A demissão de cerca de 100 funcionários da fabricante de armas Taurus, com sede em São Leopoldo, gerou reação do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do município, que realizou um ato contra a medida na frente da empresa na tarde da segunda-feira (1º).
De acordo com o presidente da entidade, Valmir Lodi, cerca de 20 sindicalistas participaram da ação que aconteceu por volta das 13h30, durante a troca de turno da fábrica, no Distrito Industrial de São Leopoldo. “Não fizemos e nem incentivamos greve, também não trancamos as passagens de entrada e saída da empresa”, garante.
Com um carro de som, os sindicalistas criticaram a empresa pelos desligamentos que desde o começo do ano somam mais de 300. A Taurus atribui as demissões aos dois decretos do governo federal que dificultam o acesso a armas no País. “Estamos dialogando com eles, no sentido de entender essas demissões, pois eles sempre afirmaram a maior parte das produções eram para exportação. Então pedimos números para ver o quanto afeta a produção por conta dos decretos do governo, com a intenção de saber se de fato essa era a melhor alternativa”, explica Lodi.
Além das críticas à Taurus, os representantes do sindicato também fizeram falas direcionas ao Banco Central por conta da taxa de juros. “Entendemos que com o valor atual da Selic, 13,75%, realmente fica difícil do setor fazer novos investimentos”, comenta o presidente da entidade. Ele defende que a taxa de juros deve ser reduzida para evitar transtornos ao setor metalúrgico.
Em nota, a Taurus disse que “as demissões não possuem qualquer relação com a taxa de juros, conforme afirmado inveridicamente pelo sindicato. No que se refere a dívida da companhia, 90% estão em dólar e 10% são praticamente em operações com a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), não estando diretamente ligadas a taxa Selic”. A empresa ainda lembra que, nos últimos anos, investiu na ampliação da sua planta industrial com recursos próprios. Porém, com as novas medidas, a fabricante de armas paralisou as obras da unidade de saúde Vila Nova.
“A Taurus, como empresa que preza sempre pela liberdade de expressão, respeita o direito à manifestação sendo este um importante pilar da democracia, porém repudia veementemente o ato do sindicato de propagar informações falsas aos funcionários em um caminhão em frente à sede da companhia”, diz outro trecho do posicionamento.
Sobre as demissões, a empresa reforçou que foram consequência “às restrições impostas ao setor pelo Decreto Nº 11.366, de 1º janeiro de 2023, e pelo Decreto Nº 11.615, de 21 de julho de 2023”. A Taurus ainda disse que tentou dialogar com autoridades do município, do Estado e do governo federal, com a intenção de buscar alternativas que possibilitassem a manutenção dos empregos. “Sem êxito”, afirma.
“A Taurus lamenta profundamente as demissões, inclusive por ir na contramão de todo o investimento realizado nos últimos anos na capacitação e desenvolvimento contínuo das pessoas, por meio do projeto da Taurus de Educação Continuada, com o intuito de contribuir para o crescimento pessoal e profissional de seus colaboradores”, finaliza.
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