Neste sábado (21), unidades de saúde de todo o Rio Grande do Sul estarão de portas abertas à espera de crianças e adolescentes. É o Dia D da Campanha Nacional de Multivacinação, com oferta de 18 tipos de vacinas, incluindo a da Covid-19.
A ação é voltada para crianças e adolescentes de até 15 anos de idade. Para receber qualquer vacina, mães, pais ou responsáveis deverão apresentar documento de identificação, além da caderneta de vacinação das crianças e adolescentes.
O secretário de Saúde de Novo Hamburgo, Marcelo Reidel, chama atenção que esse é um momento para a conscientização sobre a importância de manter a vacinação em dia. “É um ato de amor com nossas crianças e adolescentes. É hora de deixar de lado as inverdades sobre as vacinas que são publicadas nas redes sociais e protegê-los contra as doenças, que estão voltando justamente devido à falta de vacinação”, ressalta.
Em Canoas, 15 postos estarão abertos, das 8 às 17 horas. Em Novo Hamburgo, todas as Unidades de Saúde da Família (USFs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além da Casa de Vacina, terão funcionamento das 8 às 16 horas. Já em São Leopoldo, a imunização ocorre das 9 às 16 horas em 19 unidades. Além disso, as unidades terão atendimento especial para as mulheres em razão do Outubro Rosa, como forma de prevenção ao câncer de mama.Em 2023, o Ministério da Saúde adotou uma estratégia inédita e passou a promover ações de microplanejamento nos estados, conforme o calendário da multivacinação. Sendo assim, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina realizam a campanha no mesmo período. A partir de 21 de outubro, quem recebe a ação é Minas Gerais. Até o momento, o MS já lançou a campanha em 23 estados. O microplanejamento é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com foco na realidade local, desde a definição de população-alvo, escolha das vacinas, definição de datas e logística.
Movimento Nacional pela Vacinação
Em 2023, o Programa Nacional de Imunização (PNI), apontado como a maior iniciativa pública de vacinação do mundo, completou 50 anos. Apesar disso, a cada ano o Brasil vem diminuindo o número de pessoas protegidas, fenômeno que se repete em outros países também. Por isso, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, com o objetivo de retomar a confiança da população nas vacinas e da cultura de imunização.
“Há algumas décadas, era impensável que seria preciso convencer a população sobre a necessidade de as pessoas se vacinarem. Com o controle de doenças imunopreveníveis, no entanto, a população perdeu e percepção de risco e passou a prestar mais atenção em eventos adversos raros”, analisa o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBim), Renato Kfouri. Em agosto, a entidade realizou um encontro sobre o tema da desinformação.
Segundo a SBim, esse cenário, junto a outros fatores como dificuldade de acesso e horários de atendimento restritos, levou à queda nas coberturas vacinais no Brasil. Atualmente, além de ter perdido o certificado de eliminação do sarampo, o País está sob alto risco de retorno da poliomielite.
Após ter alçado a meta de 90% de imunização contra a poliomielite na população infantil em anos anteriores, o Brasil chegou a registrar cobertura vacinal de apenas 40% no ano passado. Hoje, o território brasileiro está em perigo. Neste ano, houve a confirmação de uma criança infectada no Peru.
Integrando este esforço de retomada da credibilidade no PNI, o Zé Gotinha, ícone da vacinação no País, criado em 1986, voltou com “força total” na propaganda do Ministério Saúde. Em Dois Irmãos, por exemplo, o Zé Gotinha visitou escolas durante toda essa semana para estimular as crianças a se vacinarem.
Vacina em gotinha será aposentada
A partir de 2024, o Ministério da Saúde vai substituir a Vacina Oral Poliomielite (VOP) – ou em gotinhas, como ficou popularmente conhecida – pela versão injetável inativada (VIP). A transição acontecerá progressivamente, a fim de assegurar uma maior eficácia do esquema vacinal.
Atualmente, as crianças recebem três doses injetáveis do imunizante – aos 2, 4 e 6 meses de vida –, e duas doses de reforço da vacina oral – aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Com a atualização, a versão injetável também será adotada aos 15 meses. Já a última dose de reforço, aplicada aos 4 anos, deixará de ser necessária, uma vez que o esquema vacinal com quatro doses da vacina inativada vai oferecer uma proteção completa contra o vírus da poliomielite.
Queda começou em 2015 e se acentuou na pandemia
De 2015 a 2022, as coberturas vacinais foram “ladeira abaixo”, situação agravada durante a pandemia. Em 2020 e 2021, a maior parte das coberturas vacinais no Rio Grande do Sul, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, ficaram na faixa de 80%. Enquanto que a cobertura de BCG em 2015 foi de 103,74%, caiu para 79% em 2021 e subiu para 88,54% no ano passado. Nem os recém-nascidos ficam dentro de meta de imunização segura. Para hepatite B em crianças até 30 dias de vida, a cobertura ficou em 83,7%.
Em Canoas, por exemplo, a cobertura de vacinação da pólio estava em 51,91%, segundo dados do Sistema de Informação Programa Nacional de Imunizações.
O que é a poliomielite?
A poliomielite, também conhecida como pólio ou paralisia infantil, é uma doença causada por um vírus chamado poliovírus, que invade o sistema nervoso e, nos casos mais graves, pode causar paralisia. A poliomielite é uma doença muito contagiosa, ou seja, é transmitida de pessoa para pessoa de forma rápida e afeta, principalmente, crianças menores de cinco anos, mas também pode acometer adultos. As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro, normalmente são motoras e não têm cura. A vacinação é a única forma de prevenção.
Vacinas à disposição
– BCG (tuberculose)
– Hepatite A
– Hepatite B
-Pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, bactéria Haemophilus influenzae tipo B e a Hepatite B)
– Pólio oral (poliomielite)
– Pólio inativada (poliomielite)
– Rotavírus
-Pneumo10 valente (doença pneumocócica causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae)
-Meningo C (meningite)
– Febre amarela
– Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
-Tetraviral(sarampo, caxumba, rubéola e varicela)
– Varicela
-dT(difteria e tétano)
-dTpa(difteria, tétano e coqueluche)
-MeningoACWY (meningite)
– HPV (papilomavírus humano)
– Covid-19 (coronavírus)
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Fonte: Secretaria Estadual de Saúde