TRATAMENTO

Lecanemabe: Saiba como funciona a droga para o Alzheimer e o resultado em pacientes

Testes com o remédio mostram retardo no avanço da doença

Publicado em: 17/04/2023 10:32
Última atualização: 04/03/2024 17:50

O tratamento do Alzheimer pode mudar nos próximos anos com o desenvolvimento de drogas que agem contra os acúmulos de proteína que se formam no cérebro de pacientes com a doença. Um desses medicamentos é o lecanemabe, que teve novos resultados divulgados em novembro do ano passado.

De acordo com as fabricantes Eisai e Biogen, a droga é capaz de reduzir em até 27% a deterioração cognitiva nos pacientes, em comparação com o grupo que recebeu placebo.


Lecanemabe foi testado com 1.795 pacientes de 14 países que apresentaram sintomas de Alzheimer leve e acúmulo de proteínas beta-amiloides no cérebro Foto: Free images


O lecanemabe foi testado com 1.795 pacientes de 14 países que apresentaram sintomas de Alzheimer leve e acúmulo de proteínas beta-amiloides no cérebro. Além de reduzir a deterioração causada pela doença, a droga causou 26% de melhora cognitiva e 36% de melhora na funcionalidade em 18 meses de tratamento.

Por conta desses resultados, a agência de regulamentação de medicamentos americana, a Federal Drug Administration (FDA, na sigla em inglês), concedeu em janeiro deste ano uma aprovação por via acelerada para o medicamento, que deve ser vendido no país por US$ 26 mil por ano, segundo a fabricante.

Outro medicamento de funcionamento parecido, chamado aducanumabe, também chegou a ser aprovado para uso clínico nos EUA, em um controverso e acelerado processo de análise da FDA. A substância também reduziu significativamente os “grumos” de proteínas beta-amiloides no cérebro. 

O resultado clínico do aducanumabe, ou seja, a melhora observada nos pacientes depois dessa redução das proteínas acumuladas, foi considerada menor do que era esperado. Já os efeitos colaterais da droga foram considerados muito graves.

Outro entrave é que a versão comercial da droga, chamada Aduhelm, chegou ao mercado com um custo alto: cerca de 56 mil dólares por ano por paciente nos EUA.

“O aducanumabe se mostrou eficaz para a retirada dessas placas e proteínas, mas não foi eficaz em estudos clínicos, nos sintomas dos pacientes. Então houve uma controvérsia, uma dúvida sobre a  necessidade de aprová-la tão rapidamente. Hoje em dia, a maioria dos médicos já pararam de usar essa droga. Teve uma grande discussão na comunidade científica”, diz o neurologista Ivan Okamoto, membro do Núcleo de Excelência em Memória do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador do Instituto da Memória na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Marco Túlio Cintra, o desenvolvimento dessas duas alternativas representa uma esperança porque há quase 20 anos não havia novos medicamentos contra Alzheimer aprovados pela FDA. Apesar dos números positivos, os médicos pedem cautela na análise já que as duas principais drogas em estudo são indicadas apenas para pacientes com Alzheimer leve.

Agência Einstein

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