Atualmente, a obesidade é definida somente pelo índice de massa corporal (IMC). Porém, mais de 50 especialistas, e quase 80 organizações mundiais, propõe uma nova forma de diagnosticá-la, além de diferentes formas de categorizar a doença e quem vive com ela.
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O IMC é calculado a partir do peso em quilos dividido pela altura da pessoa ao quadrado e o resultado, até então, define se a pessoa está acima ou abaixo do peso. Para adultos, segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), ela funciona da seguinte forma:
Abaixo do normal: 18,5 ou menos
Normal: Entre 18,6 e 24,9
Sobrepeso: Entre 25,0 e 29,9
Obesidade grau I: Entre 30,0 e 34,9
Obesidade grau II: Entre 35,0 e 39,9
Obesidade grau III: Acima de 40,0
Segundo a Abeso, levando em conta os cálculos do IMC, a estimativa é que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso e, desses, 700 milhões tenham obesidade, em 2025.
Entretanto, o número pode mudar. Um grupo formado por 56 especialistas de todo o mundo defende que usar apenas o IMC como forma de classificar a obesidade pode levar a erros no diagnóstico.
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A proposta foi publicada na revista científica internacional The Lancet Diabetes & Endocrinology, pela Comissão sobre Obesidade Clínica, nesta quarta-feira (15). Ela foi aprovada não somente pelos médicos, mas também por 76 organizações mundiais, incluindo sociedades científicas e grupos de defesa aos pacientes.
O objetivo dos especialistas é estabelecer critérios para um diagnóstico certo e auxiliar na tomada de decisões clínicas, ajudando a saúde pública a estabelecer um tratamento mais eficaz para cada um, priorizando a saúde dos pacientes de forma terapêutica e estratégica.
IMC não é útil para identificar obesidade?
Embora o IMC seja útil para identificar indivíduos que possuem um risco maior de desenvolver algumas doenças, os especialistas argumentam que ele não é uma forma direta de medir gordura e nem deveria ser usado para diagnosticar a obesidade.
Isso porque o IMC não é capaz de estabelecer como a gordura está distribuída pelo corpo e nem determina quando o excesso dela é um problema para a sáude. “Depender apenas no IMC para estabelecer se uma pessoa possui obesidade é problemático”, afirmam.
Para eles, usar o cálculo desta maneira pode levar a diagnósticos incompletos e insufiecientes ou até ao sobrediagnóstico, termo usado para quando um paciente é diagnosticado com algo que jamais causará problemas e nem o levará a morte.
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IMC pode levar um atleta a ser diagnosticado como obeso
A Comissão dá como exemplos o de atletas, que tendem a possuir mais massa muscular,o que leva a resultados maiores de IMC, mesmo que eles possuam uma quantidade normal de gordura no corpo. Por outro lado, uma pessoa com um resultado menor que 30 pode ser obesa, mas pela fórmula ser a única maneira de identificar isso, ela pode seguir a vida sem que possíveis problemas de saúde sejam notados.
“As formas atuais de medir a obesidade, baseadas no IMC, podem subestimar e ao mesmo tempo superestimar a adiposidade (excesso de gordura no organismo) e promover a informação inadequada sobre a saúde de forma individual, o que prejudica abordagens clinicamente corretas no sistema de saúde e na política pública”, afirmam.
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Outro ponto levantado pelos médicos é que uma pessoa que possui excesso de gordura corporal, assim como um IMC maior, pode viver com os órgãos funcionando normalmente e fazer as atividades do dia a dia sem qualquer impedimento, o que significa que ela não possui uma doença. Já outros, com as mesmas medidas, passam pela situação de maneira completamente contrária.
“A atual denifição e medidas de obesidade não refletem saúde/doença a nível individual e são, portanto,
inadequada para o diagnóstico da doença”, afirmam.
Então, como a obesidade deve ser diagnosticada?
A Comissão propõe que uma nova abordagem de diagnóstico para obesidade seja usada. “Que foque em outras medidas de gordura corporal e sintomas de problemas de saúde”, assinalam.
Primeiro, é preciso identificar se há excesso de gordura corporal. Para isso, devem ser usadas pelo menos três formas diferentes para medir o tamanho corporal, além do IMC. Os especialistas, inclusive, definiram três novas maneiras de medir, usando a circunferência da cintura, relação cintura-quadril e relação cintura-altura.
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Se for identificado que a pessoa possui excesso de gordura, é preciso entender se ela está com obesidade e, se sim, têm alguma doença, usando o histórico médico, exames físicos e de sangue. A partir disso, definir se há sintomas de disfunções nos órgãos e se ela possui alguma limitação para fazer atividades do dia a dia.
Assim, é possível chegar em um consenso entre duas duas novas categorias para a doença, criadas pelos especialistas: a obesidade pré-clínica e a clínica.
Obesidade pré-clínica
Definida como uma condição de excesso de gordura corporal associada com um nível variável de risco à saúde, mas sem uma doença contínua, conforme os especialistas. Pessoas que vivem com a obesidade pré-clínica:
• Não possuem nenhuma evidência de funções de órgãos e tecidos reduzidos por conta da obesidade;
• Pode completar atividades do dia a dia sem impedimentos.
• Geralmente, correm maior risco de desenvolverem doenças, como: obesidade clínica, doenças cardiovásculares, alguns tipos de câncer e diabetes tipo 2.
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Obesidade clínica
A obesidade clínica é uma doença crônica e é caracterizada por sintomas e sinais de disfunção dos órgãos contínua e/ou capacidade reduzida de realizar atividades diárias. Quem vive com obesidade clínica sentem:
• Sem fôlego por conta dos efeitos da obesidade no coração e pulmões;
• Dor nos joelhos ou quadril, enrijecimento das juntos e alcance de movimento reduzido;
• Um aglomerado de anormalidades metabólicas;
• Disfunções em outros órgãos, incluindo: rins, vias aéreas superiores, nervosos, urinários e sistemas reprodutórios;
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Como essa mudança pode mudar a vida de quem vive com obesidade
Os especialistas afirmam que adotar uma nova abordagem, mesmo que mais precisa, para identificar a obesidade, assim como mudar a percepção da sociedade sobre a doença, é algo que não irá acontecer do dia para a noite. “Mas no coração dessa proposta está o objetivo de melhorar a vida de quem vive com obesidade”, escrevem.
“Agora, nós temos a oportunidade de transformar o cuidado com a obesidade, nos afastando de um sistema em que os indivíduos são vistos sob um único rótulo, e nos aproximando de um sistema que reconhece a saúde e necessidades únicas de cada pessoa”