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ATENDIMENTO ONCOLÓGICO

Antes da inauguração oficial, Centro de Oncologia e Hematologia do GHC inicia atendimento

Pacientes de diversas cidades do Estado já estão realizando tratamentos de combate ao câncer

Eduardo Amaral
Publicado em: 10/07/2024 às 20h:40 Última atualização: 10/07/2024 às 20h:41
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O caminhoneiro aposentado Gilmar Corrêa da Silva, 59 anos, descobriu em 2021 um câncer na bexiga e iniciou o tratamento no Hospital Conceição, em Porto Alegre. Três anos depois, devido à metástase, a doença chegou aos pulmões, e ele mais uma vez voltou para o Conceição, contudo encontrou o espaço de atendimento totalmente modificado.

Stephanie Greiner coordenadora da Linha de Cuidado Oncológico do GHC, apresenta as novas instalções destinadas para o tratamento oncológico. | abc+



Stephanie Greiner coordenadora da Linha de Cuidado Oncológico do GHC, apresenta as novas instalções destinadas para o tratamento oncológico.

Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

“A diferença é gigante, a estrutura traz muito mais conforto, tu te sente bem fazendo um tratamento de qualidade, o que prova que o SUS está bem acima daquilo que a gente sempre imaginou”, relata o paciente morador de Gravataí, que desde maio é um dos pacientes atendidos no novo Centro de Oncologia e Hematologia (COH), que desde abril oferece tratamento oncológico e hematológico. Mesmo sem ter sido inaugurado oficialmente, o espaço localizado junto ao Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) já tem recebido pacientes de todo o Estado.

Acompanhado da esposa, a dona de casa Rosane Estavam da Silva, 58 anos, Gilmar comemora também o fato de haver uma estrutura que permite a ele ter a companhia da família nesse momento. “Agora eles podem ficar aqui com a gente, isso melhora muito o atendimento.”

Com a nova estrutura, o GHC deve aumentar em 77% a capacidade de atendimento de internações e 200% na quimioterapia. “A ideia é que ele seja acolhido e no dia que ele venha na consulta ele já tenha um direcionamento e não precise ficar pipocando em vários lugares”, explica a coordenadora da Linha de Cuidado Oncológico do GHC, Stephanie Greiner, sobre o funcionamento do COH. Atualmente o GHC tem aproximadamente mil pacientes sendo atendidos em outros hospitais, os quais poderão ser remanejados de volta ao GHC.

Mesmo sem ser inaugurado oficialmente e ainda restando cerca de 7% das obras a serem finalizadas, todas no térreo, o novo espaço já iniciou os atendimentos. São cerca de 1,9 mil procedimentos de quimioterapia mensais, o que corresponde a 1.050 pacientes. Já na internação são 150 pacientes, nas especialidades hematologia, oncológica clínica e oncologia cirúrgica, além de seis mil consultas realizadas por mês.

Como se trata de uma instituição vinculada ao Ministério da Saúde, o GHC consegue recursos diretamente junto ao governo federal. Assim foram feitos os projetos e investimentos de cerca de R$ 103 milhões para a construção do novo espaço. Justamente em razão disso, todo o atendimento oferecido é via Sistema Único de Saúde (SUS), não tendo qualquer convênio ou atendimento particular sendo realizado. Apenas algumas Organizações Não Governamentais (ONGS) e voluntários trabalham na perucaria e na biblioteca construída para atender pacientes e familiares.

Investimentos

Iniciada em 2018, o novo prédio de 14 mil metros quadrados construídos ainda passa por obras no térreo, onde está sendo instalado um dos aparelhos mais caros e importantes para o tratamento de radioterapia. O acelerador linear, um equipamento com custo aproximado de R$ 20 milhões.

Estrutura centraliza todo o atendimento de câncer em um apenas local terapias totalmente destinadas para pacientes SUS | abc+



Estrutura centraliza todo o atendimento de câncer em um apenas local terapias totalmente destinadas para pacientes SUS

Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

A instalação deste equipamento, que deve ser o primeiro de dois previstos para serem instalados no COH, vai ao encontro da proposta de centralizar todo o atendimento SUS oferecido pelo GHC. O Conceição atualmente é responsável pelo atendimento de pacientes de diversos municípios do Estado, encaminhados via sistema de regulação ou mesmo atendidos na emergência do hospital e que venham a ser diagnosticados.

Com o tratamento concentrado, pacientes como Ana Millena dos Santos Candido, 21 anos, moradora de Tramandaí. No dia 29 de abril deste ano, véspera de seu aniversário, ela recebeu o diagnóstico de leucemia mieloide crônica (LCM), um câncer que ataca a medula óssea e de difícil tratamento.

Encaminhada para o GHC ela conseguiu agilizar e acelerar o tratamento. “Quando vim para cá fui para emergência e de lá já vim para a ala nova. Fiquei só dois dias internada e já descobri qual a minha doença e comecei meu tratamento”, conta ela que atualmente realiza entre duas a três viagens mensais de Tramandaí até a capital para se tratar.

Trabalhador da construção civil, Jorge Leandro Portela Candido, 45 anos, pai de Ana busca manter a tranquilidade para dar o apoio necessário à família, mas não esconde o  baque inicial da notícia. “O primeiro impacto é difícil, tentar descobrir o tipo, a reação, não sabe se tem tempo de vida ou não”, relembra.

Proposta do hospital é centralizar os atendimentos

Um dos desafios anteriores era quanto a distribuição de medicamentos, já que a farmácia que ficava do outro lado da rua tinha um horário de atendimento incoerente com o tempo do tratamento. “O paciente terminava o tratamento dele às 17h30 e a farmácia estava fechada e ele precisava voltar outro dia”, relembra Stephanie Greiner, destacando que, por razões sociais, muitos pacientes acabavam não retornando e abandonavam o tratamento.

Qualidade de internação

Para além da melhoria no atendimento ambulatorial, o novo prédio busca melhorar a qualidade de pacientes e acompanhantes que precisam ficar internados. Com a experiência de ter vivido nos dois ambientes, Gilmar avalia as mudanças. “Ficou tudo melhor, a acessibilidade, as camas. A gente não fica tão dependente de quem trabalha aqui, muitas coisas a gente consegue fazer sozinho, permanência do acompanhante. Antes não tinha nem ventilador”, relembra ele que quando concedeu a entrevista acompanhava uma partida da Eurocopa em uma televisão instalada no quarto, algo difícil de imaginar no prédio antigo.

Ana Millena dos Santos Candido, acompanhada pelo pai Jorge Leandro Portela Candido viaja até quatro vezes por mês de Tramandaí até Porto Alegre para se tratar  | abc+



Ana Millena dos Santos Candido, acompanhada pelo pai Jorge Leandro Portela Candido viaja até quatro vezes por mês de Tramandaí até Porto Alegre para se tratar

Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Além de atender a necessidade dos pacientes, uma das preocupações é oferecer um espaço mais confortável para os familiares. Por isso o espaço conta com estruturas mais confortáveis tanto em termos de poltronas como na oferta de uma cozinha exclusiva aos acompanhantes.

Stephanie ainda ressalta a melhora para os próprios profissionais, que agora contam com uma série de equipamentos mais modernos e que oferecem melhores condições de atuação. Agora, a equipe aguarda a visita da ministra da Saúde, Nísia Trindade, e talvez até mesmo a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a inauguração oficial.

Uma das grandes expectativas é que o ato aconteça nos próximos meses e venha acompanhado do anúncio de aquisição do segundo acelerador linear. A estrutura especial para receber o equipamento está sendo finalizada, faltando a liberação de verba do governo federal para a compra e instalação.

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