LUZ NO CÉU DO RS
RASTRO LUMINOSO: Quais são os riscos da reentrada de lixo espacial?
Na noite de quinta-feira (24), moradores de diversas regiões do Rio Grande do Sul registraram um rastro luminoso no céu
Última atualização: 25/08/2023 09:02
Os objetos na órbita da Terra podem ser de diferentes tipos: no caso dos chamados “detritos espaciais”, temos objetos artificiais produzidos por ação humana, e outros que são naturais, como meteoroides na órbita do Sol.
Além destes, existem também os “detritos orbitais”, que ocorrem quando objetos artificiais perderam suas funções e, mesmo assim, continuam na órbita do planeta. Isso costuma ocorrer com satélites que não operam mais e estágios abandonados de veículos lançadores, por exemplo.
Todos os dias, parte destes objetos e seus fragmentos passam pelo processo de reentrada, no qual eles atravessam as camadas mais densas da atmosfera terrestre e se queimam. Este retorno para a Terra costuma ocorrer a 120 km de altitude, com detritos se deslocando a velocidades que podem chegar a 28 mil km/h.
A reentrada não costuma ser de risco alto para aeronaves ou moradores e construções em solo. Como o objeto é aquecido pela resistência do ar, ele perde velocidade e acaba destruído.
Rastro de luz no céu do Rio Grande do Sul
Na noite de quinta-feira (24), moradores de diversas regiões do Rio Grande do Sul, especialmente da Grande Porto Alegre, registraram um rastro luminoso no céu da região por volta das 23h40. O objeto permaneceu visível por pouco mais de um minuto, até desaparecer.
Por volta da 1h30 desta sexta-feira (25), o professor Fernando Jung, do Observatório Espacial Heller e Jung, de Taquara, divulgou que foi "registrada reentrada do estágio superior do foguete Soyuz SL-4 RB, lançado em 22 de agosto de 2023 no Cazaquistão". Segundo Jung, estava previsto que a estrutura faria esta reentrada, passando desde a região do Uruguai até o norte do Brasil. O material ficou cerca de um minuto e meio na atmosfera terrestre.
Segundo a Nasa, quando os pedaços resistem, a chance maior é de que caiam na água, sobretudo em um oceano. Há risco de cair no solo, mas a possibilidade é menor.
Em 1957, a antiga União Soviética lançou o satélite Sputnik-1 e deu início à era espacial. Desde então, milhares de foguetes, espaçonaves diversas e instrumentos variados já foram levados à órbita do nosso planeta. No entanto, não foi planejado o que seria feito destes objetos depois que não estivessem mais operacionais. É aí que nasce o lixo espacial.
A maior parte dos detritos pode alcançar velocidade que equivale a quase sete vezes àquela do disparo de uma bala. Na prática, um lixo espacial de um centímetro pode causar impacto equivalente ao de uma bola de boliche de movendo a 400 quilômetros por hora.