A semana foi de festa para alunos e funcionários do Centro de Capacitação Educação Inclusiva e Acessibilidade (Ceia) Professora Ana Lúcia, em Canoas. A unidade localizada no bairro Mathias Velho completou 20 anos de atuação junto à comunidade canoense.
Com a função de trabalhar o desenvolvimento de alunos que necessitam de atenção especial, o local conta com profissionais de diferentes áreas: psicopedagogia, psicomotricidade, fonoaudiologia e psicologia. “Todos são especialistas”, afirma a coordenadora do Ceia, Emília da Costa.
Emília chegou ao Centro de Capacitação em 2018, primeiro para atender os alunos. “Todos estudam na rede municipal de Canos e frequentam as atividades no contraturno escolar.” Atualmente 327 estudantes são recebidos ao menos uma vez na semana por 16 professores. “Cada aluno pode receber o atendimento de até duas especialidades, desde a educação infantil até o 9º ano do ensino fundamental.”
Vínculo familiar
E segundo Emília, não são apenas os alunos que recebem atendimento, as famílias também participam. “Atendemos as famílias, temos grupos de pais onde eles têm espaço para falar e aprender. Desabafar sobre os momentos de dificuldades e os “nãos” que já receberam.” O vínculo é tanto, que conforme a coordenadora, muitos optam por permanecer nos grupos mesmo após ver os objetivos concluídos. “Eles não querem se desvincular.”
Os acompanhamentos são dedicados para crianças e adolescentes portadores de síndrome de down, autismo, Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDHA), ou alguma dificuldade de aprendizagem. “Nosso objetivo é buscar soluções.” Para frequentar o Ceia, é necessário o encaminhamento da escola.
Um ajuda o outro
As mães Tatiane Quadros, 37 anos e Roberta Lerina, 36, vivem a mesma experiência: filhos com TDHA. Eles ainda não contam com laudos, no entanto, já frequentam o Ceia. “Estão investigando, pediram exames”, diz Tatiane. O mesmo acontece com Roberta. “Acham que pode ser déficit de atenção e hiperatividade.”
E o apoio mútuo tem sido fundamental na hora de enfrentar as dificuldades. “Muitas choram, desabafam e nós sabemos o que passamos”, afirma Tatiana. Os preconceitos também são tratados nas rodas de conversa. “O problema de uma família pode encaixar com os de outra. Isso ajuda com os preconceitos que sofremos na sociedade”, completa Roberta.
“Se não fosse aqui, ela não teria tratamento”
Fabiele Benfica, 38 anos, é mãe de gêmeas, as filhas estão no 2º ano do fundamental da Escola João Paulo I. Apesar de idênticas, as irmãs têm uma pequena diferença: o autismo. “Descobri há dois anos, que apenas uma das minhas pequenas é autista. Se não fosse aqui, ela estaria sem tratamento. Eu não teria condições financeiras”, relata a moradora do bairro Mathias Velho, que frequenta o Ceia há dois anos.
Apesar de apenas uma das jovens frequentar o Ceia, as manas estão sempre juntas. “Eles deixam que elas fiquem juntas. Se ajudam, enquanto uma já sabe ler e escrever, a outra está recém aprendendo a parte motora.” A recomendação aconteceu ainda na escolinha e o resultado é positivo. “A evolução está sendo ótima. Não me imagino sem o trabalho que realizam aqui;”
Pedro Almeida, 41 anos, reitera a importância da dedicação das professoras no dia a dia da filha, de 8 anos. “Ela tem uma dificuldade na fala. É impressionante ver a minha filha chegar falando “tarro” e sair da aula falando “carro”.
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