O estado de saúde da mulher de 59 que ficou gravemente ferida após acidente na RS-115, em Três Coroas, é considerado grave. “Os médicos sinalizaram que se ela sobreviver as sequelas serão terríveis. Ela pode não andar, não falar”, conta Jaqueline Rodrigues, de 29 anos, filha mais velha da turista.
A técnica judiciária Rosana Emilia Rodrigues Motta, viajava com o marido, de 57 anos, e o filho, 17, para conhecer Gramado, aproveitando o recesso escolar do adolescente e antecipando o aniversário de casamento que é no fim do ano. No domingo da semana passada (23), a família que mora em Itapetininga, em São Paulo, havia chegado a pouco tempo no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Eles usavam um serviço de translado para a cidade da Serra Gaúcha, quando por volta das 19h20 o automóvel Fiat Cronos que eles estavam foi atingido por um Honda Civic.
A filha mais velha do casal, conta que o pai relata que “só viram o clarão muito rápido e aí foi o estouro”. O delegado Ivanir Luiz Moschen Caliari, responsável pela investigação, afirma que o condutor carro que atingiu o veículo que transportava a família de turistas, estava embriagado no momento do acidente. A Polícia Civil apurou que o suspeito estava em bar, onde teria consumido doses de vodka com energético.
“Era um sonho que virou pesadelo”, desabafa Jaqueline. Os pais economizaram por cerca de seis meses para fazer a viagem à cidade que é um dos principais destinos brasileiros escolhidos por casais e famílias. Ela lembra que estava em sua casa assistindo televisão quando recebeu a ligação do pai informando sobre o acidente. “Jaque, a viagem acabou. Sofremos um acidente grave, sua mãe está sendo transferida para a UTI”, lembra sobre o telefonema.
Assustada, a primogênita do casal, não pensou duas vezes e veio para o Rio Grande do Sul. “Naquele momento que ouvi o tom de voz dele, naquele momento achei que ela tinha morrido”, recorda. “Sai com a roupa do corpo, entrei no carro e dirigi. Não sabia se estava indo para Campinas ou para São Paulo. Fui tentando comprar a passagem no meio do caminho e peguei o primeiro voo para Porto Alegre”, detalha.
Quando chegou na capital gaúcha, Rosana já havia sido transferida para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas. “Já estava na UTI. Fizeram a cirurgia de urgência ainda naquela madrugada”, relata. A mãe dela teve lesões no crânio com perda de parte da sua massa encefálica.
Pelo quadro de saúde delicado, transferência para o estado onde a família reside não é uma opção. “Tiraram o sedativo dela e saberão hoje (segunda-feira) se ela teve alguma resposta cerebral”, explica Jaqueline. De acordo com ela, é a partir das reações da mãe após essa etapa que o futuro será determinado.
Família quer justiça
O homem de 30 anos suspeito de causar o acidente foi preso na manhã desta segunda-feira (31) em Três Coroas. Conforme o delegado, ele estava na casa de parentes em Santa Cruz, no Vale do Rio Pardo, mas com intermédio do seu advogado negociou a rendição na cidade onde a colisão aconteceu.
Antes disso, a família de Rosana criou um perfil no Instagram onde relatam o caso e cobrar os órgãos de segurança por justiça.
No perfil, mantido pelos filhos, há postagens pedindo apoio dos gaúchos para pressionar as autoridades e também relatos de como era a rotina da mãe antes do acidente. “Minha mãe, há cerca de quase três anos cuidava da minha vó acamada e com alzheimer. E agora ver minha mãe, tão forte, aquela que cuidava de todos, mãe, madrinha, tia, irmã …boa demais e querida por todos nessa situação, dói meu Deus, dói demais. Não poder tirar todos aqueles aparelhos dela, não saber o que esperar nas próximas horas, dias! Rezem meus amigos, rezem pelo neurológico dela. Ela vai sair viva, Deus faz a obra por completo e vai restaurar o neurológico dela”, diz uma das publicações.
O acidente alterou a rotina da família. Além de Jaqueline, o marido de Rosana também está em Canoas acompanhando a mulher que está internada na UTI desde a noite que veículo da família foi atingido.
“Alugamos uma kitnet, pois se hospedar em hotel nesse momento não é viável. A Igreja me ajudou com doação de roupas, pois só vim com a roupa que estava vestindo no corpo”, relata Jaqueline. O filho caçula da família voltou para Itapetininga, onde está aos cuidados de parentes.
“Ele estava ficando muito sozinho aqui, pois o pai e eu estamos em função de hospital. Achamos melhor ele voltar para casa”, conta. Sobre a avó, que era cuidada pela sua mãe, Jaqueline disse que parentes e amigos estão auxiliando no cuidado. “Não sabemos como vai ser mais para frente, pois nesse momento todo mundo se comove. Mas depois de um ou dois meses, é a gente e Deus”, pontua.
“Está sendo um pesadelo. O que era para ser um momento de alegria, virou a tragédia da minha vida”, finaliza.
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