias químicas, o supervisor da Disciplina de Câncer de Bexiga da SBU, Fernando Korkes, afirma que estão presentes em: defensivos agrícolas, tinturas utilizadas na indústria, fumaça de diesel ou outras substâncias.

Já entre os medicamentos está a pioglitazona, utilizada para o controle do diabetes. “Contudo, o risco é relativamente baixo, e o principal ponto de atenção deve ser para pacientes que já tiveram câncer de bexiga e utilizam essa medicação”, explica Korkes.

O presidente da SBU alerta também que “outro ponto fundamental na prevenção é seguir hábitos saudáveis, como manter uma alimentação balanceada, beber água em quantidade adequada e exercitar-se”.

Existem sintomas do câncer de bexiga?

Apesar de geralmente ser silencioso no estágio inicial, o tumor de bexiga pode provocar sangue na urina, maior frequência urinária, ardência ao urinar, urgência para urinar e jato urinário fraco.

“A presença de sangue visível na urina é o sintoma mais comum do câncer de bexiga e está normalmente presente em 80% dos pacientes”, explica o coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da SBU, Mauricio Dener Cordeiro.

Outros sintomas comumente relatados, de acordo com ele, são:

  • aumento da frequência urinária;
  • urgência miccional
  • dor para urinar, que podem estar relacionados à presença de carcinoma.

“O câncer de bexiga pode ser também assintomático e detectado através de exames de imagem com ultrassonografia, tomografia ou ressonância nuclear magnética”, afirma.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do câncer de bexiga pode ser feito por exames de urina e de imagem, como ultrassom, tomografia computadorizada e cistoscopia (investigação interna da bexiga por meio do cistoscópio, instrumento dotado de câmera introduzido pela uretra). Durante a cistoscopia, caso o especialista identifique alguma alteração, pode ser retirado material para biópsia.

O tratamento do câncer de bexiga varia conforme o estágio da doença e pode consistir em cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

Os tipos de cirurgia consistem em:

  • ressecção transuretral – remoção do tumor por via uretral;
  • cistectomia parcial – retirada de uma parte da bexiga;
  • cistectomia radical – remoção completa da bexiga, com a construção de um novo órgão para armazenar a urina.

Nos casos de lesões iniciais, após removido o tumor, pode ser administrada a vacina BCG ou algum quimioterápico dentro da bexiga a fim de evitar recidiva da doença.

“Algumas das novidades nessa área incluem novas medicações como imunoterapia, terapias alvo e terapias com anticorpos conjugados a drogas que já têm sido utilizados na prática e trazem benefícios para muitos pacientes. Quanto à cirurgia, as plataformas robóticas auxiliam bastante nos casos em que é necessário remover a bexiga e fazer algum tipo de reconstrução”, ressalta Fernando Korkes.

Mortalidade

De 2019 a 2022 o Sistema de Informações sobre Mortalidade registrou 19.160 óbitos em decorrência de neoplasia maligna da bexiga. Desses, 12.956 (67,6%) eram do sexo masculino e 6.204 (32,3%) do sexo feminino.

Para o diretor da Escola Superior de Urologia da SBU, Roni de Carvalho Fernandes, para rastrear o câncer de bexiga e desenvolver políticas públicas eficazes para reduzir a incidência e mortalidade, é essencial considerar várias estratégias.

Entre elas, começando por campanhas de conscientização e educação como essa promovida pela SBU, além de identificar grupos de alto risco, garantir que todos tenham acesso a serviços de saúde que ofereçam diagnóstico e tratamento adequados com a criação de centros especializados para garantir padrões elevados de cuidado e resultados melhores para os pacientes.

“Implementar essas medidas requer colaboração entre profissionais de saúde, governos, instituições de pesquisa, organizações não governamentais e a própria comunidade para enfrentar de forma eficaz esse grande desafio, que é reduzir as taxas de mortalidade do câncer de bexiga”, afirma Fernandes.

 

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