METAIS PESADOS NO MAMA
Chumbo é encontrado no leite materno e pode afetar desenvolvimento de bebês; entenda
Estudo mostrou que outros metais pesados também foram encontrados no leite materno e explica como pode afetar bebês
Última atualização: 18/09/2024 17:17
O leite materno é a maior recomendação de especialistas quando se trata de alimentação de bebês, mas e se ele estiver contaminado com chumbo e outros metais pesados? É o que descobriu uma pesquisa feita no Brasil.
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O estudo investigou o leite materno que 185 bebês de São Paulo tomavam todos os dias. Eles procuravam medir se haviam metais pesados no alimento e em quais níveis. E a resposta foi sim.
Arsênio, mercúrio e chumbo foram encontrados no leite durante a pesquisa, desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) com a Fiocruz e foi publicada em agosto deste ano, na revista científica Frontier.
Um metal pesado comum, emitido por carros e queimadas, usado na indústria siderúrgica e agronegócio, o chumbo pode facilmente contaminar o solo, a água e até o ar respirado pelas cidades, conforme o Jornal da USP.
E ele faz mal. O chumbo é um neurotóxico, já que consegue passar pela barreira hematoencefálica, que regula o transporte de substâncias entre o sistema nervoso central e o sangue.
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A primeira autora da pesquisa, Nathalia Ferrazzo, explicou para a USP que o chumbo pode prejudicar os astrócitos. “Que são células de suporte aos neurônios que fornecem tanto estrutura quanto energia”, afirmou. “Quando não estão funcionando bem, o neurônio funciona de forma diferente.”
Além disso, o metal também altera a liberação de neurotransmissores na fenda sináptica. Ela é o espaço entre o terminal de um neurônio pré-sináptico e a membrana de outro pós. Ou seja, o chumbo pode afetar a comunição entre os neurônios.
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Leite contaminado pode prejudicar os bebês?
Com a presença do metal no leite materno, o estudo focou em descobrir se havia relação entre o chumbo e problemas no neurodesenvolvimento das crianças.
Para isso, eles fizeram o teste chamado Bayley-III, usado para avaliar os marcos de desenvolvimento, com os bebês durante três períodos diferentes: quando a criança tinha 3 meses, depois entre os 5 e 9, e entre 10 e 16. Eles descobriram que os bebês expostos ao leite contaminado tinham mais atrasos na linguagem do que os outros.
Nathália afirma que, em crianças muito pequenas, isso pode se manifestar como o início tardio do balbucio, o primeiro passo no processo de linguagem. "Conforme a criança cresce, ela começa a fazer mais coisas, e isso vai mudando com o tempo", disse.
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Contaminação pode ser ainda maior na população baixa-renda
Os voluntários que participaram do teste são de classe média para alta e foi registrado 30% de contaminação. "Se nessas pessoas encontramos contaminação, em pessoas de baixa renda, que são mais expostas à contaminação ambiental, poderíamos encontrar níveis mais altos."
“Em estudo da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizado com amostras de pessoas de baixa renda, mais de 90% do material estava contaminado”, conta a pesquisadora sobre pesquisa na Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Ela também avaliava o nível de exposição a poluentes ambientais, mas durante o período perinatal e na microbiota dos nascidos, de acordo com o Jornal da USP.