O Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul (Sindimetrô) anunciou paralisação dos trabalhadores, por 24 horas, a partir da 0 hora do próximo sábado (26), dia em que começa a 46ª Expointer, em Esteio. A greve foi aprovada em assembleia realizada na terça-feira (22), no saguão do prédio administrativo da Trensurb. A decisão, contudo, pode ser revertida até o dia 25, para quando está prevista nova assembleia.
Entre as reivindicações da categoria estão a remoção da empresa do Programa Nacional de Desestatização (PND) e as perdas salariais. As negociações seguem ocorrendo durante a semana.
Reclamações
Os profissionais também reclamam de questões referentes a segurança, infraestrutura e direitos trabalhistas. “Conviver com buracos, infestações, falta de iluminação, divisórias caindo no ambiente de trabalho não é normal”, expõe o sindicato em comunicado oficial.
Os trabalhadores pedem ainda a atualização do plano de carreira e maior desconto nos planos de saúde.
De acordo com o diretor jurídico do Sindimetrô, Ronas Augustin Mendes Filho, as reuniões com a Trensurb ocorrem desde o dia 19 de julho. “Nós já tivemos seis reuniões, e a empresa não mudou o reajuste salarial e os tickets alimentação”, afirma o gestor.
“A empresa ofereceu 3,06%, um índice abaixo do INPC [índice que mede a inflação] de base, que é de 3,83%”, prossegue. Devido à defasagem dos últimos anos, o sindicato pleiteia um aumento salarial de 11,30%.
“Em anos anteriores, recebemos reajustes abaixo da inflação”, observa Ronas. “Na questão do nosso vale-alimentação, a defasagem passa dos 30%, pois não recebemos nenhum tipo de reajuste desde 2018”, completa. (Leia a nota do Sindimetrô abaixo).
Trensurb diz que negocia
Procurada, a direção da empresa afirmou que está em negociação com todos sindicatos que representam os empregados da Trensurb – que também conta com engenheiros, arquitetos, administradores e técnicos industriais – referente aos novos acordos coletivos de trabalho, mas destacou que “não possui total autonomia nas negociações por ser uma empresa pública”.
Também adiantou que, caso a paralisação venha a se confirmar, tomará “as medidas cabíveis para atender os usuários do metrô e garantir a prestação do serviço de transporte com o menor impacto possível”. (Leia a nota na íntegra abaixo).
Nota do Sindimetrô
“A categoria definiu uma paralisação para o dia 26 de agosto, data de abertura da Expointer. O motivo é a falta de avanço nas negociações de dissídio com a direção da Trensurb. Na segunda-feira, 21, houve a 6ª reunião sem avanços das cláusulas econômicas.
O Sindimetrô RS considera a proposta de 3,06% de reajuste um “deboche” com a categoria. Uma assembleia nesta terça, 22, reafirmou a posição dos(as) trabalhadores(as). A categoria está em negociação desde o início julho.
A paralisação de 24h a partir da zero hora do dia 26 de agosto é uma forma de chamar a atenção para a sociedade gaúcha da importância dos(as) metroviários(as). Lutamos pela reposição das perdas salariais e da valorização da categoria. Também estamos enfrentando a ameaça de privatização da empresa. Pela saída imediata da Trensurb do PND e pela garantia dos postos de trabalho!
Transportamos diariamente 110 mil pessoas pela região metropolitana e defendemos o transporte público, estatal e de qualidade. Transporte é um direito constitucional e defendemos a tarifa zero. Não existe Expointer sem Trensurb, e não existe Trensurb sem trabalhadores(as).
Estamos aguardando a posição da empresa para suspender ou não a greve. Uma nova assembleia irá deliberar a paralisação na sexta-feira às 12h.”
Nota da Trensurb
“A Direção da Trensurb, primeiramente, manifesta seu respeito ao movimento sindical e pela luta dos trabalhadores e informa que estabeleceu um processo de negociação com os sindicatos referente aos novos acordos coletivos de trabalho, estando à disposição deles e sempre aberta a receber suas demandas e buscar alternativas que sejam satisfatórias para todas as partes. Vale destacar, no entanto, que a Trensurb não possui total autonomia nas negociações por ser uma empresa pública, subordinada ao Ministério das Cidades e sujeita às limitações do orçamento federal.
Dito isso, a Direção da empresa considera que as diferenças entre a pauta apresentada pelo Sindimetrô-RS e a proposta da empresa são muito pequenas, o que possibilita que se chegue a um denominador comum, de modo a não justificar um movimento grevista. Especificamente em relação à retirada da empresa do Programa Nacional de Desestatização, pauta trazida pelo sindicato, já houve inclusive manifestação do governo federal pela decisão por atender a essa importante demanda.
De qualquer forma, caso a intenção pela paralisação permaneça, a Trensurb tomará as medidas cabíveis para atender os usuários do metrô e garantir a prestação do serviço de transporte com o menor impacto possível. Nesse sentido, a empresa deverá acionar o Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho buscando a mediação do conflito, além de traçar estratégias operacionais para mitigar o efeito de uma eventual paralisação de trabalhadores.”
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