SAÚDE EM ALERTA
Livre de BPA, mas não dos riscos: estudo mostra que plástico ainda pode causar danos sérios à saúde
Entenda como plástico livre de BPA ainda pode trazer danos à saúde e como se proteger
Última atualização: 08/11/2024 17:51
Se tornou comum andar pelo supermercado, por exemplo, e ver os produtos de plástico marcados com os selos: livre de BPA. Até então, ler a frase poderia causar um alívio no consumidor, que pensava estar a salvo dos riscos. Porém, um estudo recente mostra que a substância não é a única a ser um perigo à saúde.
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Livres do BPA, mas não dos riscos à saúde
A pesquisa Efeitos da exposição ao bisfenol S e dieta hiperlipídica no remodelamento cardíaco descobriu que, enquanto todos compram produtos de plástico pensando estarem livres dos riscos, na verdade, não estão seguros.
Afinal, de acordo com o estudo conduzido pela doutora em Ciências Biomédicas Beatriz Alexandre-Santos junto a outros pesquisadores, o bisfenol S (BPS), substância utilizada hoje na produção do plástico, pode ser tão prejudicial quanto o bisfenol A (BPA).
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A pesquisa foi feita pelo Núcleo de Pesquisa em Morfologia e Metabolismo e Laboratório de Ciências do Exercício da Universidade Federal Fluminense (UFF), publicada na revista científica internacional Enviromental Research, da Science Direct, neste mês.
Na tese, feita com testes em camundongos, a doutora investigou quais seriam os efeitos da exposição à substância para a saúde, especificamente do coração.
Ela descobriu que o BPS pode causar remodelamento cardíaco, um processo ligado a muitas doenças cardiovasculares, como hipertrofia cardíaca, fibrose, arritmias malignas e inflamação.
E o perigo é ainda maior quando a exposição a essa substância é combinada com uma dieta rica em gorduras, como os alimentos ultraprocessados, agravando também os riscos associados com a obesidade.
"Nós observamos que a combinação da obesidade com a exposição ao BPS intensifica a hipertrofia e a fibrose cardíaca, condições que podem evoluir para doenças cardiovasculares graves, como insuficiência cardíaca", explica Beatriz.
Confira os riscos:
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BPA X BPS
As regulamentações são mais rígidas agora quanto ao BPA na produção do plástico, após estudos mostrarem que a substância é capaz de interferir nos processos metabólitos, afetando a fertilidade, sistemas nervoso e cardiovascular, além de ter efeitos quanto a diabetes, câncer e obesidade.
As pesquisas também mostram que o BPA pode ser liberado após ser exposto ao calor, como quando uma pessoa usa um pote de plástico para esquentar algo no microondas, tornando a contaminação muito fácil.
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Porém, sem o BPA, algo deveria substituir a substância na produção dos plásticos, e as indústrias começaram a usar o BPS no lugar, conforme a UFF. Muito parecido com o primeiro, a única diferença entre ambos é o grupamento sulfonil, presente somente no bisfenol S.
Entretanto, a pesquisadora explica à universidade que, "embora o BPS tenha sido introduzido como uma alternativa segura ao BPA, nossos estudos mostram que ele pode ser igualmente prejudicial, especialmente no que diz respeito à saúde do coração".
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BPS não regulamentado
Presente nos produtos do dia a dia, ao contrário do seu antecessor, não há regulamentações específicas quanto ao BPS.
"Diferente do BPA, que tem um limite seguro de exposição estabelecido e legalmente existem agências regulamentadoras que controlam a utilização desse composto, o BPS não é regulamentado", explica Beatriz à universidade.
A pesquisadora afirma que até pequenas doses da dusbtância já podem ser prejudiciais à saúde, especialmente a longo prazo. "Por isso, um dos objetivos da pesquisa é construir um corpo de evidências que possa ser útil para futuras regulamentações", diz.
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BPS já está presente na urina
A preocupação fica ainda maior quando estudos epidemiológicos mostram que traços do BPS aparecem na urina de mais de 80% da população mundial, conforme a pesquisadora.
"A exposição ao BPS é onipresente, presente em embalagens de alimentos e bebidas, e mesmo em itens de cuidados pessoais. Isso significa que as pessoas estão correndo riscos diários de desenvolver problemas graves de saúde."
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E agora?
Com as descobertas feitas pelo artigo, pode ficar a vontade de não usar mais plásticos, mas a pesquisadora garante que eles não são os vilões.
"Toda vez que apresentamos os nossos dados e conversamos um pouco sobre o nosso estudo, as pessoas ficam assustadas e querem banir completamente o uso de plástico na vida delas, mas isso não é possível em termos práticos, além de não ser o propósito da pesquisa", explica ainda à UFF.
Porém, existem recomendações para tentar evitar uma maior exposição ao BPS de forma simples: Deixar de usar recipientes de plástico para aquecer alimentos, seja em microondas ou forno.
*Fontes: UFF; Ensaios USF; Remodelação Cardíaca: Conceitos, Impacto Clínico, Mecanismos Fisiopatológicos e Tratamento Farmacológico;