Há menos de um mês, a morte de uma menina de 12 anos chocou a população de Montenegro. Luísa Danielly de Oliveira Pereira foi diagnosticada com câncer no sangue na manhã de 21 de outubro e faleceu na noite do mesmo dia.
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Conforme o Ministério da Saúde, entre as doenças, o câncer é a primeira causa da morte de crianças. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), somente de 2023 a 2025, devem totalizar, a cada ano, 7.930 novos casos da doença em pessoas de 0 a 19 anos.
No caso de Luísa Danielly, o quadro era de metástase e nódulos no pulmão com generalização de linfoma, um dos tipos de câncer no sangue.
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O linfoma infantojuvenil
A hematologista do Inca Marcia Trindade Schramm explica que os linfomas “surgem no sistema linfático, região composta por gânglios linfáticos e vasos”. O sistema faz parte do sistema imunológico e, como o tecido linfático é encontrado em todo o corpo, ele pode começar em qualquer lugar.
A doença costuma afetar as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Em crianças e adolescentes, é um dos três tipos de câncer mais frequentes.
Depois dele, estão as leuceminas, neoplasias que atingem os glóbulos brancos do sangue, e os tumores do sistema nervoso central.
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Apesar disso, o câncer no sangue não é mais perigoso no público infantojuvenil. “São doenças agudas e agressivas. No entanto, as crianças respondem melhor ao tratamento e às toxicidades relacionadas”, diz Marcia.
Porém, para isso, é de extrema importância que o diagnóstico seja feito o mais cedo possível. “Sem tratamento imediato, a taxa de mortalidade pode chegar a 40%.”
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Doença silenciosa
“A gente não sabia nada do câncer dela. Foi muito rápido. Descobrimos pela manhã e à noite ela morreu”, afirmou o pai de Luísa Danielly, Daniel Pereira, em entrevista à reportagem no mês passado.
O diagnóstico do câncer aconteceu apenas após um acidente. Poucos dias antes, ela teria sofrido uma lesão no cóccix enquanto jogava bola com o irmão de 9 anos. “Antes disso, ela comia bem, jogava bola e era ativa”, contou o pai.
A especialista afirma que a doença pode ser silenciosa. “Sinais e sintomas da doença podem não ser perceptíveis no início, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento.”
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Os principais sintomas
Embora em alguns casos o paciente possa estar assintomático, a doutora explica que, quando os sintomas do câncer no sangue começam a aparecer, geralmente são:
– fadiga;
– cansaço;
– palidez;
– febre persistente;
– sudorese noturna;
– perda de peso;
– dor nos ossos;
– infecções;
– linfonodos aumentados;
– hematomas;
– petéquias;
– outros sangramentos.
Os linfonodos são os gânglios linfáticos, que ficam no pescoço, clavícula, virilha e axila. Já as petéquias são pequenas manchas marrom-arroxeadas ou vermelhas, causadas pelo sangramento sob a pele.
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Os tratamentos
Dependendo da doença, os tratamentos incluem quimioterapia, corticoide, anticorpos monoclonais, radioterapia e transplante de medula óssea. “As transfusões de hemoderivados e o uso de estimuladores de colônias de granulócitos fazem parte do tratamento de suporte.”
Porém, a escolha do procedimento exato depende de outros fatores, como a idade do paciente e a classificação da doença no momento do diagnóstico.
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Diagnóstico o quanto antes salva vidas
Apesar do câncer ser a maior causa de morte por doenças na faixa etária, independentemente do tipo, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidas podem ser curadas, conforme o Inca, se houver o diagnóstico precoce e o tratamento certo.
E embora manter hábitos saudáveis de vida possa contribuir para diminuir os riscos de câncer, a hematologista explica que não há como prevenir. “Não há fator de risco conhecido que possa ser modificado. Consequentemente, não há como evitar o aparecimento da doença”, afirma. “A detecção precoce dos sinais e sintomas é o mais importante.”
Isso porque, caso seja diagnosticado já em estados mais avançados, o descontrole da doença, assim como os efeitos do tratamento, podem levar a complicações fatais.
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As complicações
Conforme Marcia, as complicações, de maneira geral, são infecciosas, podendo haver febre e até distúrbios metabólicos, como: hiperuricemia, hipercalemia, hiperfosfatemia e hipocalcemia ou hipercalcemia. Dentre as complicações estão também os sangramentos, trombose, reações alérgicas, entre outras.
Ela salienta ainda que, quando a contagem de glóbulos brancos está muito elevada (hiperleucocitose), ou ocorre um excesso significativo de proteínas séricas (hiperviscosidade), podem ocorrer a leucoestase e a síndrome de hiperviscosidade, causando insuficiência respiratória e hemorragia intracraniana.
Por tanto, qualquer dos sinais citados acima ou que seja fora do comum da criança, é de extrema importância procurar um atendimento médico.
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