A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência neurodegenerativa do mundo, responsável por aproximadamente 70% dos casos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 50 milhões de pessoas convivem com a doença, que afeta principalmente indivíduos acima dos 65 anos.
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No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 1,2 milhão de pessoas vivem com Alzheimer, com 100 mil novos casos surgindo a cada ano. Embora existam medicamentos capazes de retardar a progressão dos sintomas, o controle da doença permanece limitado.
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Descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, que carrega o nome da descoberta, a doença não apresentou avanços significativos em termos de cura. No entanto, o cenário pode mudar com novas pesquisas que possibilitam o diagnóstico precoce do paciente — uma estratégia crucial para tratamentos mais eficazes.
Uma das inovações mais promissoras é o desenvolvimento de exames de sangue para detectar a presença da doença, uma tecnologia já disponível em alguns países. No Brasil, esses exames ainda estão em fase de validação e vêm sendo estudados na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com a participação do acadêmico Wagner Scheeren Brum, 27 anos, de Novo Hamburgo.
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Brum cursa Medicina e, ao mesmo tempo, faz doutorado em Bioquímica. Sua pesquisa sobre o desenvolvimento e validação clínica de novos exames de sangue para o diagnóstico precoce do Alzheimer foi reconhecida e utilizada como referência nas diretrizes globais mais recentes sobre a doença, publicadas em junho.
Ex-aluno da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, a tese do jovem é um dos principais estudos do Laboratório de Neuroimagem da UFRGS. As pesquisas são orientadas pelos professores Eduardo Zimmer e Diogo Souza, ambos do departamento de Bioquímica.
Estudo mira no diagnóstico
A doença de Alzheimer é um transtorno caracterizado pela anormalidade de duas proteínas no cérebro: beta-amiloide e tau. No entanto, essas alterações que causam a doença não são avaliadas rotineiramente em pacientes com queixas cognitivas.
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Segundo Brum, o diagnóstico ainda é essencialmente clínico, sem o uso de exames que confirmem se de fato as pessoas têm Alzheimer. “Os exames de imagem comumente feitos, como ressonância magnética e tomografia, dão uma ideia do quão avançada está a doença, mas não informam sobre a causa”, explica.
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Apesar de existirem exames que detectam as alterações cerebrais características do Alzheimer, como tomografia por emissão de pósitrons ou avaliação do líquido cérebro espinhal através de punção lombar, o alto custo e a pouca praticidade desses procedimentos os afastam da prática clínica e dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Por isso, a pesquisa da UFRGS, em parceria com o Ministério da Saúde, aposta em exames de sangue com foco em baratear a busca por diagnóstico e facilitar a a implementação na prática clínica dos médicos.
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A análise do sangue coletado é feita por um equipamento de R$ 1,4 milhão, que já se encontra na UFRGS. De acordo com Brum, apenas uma instituição de ensino do Rio de Janeiro possui o mesmo aparelho no Brasil. “Nossa previsão é de que o estudo avance bastante. Apesar de alguns países já estarem com o exame de sangue em atividade, precisamos validar a sua implementação na população brasileira antes de disponibilizá-lo clinicamente”, afirma.
A pesquisa com brasileiros deve ser iniciada até o final do ano. A hipótese dos pesquisadores, apresentada na tese de Brum, é de que as proteínas beta-amiloide e tau possam vazar para o sangue, o que facilita a sua identificação e, consequentemente, o diagnóstico de Alzheimer. “A grande esperança é que com esses estudos possamos talvez identificar o acúmulo dessas anormalidades até 20 anos antes do início da doença”, pondera Brum.
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Vínculo com a avó
Para além do interesse científico pelo estudo do cérebro, a pesquisa de Brum também tem um apelo emocional que o impulsiona: a avó Herta Scheeren, 90 anos, vive com a doença de Alzheimer há um bom tempo. A idosa, que mora no bairro Vila Nova, conta com o apoio da família para sobreviver ao diagnóstico.
A piora no quadro da avó começou justamente quando o jovem deu início ao seu estudo sobre a doença. “Isso foi um motivador importante para mim. Me guiei muito pelo interesse científico, mas também em poder avançar num estudo de uma doença que é tão avassaladora e cruel, e que vejo de perto”, disse.
O projeto, chamado de Iniciativa Brasileira de Biomarcadores para Doenças Neurodegenerativas, visa no futuro implementar os exames de sangue para detecção do Alzheimer na prática clínica. O sonho de Brum, que até o final de 2025 deve finalizar o curso de Medicina e o doutorado, é que o estudo avance significativamente até lá, o que promete melhorar a qualidade de vida de pessoas que convivem com a doença.