SÃO LEOPOLDO

Obras no bairro Scharlau afetam o comércio e angustiam os lojistas

Com acesso às lojas dificultado, lojistas veem movimento cair muito

Publicado em: 28/09/2023 07:22
Última atualização: 18/10/2023 20:15

Uma grande obra de mobilidade urbana, visando melhorar o trânsito local e os complicados e congestionados acessos à região pela RS-240 e a BR-116, se transformou numa grande dor de cabeça para comerciantes do bairro Scharlau.

Estacionamento da loja de Simone tem acesso dificultado Foto: Fotos Priscila Carvalho/GES-Especial

O complexo de viadutos, que está sendo erguido junto aos acessos para a rodovia federal, começou a ser construído no início de abril deste ano, após uma longa espera pelas melhorias viárias para se desafogar o trânsito na região.

Com isso, operários e máquinas pesadas viraram parte da rotina do bairro, além dos engarrafamentos diários, que até já eram vistos antes das obras, mas que aumentaram consideravelmente em função da necessidade de estreitamentos de pista e bloqueios para as intervenções.

As mudanças, porém, têm impactado a vida do empresariado local e trazido prejuízos. Mesmo que temporários, já são cinco meses de transtornos e há a previsão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de que ainda sejam mais alguns meses pela frente.

Dificuldades

Para quem tem comércio instalado na Avenida Parobé, a lateral da RS-240, principalmente, pois os acessos à frente dos estabelecimentos está dificultado, além de que, parte deles - especialmente no sentido Portão-São Leopoldo - teve sua área de estacionamento alterada e, atualmente, sofre com pedras e asfalto irregulares e muitos buracos, o que piora mais ainda após dias seguidos de chuva.

O resultado é a falta de movimento nas lojas e, consequente, perda de clientes, algo que já motivou a mudança de alguns comércios para outros pontos do bairro e até fora dele, além de tirar o sono de empresários que já não sabem como salvar o seu comércio.

Poucas vendas

Simone Kunzler, proprietária de um atacado especializado na venda de produtos para pet shop, localizado bem em frente a sinaleira instalada no lugar de uma passarela de pedestres, conta que se mudou para o local poucos dias antes de começar a obra do complexo de viadutos e não imaginava o que ela representaria. A frente da loja ficou interditada por um tempo, tornado o estacionamento inacessível.

“Agora as coisas estão um pouco melhor do que estavam. Mas, em cinco meses, já pensei várias vezes em fechar.” Com a organização das vendas toda feita uma planilha, Simone relata um dos piores dias: em 29 de agosto, comercializou apenas R$ 110,70.

Farmácia precisou se mudar após 18 anos

Com a queda brusca no movimento e as vendas caindo pela metade, a farmacêutica Tatiane Mossmann precisou tomar uma decisão difícil: há um mês, ela mudou de endereço a farmácia que mantinha há 18 anos na Avenida Parobé. Agora, o estabelecimento funciona na Avenida Henrique Bier, 842, na Campina.

“Fiquei bem chateada, mas não dava pra ficar mais. A obra realmente atrapalhou o comércio, de uma forma que a gente não imaginava”, analisou. Conforme Tatiane, o acesso em frente a loja foi fechado em maio, com telas, impossibilitando que os clientes estacionassem veículos. “Fiquei quatro meses sem os clientes poderem chegar na loja.” Sem vender o suficiente para manter as despesas, ela resolveu fechar as portas da unidade e levar os produtos e as duas funcionárias para a loja da Campina.

“Como alguém vai ir na Scharlau comprar alguma coisa?”, questiona, justificando a saída. Sobre voltar para o local depois que a obra ficar pronta, ela reflete e acredita que não. “Tu leva uma vida para fazer clientela e em 4 ou 5 meses, perde tudo”. 

Tatiane mudou a farmácia para o bairro CampinaPriscila Carvalho/GES-Especial
Farmácia se mudou do local, na Avenida Parobé, lateral da RS-240, após 18 anosPriscila Carvalho/GES-Especial

Dnit destaca que foram feitas intervenções para aliviar transtornos

Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do Dnit informou, em nota, que “em relação ao comércio local, foi executado o asfaltamento provisório das ruas laterais, a fim de permitir a continuidade do viaduto da RS-240. Todas as frentes de comércio em ambos os lados foram liberadas, tendo sido retirado o cercamento de obras, permitindo assim a utilização das áreas em frente aos comércios, tal qual era anteriormente ao início das obras”.

A autarquia destacou ainda que: “devido à grande quantidade de chuvas que estão acontecendo durante o mês de setembro, alguns problemas apareceram, sendo que assim que for possível, serão reparados”.

Prefeitura diz que não recebeu reclamações

Questionada sobre estudos ou projeto para ajudar os comerciantes da Scharlau, a Prefeitura de São Leopoldo informou que tem um Grupo de Trabalho junto com o Dnit, por onde acompanha, fiscaliza e monitora as obras. “Como toda obra de grande vulto é natural que gere alguns transtornos na questão de mobilidade urbana e que ocorra impacto nos acessos às laterais da pista, incluso nos estacionamentos do comércio”, diz a prefeitura, em nota.

“Outrossim, o Grupo de Trabalho informa que não houve reclamação direta à Ouvidoria sobre eventuais problemas relacionados aos estacionamentos, valetas e buracos. No escopo da obra, conforme o andamento dos trabalhos, estão previstas melhorias nas faixas laterais”, diz a nota da Prefeitura.

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