SINCICIAL RESPIRATÓRIO

Entenda os sintomas do vírus da bronquiolite, principal causa de internação de bebês e crianças

Sinal de alerta da doença é a dificuldade para mamar e respirar; confira o que diz pediatra

Publicado em: 24/04/2023 12:09
Última atualização: 05/03/2024 10:50

O vírus sincicial respiratório (VSR), um dos principais causadores de bronquiolite, é hoje a maior causa de internação de crianças com até 4 anos de idade no Brasil, aponta boletim do InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado na última semana.

A análise dos dados é referente à semana epidemiológica de 2 a 8 de abril e leva em conta a notificação de casos no sistema Sivep-Gripe, incluindo hospitais públicos e privados de todo o País.

Internação normalmente é indicada quando o paciente fica ofegante Foto: Adobe Stock

Segundo o boletim, o VSR esteve presente em 47,2% dos casos de infecções respiratórias que resultaram em internação registradas no público pediátrico nesse período. Além disso, o boletim mostrou que a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 5,7% para influenza A, 5,5% para influenza B, e 33,9% para Sars-CoV-2 (Covid-19) – incluindo adultos.

A bronquiolite é uma inflamação aguda dos bronquíolos terminais, ou seja, das ramificações mais finas que conduzem o ar para dentro dos pulmões. A doença é causada na maioria das vezes por vírus – sendo o VSR o principal agente. Ele é bastante comum, que sempre circulou no Brasil, mas é potencialmente mais preocupante em bebês e crianças com até 2 anos.

Evolução dos sintomas

Geralmente a criança começa com sintomas muito parecidos com resfriado, com nariz escorrendo, tosse discreta, obstrução nasal. Já os bebês, por terem o narizinho muito pequeno, costumam ter dificuldade para mamar.

Entre o terceiro e quinto dia de sintomas, a infecção pode atingir o pulmão causando a inflamação dos bronquíolos e aumento da produção de secreção. “A criança pode evoluir para uma tosse com mais catarro e mais intensa, podendo evoluir para um cansaço e dificultando a respiração. A criança fica mais ofegante, com a frequência respiratória mais alta”, explica a pediatra Gabriela Bonente, intensivista pediátrica no Hospital Israelita Albert Einstein.

Por volta do quinto ao sétimo dia, os sintomas tendem a ficar um pouco mais leves e a tosse ai
desaparecendo devagar. Nem sempre a criança terá febre no período. “O que mais nos preocupa nos sintomas é quando ela fica muito ofegante, não consegue mamar e tem dificuldade de respirar. Esse é um dos motivos em que indicamos a internação.”

Gravidade baixa, avalia pediatra

Apesar de muito frequente, a gravidade é considerada baixa: de cada 100 casos de bronquiolite, estima-se que 10 crianças precisarão de internação. E, desses 100 casos, apenas um vai precisar de suporte da UTI.

“É uma doença muito frequente, que exige cuidados, mas não é potencialmente grave. A grande parte das crianças será tratada em casa e vai ficar tudo bem”, diz Gabriela.

 

Vírus costuma ser mais frequente nos meses frios

Segundo Gabriela, o vírus sincicial respiratório circula o ano todo, mas costuma ser mais frequente nos meses de outono e inverno – justamente a estação do ano em que estamos agora. Por isso, os hospitais estão registrando aumento de casos.

“A circulação mais intensa do VSR normalmente começa em fevereiro e segue até julho, agosto. Em alguns anos, essa circulação do vírus foge um pouco desse período padrão, a pandemia acabou mudando um pouco essa dinâmica, mas a maior incidência ocorre nos meses de outono e inverno”, diz a pediatra.

A transmissão ocorre tanto pela via respiratória, quanto pelo contato – passa de uma pessoa para outra. “Às vezes nós adultos podemos carregar o vírus mesmo sem apresentar sintomas. Mas geralmente observamos a infecção em crianças pequenas que vão para a escola ou para a creche e também em crianças que ainda não frequentam escola, mas têm um irmão mais velho em idade escolar que leva o vírus para casa”, explica.

É muito difícil prevenir o contato com o VSR porque às vezes os sintomas aparecem depois de a criança já estar transmitindo o vírus. Mas, crianças que fazem parte de alguns grupos de risco específicos podem receber um tipo de “vacina” nos meses de maior circulação.

Diferente da gripe Os sintomas da bronquiolite são um pouco diferentes dos da gripe causada pelo vírus Influenza A ou B. “No caso da gripe, a criança fica mais prostrada, com febre mais intensa, com sintomas respiratórios altos. Mas que vai diferenciar mesmo é a coleta do exame para a realização de um painel de vírus respiratórios”, detalha.

(Agência Einsten)

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