Dois soldados da Brigada Militar (BM) leopoldense foram homenageados na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e no Comando-Geral da BM, ambos com sede em Porto Alegre, por suas atuações durante a passagem do ciclone extratropical que atingiu a região em junho.
Na madrugada da sexta-feira, 16 de junho, os policiais do 25º Batalhão de Polícia Militar (25º BPM), soldado Nicolas Lucas Garcia, 38 anos, e soldado Ariadine de Oliveira do Amaral, 24, estavam de serviço no turno da noite, durante a tempestade que atingiu o município.
Eles contam que patrulhavam locais onde poderia ocorrer alagamentos e, no bairro Santo André, perceberam que o Arroio Kruze estava subindo rapidamente e já saía para fora de seu leito. Com as sirenes, efeitos luminosos da viatura e com a ajuda do megafone disponível no veículo, eles circularam pelo bairro para avisar os moradores e pedir que deixassem suas residências.
“Não pensamos muito. Foi no instinto”
Ao passarem pelo pontilhão sobre o arroio, notaram que o asfalto da via estava cedendo e, diante do perigo iminente, os dois balizavam o trânsito próximo para que os veículos não passassem. Um veículo, porém, deslocou para o local onde a enxurrada rompeu a via e a água acabou por arrastar o carro para dentro do arroio. Mesmo sem meios para tal, os soldados formaram uma corrente humana entre si, entraram na água e realizaram o salvamento de uma das vítimas, que já estava com o corpo submerso. Infelizmente, outro passageiro, irmão do que foi salvo, acabou não conseguindo sair do veículo.
Emocionados em lembrar da ocorrência, os soldados reforçam que não havia nada previsto ou premeditado. “Não pensamos muito. Foi no instinto da ocorrência, como vimos toda a situação desde o início, só pensamos que havia alguém dentro daquele carro e tentamos chegar o mais próximo possível do veículo. Não tínhamos nenhum mecanismo ou acessório pra salvamento”, contou Nicolas. “A correnteza era muito forte a água levava tudo. Soltou o asfalto e vinham blocos de asfalto do tamanho de um carro popular”, acrescentou.
Com a voz embargada, Nicolas lembra ainda que no momento do resgate, sem saber, a sua casa e da colega Amaral, estavam enchendo de água. “Na minha casa a água dava na altura da canela. Mas na casa da Amaral, que mora na Feitoria, foi pior, a água estava pela cintura e ela perdeu muitas coisas”.
Na Assembleia e no Comando-geral da BM
Na Assembleia, a homenagem foi proposta pelo deputado Elizandro Sabino, que parabenizou os soldados pela bravura e coragem em seu ato heroico ao colocar suas vidas em risco para realizar o salvamento.
Depois, os policiais e suas famílias participaram de ato no Comando-Geral da BM, onde foram recebidos e homenageados pelo comandante-geral, coronel Cláudio dos Santos Feoli, e subcomandante-geral, coronel Douglas da Rosa Soares. O comandante do 25º BPM, tenente-coronel Alexsandro Goi, e colegas da corporação leopoldense também acompanharam as ações.
“Essa homenagem e reconhecimento, tanto da Assembleia Legislativa quanto do Comando da Brigada Militar, materializando as ações dos policiais militares de São Leopoldo, além de prestigiar os bravos integrantes da unidade, também dão ampla notoriedade não só ao 25ºBPM, mas à própria Brigada Militar, que todos os dias cumpre um papel indelével na defesa e proteção da sociedade gaúcha”, disse o tenente-coronel Goi.
Momento único
À reportagem, os soldados falaram sobre o reconhecimento recebido e afirmaram estarem vivendo um momento único na carreira. “Sempre atuei na rua, onde passamos por muitas situações. E passar por uma situação onde fomos homenageados, onde nosso serviço foi elogiado, pra mim é um momento único. Estou muito feliz”, disse Nicolas, que tem 13 anos de corporação. Ele também destacou o fato de seus familiares, a esposa e os dois filhos, Samuel, 9 anos, e Martina, 4, poderem prestigiar o ato. “Nunca imaginei passar por isso, com meus pais vendo tudo. Isso é fruto da criação deles”.
“Com apenas dois anos e meio na corporação, nunca esperei passar por algo dessa magnitude”, colocou a soldado Ariadine Amaral. “Acredito que a farda pesa de formas diferentes para cada policial militar. Eu aguardei três anos para iniciar o curso de formação, depois que passei no concurso. Sei o quanto pesou pra mim essa escolha. Meu marido também é policial militar e estar lá comigo, vivendo isso, é algo de muito orgulho. Não tem como colocar palavras”, concluiu.
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