Estima-se que mais de 3,7 bilhões de pessoas no mundo já tiveram manifestações do vírus da herpes. O número equivale a 67% da população mundial abaixo de 50 anos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar dessa enorme prevalência, novas descobertas sobre os vírus HSV-1 ou HSV-2, que provocam, respectivamente, herpes simples tipo 1 e 2, não são comuns no meio científico, e muitas das práticas atuais para prevenção e tratamento da doença são as mesmas de décadas atrás.
Por se tratar muitas vezes de uma doença com sintomas leves a moderados, salvo na primeira ocorrência, o tratamento segue praticamente o mesmo, aponta a pesquisadora Daniele Rechenchoski, que atuou num estudo brasileiro sobre o herpes.
Segundo ela, o vírus é, na verdade, subestimado pela comunidade científica. “É um vírus com alta infecciosidade e que acomete milhares de pessoas ao redor do mundo. Além disso, em pacientes neonatos e imunocomprometidos, o vírus é capaz de causar sintomas graves, podendo ser até letal”, destaca Rechenchoski, doutora em Microbiologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
O que causa o aparecimento das lesões
Não existe vacina ou cura para o herpes. Fatores estressantes para a doença, como exposição solar, variações hormonais ou estresse, favorecem o aparecimento das lesões. Segundo a microbiologista Daniele Rechenchoski, uma das grandes dificuldades no desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o HSV é a capacidade do vírus de “evadir a resposta imune do hospedeiro”, ficando latente após o primeiro contato.
A cura do herpes parece distante, mas os pesquisadores tem se debruçado mais sobre os motivos que levam à ocorrência das lesões na pele de quem tem o vírus. “Investigar o que está baixando a imunidade das pessoas que têm manifestações. Eu vejo o herpes muito mais como um sinal de um corpo que está precisando de ajuda”, explica Lilian Fiorelli, ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein e especialista na área de sexualidade humana.
No ano passado, um estudo realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) investigou a relação do herpes simples e sintomas de ansiedade durante a pandemia de covid-19. A partir do acompanhamento de 347 estudantes de odontologia que já haviam apresentado episódios de herpes oral antes da pandemia, o estudo estabeleceu uma correlação entre ansiedade no nível grave, ou estresse nos níveis moderado e grave, e manifestações mais frequentes da doença.
Manifestação do vírus da herpes no organismo
O herpes é uma infecção causada pelo vírus Herpes simplex. Ele é transmitido pelo contato direto das lesões com a pele ou mucosa de uma pessoa não infectada.
Existem dois tipos de herpes: o tipo 1 é causado pelo vírus HSV-1 e provoca lesões principalmente na boca ou no nariz, e por isso é conhecido como herpes oral. Já o tipo 2 é associado ao vírus HSV-2 e afeta, majoritariamente, os órgãos genitais. Apesar disso, as duas doenças podem causar feridas também em outras partes do corpo.
Nos últimos anos, tem aumentado a ocorrência de lesões provocadas pelo herpes tipo 1 nos órgãos genitais, ou pelo tipo 2 na boca, segundo ginecologistas. “Devido ao alto grau de prática de sexo oral, tem se tornado mais comum ver o tipo de herpes que geralmente afeta a boca aparecendo nos genitais também”, explica Fiorelli, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Tratamento
Assim como os tratamentos não evoluíram muito nos últimos anos, a recomendações para evitar a transmissão do herpes também continuam as mesmas. Como o contágio ocorre principalmente por meio de feridas ativas, é importante evitar contato íntimo durante a fase aguda da doença, ou seja, enquanto as lesões estão visíveis – isso inclui beijos e relações sexuais.
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