A chuva, apesar de forte, não atrapalhou o tradicionalismo e o churrasco de domingo (3) no Acampamento Farroupilha de Sapiranga, que começou na sexta-feira (1) e se estende até o dia 20 de setembro. São 83 piquetes instalados no Parque Municipal do Imigrante, e, segundo a organização, a expectativa é que 65 mil pessoas passem pelo evento.
Celebrar a cultura gaúcha é o objetivo dos festejos, e é claro que o churrasco, o chimarrão e a indumentária gaúcha são os destaques entre o público. Durante os 20 dias de programação, haverá atividades e shows de artistas tradicionalistas, como César Oliveira & Rogério Melo, Chiquito e Bordoneio, Luiza Barbosa entre outros.
No primeiro final de semana do acampamento, a chuva marcou presença, mas os piquetes tiveram boa circulação de pessoas e programações especiais em cada um. Carlos Alberto Finotti, por exemplo, resolveu adiantar o aniversário de 51 anos que comemoraria na segunda-feira (4) para comemorar neste domingo (3), ao lado de amigos e familiares, no piquete Turma do Costelão.
Cerca de 67 pessoas se reuniram para celebrar com Carlos, e o cardápio do almoço: churrasco. Já são 14 anos de fundação do piquete, que, de acordo com Finotti, começou com alguns casais de amigos que faziam costelão beneficente. Para ele, celebrar a cultura gaúcha é importante para não deixar morrer a tradição.
“É um símbolo da nossa cultura. Ver o pessoal se divertir e a imensidão que é a semana farroupilha é muito legal”, afirma Finotti, que trabalha como autônomo na área de hidráulica e elétrica. A expectativa para os próximos dias é poder movimentar o piquete. Durante a semana as atividades são à noite, com comida de panela. Já nos finais de semana, haverá almoço e jantar.
Chá da prendinha Amábile Beatriz
E não foi só comemoração de aniversário que movimentou o acampamento. Teve até chá de bebê com direito a decoração temática e balões com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul. Ainda na barriga da mamãe Caterine Helenita dos Santos, 43 anos, a bebê Amábile Beatriz já começou a sentir a tradição dos gaúchos, mesmo que ela não venha a ser uma, já que a mãe mora em São Paulo e é lá que pretende dar à luz.
Natural de Novo Hamburgo, desde 2003 ela morava em Londres, e há três anos atrás se mudou para São Paulo com o marido. Afastada das comemorações farroupilhas há alguns anos, ela conta que veio para o Sul e o tio sugeriu fazer o chá de bebê no piquete.
“Eu adoro essa época do ano. E a pequena já vai sentindo um pouco da nossa cultura. É muito legal para a integração, uma oportunidade de reencontro também, tanto de amigos, como de pessoas de outros piquetes”, afirma Caterine, que está grávida de seis meses e meio.
Truco e amizade
Já que a chuva não deu trégua, no piquete Alma do Pampa, um jogo de cartas animou a tarde dos amigos Cláudio Bressan, 58, e Ailton Fagundes, 50, até a chegada do gaiteiro Adaljir dos Santos. Para eles, que há 12 anos se reúnem no mesmo piquete do Parque do Imigrante, o acampamento traz memórias da infância.
“A gente gosta. Faz parte da tradição. É muito bom reunir a família e amigos. E a chuva também faz parte. Tem que ter uma chuva para a gente se molhar”, brinca Fagundes.
Organização espera 65 mil visitantes
De acordo com a Diretora de Cultura de Sapiranga, Giovana Canani, o acampamento da cidade é um dos maiores do Rio Grande do Sul. Os piquetes são todos padronizados, seguindo critérios estabelecidos pelos próprios piqueteiros. Quatro CTG’s do município ajudam na organização.
“Nossa expectativa é que seja maior e melhor do que no ano passado, em que 50 mil pessoas passaram pelo Parque. Queremos que as pessoas venham conhecer a nossa cidade. A população se envolve muito. Depois da festa das rosas, esse é o evento mais esperado”, diz Giovana.