Depois dos 35 anos, quando uma mulher engravida a gestação é considerada de risco. Porém, devido a busca por carreira ou outros objetivos pessoais, as brasileiras têm adiado a maternidade e cada vez mais mulheres dão à luz perto dos 40 anos.
No ano 2000, o número de bebês nascidos de mulheres com 35 anos ou mais era de 9,1%. Já em 2020, o número de mulheres que engravidaram com 35 anos ou mais foi de 16,5%, do total de mães que tiveram filhos nesse ano.
“São mulheres que estão no auge da carreira, da saúde, e hoje podemos dizer que uma gestação aos 40 anos é relativamente tranquila. Quando a pessoa avança para os 45 ou 47, aí já é mais complicado”, diz a médica Ana Paula Beck, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein.
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É possível engravidar naturalmente aos 40 anos?
Sim, mas quanto mais velha a mulher, mais velhos os óvulos que ela possui, o que pode contribuir para abortos espontâneos e aumentar o risco de o bebê ter uma cromossomopatia, como síndrome de Down.
Qual a probabilidade de síndrome de Down depois dos 40?
Segundo a médica, a chance de uma mulher na faixa de 20 anos ter um bebê com uma alteração genética como a síndrome de Down é de 1 para cada 10 mil. Aos 40, entretanto, o índice sobe para 1 a cada 100. “É um risco que não temos como evitar ou mudar”, afirma. Por isso, muitas mulheres optam por congelar os óvulos para que ainda estejam jovens na fecundação.
Quanto custa para congelar óvulos no Brasil?
O método de congelamento de óvulos funciona e está crescendo no Brasil, mas é caro, podendo chegar a R$ 30 mil. Para aquelas que não têm condições de arcar com esse tipo de procedimento, o melhor a fazer é antecipar o acompanhamento médico.
Eduardo Cordioli, especialista em partos de risco e diretor médico de Obstetrícia do Grupo Santa Joana, afirma que atende muitas pacientes que engravidaram sem ajuda, mas que tiveram uma gestação planejada – atualmente, a média de idade das mães de primeiro filho na instituição é de 34 anos.
Ele explica que é preciso haver um acompanhamento mais de perto em gestações tardias e, se possível, iniciar os cuidados antes da concepção. “Se engravidar acima de 35 anos sem nenhuma doença crônica, fazendo consultas pré-concepcionais e tendo se preparado para a gravidez, a chance de complicação diminui”, diz.
Quais os riscos de ter uma gravidez depois dos 40 anos?
O principal risco é de perdas durante a gestação, pois o útero é um órgão muscular e com o passar do tempo tem maior dificuldade de segurar o feto. Além disso, os vasos sanguíneos que irrigam a região podem já estar enrijecidos (um processo natural do envelhecimento) e ter acumulado placas de gordura, atrapalhando a oxigenação do bebê.
Outros possíveis problemas para a gestante são o diabetes e a hipertensão, mais frequentes em idades mais avançadas. “Mesmo em gestantes que não têm doença nenhuma, há maior ocorrência de distúrbios relacionados à gestação, como pré-eclampsia, diabetes gestacional, parto prematuro, diminuição no crescimento do bebê e má formação fetal, por exemplo, em mulheres mais velhas”, afirma Cordioli.
Por isso o pré-natal, fundamental não importa a idade da gestante, pode ter consultas mais frequentes a partir dos 35 anos. Conforme o médico, há uma espécie de cálculo para estimar o risco da gestação – no qual a idade é apenas um dos fatores – e a depender dessa avaliação o especialista define um padrão diferente para a paciente.
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Há risco em engravidar do segundo filho aos 40 anos?
Uma dúvida recorrente é se o risco para gravidez tardia é diferente para mulheres que já tiveram filhos e engravidam novamente com 35 anos ou mais. Quanto aos riscos de alterações genéticas e de abortamentos, esses riscos equivalem nos dois casos, já que o que implica riscos tem a ver com idade dos óvulos da mulher.
Como garantir uma gravidez saudável aos 40 anos?
A dica do médico é: ao começar a pensar em engravidar, procurar um profissional especializado. Hábitos saudáveis, como boa alimentação, prática de atividades físicas, não fumar e não consumir bebida alcoólica, costumam ser muito úteis para a concepção – para não dizer durante a gestação e em qualquer outro momento da vida.
As consultas iniciais permitirão avaliar ainda a necessidade e a quantidade de suplementação com ácido fólico, cálcio e vitaminas, bem como verificar a possibilidade de medicamentos que controlem a hipertensão, por exemplo.
“O que mais vejo no consultório é a questão do trauma: muitos pais tentam uma vez, engravidam, mas perdem. Daí, sem conseguir lidar direito com o luto, acabam desistindo de tentar de novo, mas é preciso perseverança”, aconselha a obstetra.
“Eu só alerto para pensarem em quantos (filhos) vão ter. Se a pessoa quiser mais de um, com certa diferença de idade, melhor adiantar o primeiro para que o segundo não seja tão tarde e acabe sendo mais complicado”, acrescenta Cordioli.
(*) Com informações do Estadão Conteúdo e da Agência FioCruz
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