DESASTRE
"O pavilhão implodiu, caiu inteiro": Um ano depois, microexplosão ainda deixa marcas em Canoas
Fenômeno natural durou pouco mais de 12 minutos. Tempo suficiente para causar estragos que seguem na memória dos canoenses
Última atualização: 18/10/2023 16:51
O dia 15 de agosto de 2022 ficou marcado na memória dos canoenses. A microexplosão que atingiu o município causou transtornos e destruição em pouco mais de 12 minutos, principalmente no quadrante Nordeste, onde ficam os bairros Estância Velha, Olaria, Guajuviras, Igara e São José.
Um dos locais mais prejudicados e com imagens impressionantes, foi a Cia da Construção, localizada na Avenida Santos Ferreira, bairro Estância Velha. “Aqui nesta região foi o epicentro. Quase 40 anos de trabalho desmoronaram em 2 minutos e 4 segundo”, afirma, com lágrimas nos olhos, a proprietária Maria Elisabete Andrade da Luz.
Conhecida como Bete, a empresária diz que não estava na loja no momento do desastre. “Graças a Deus não tinha ninguém e não aconteceu em horário de expediente, teria sido ainda mais trágico.”
Prejuízos
Os vidros do empreendimento simplesmente “explodiram”, de acordo com Bete. “Eram todos sob medida, feitos há 20 anos. O seguro demorou, a situação econômica também dificultou bastante, não só no país, como no mundo.” Os prejuízos ainda foram maiores por conta de furtos. “Saquearam diversos produtos, precisamos colocar tapumes nas janelas e isso fez com que a medição fosse mais demorada.”
Depois de concluir todas as medidas, os vidros foram encomendados e a instalação foi finalizada na primeira quinzena do mês de dezembro. “Falavam que estávamos fechados. Os concorrentes usaram isso para tentar nos afetar. Mas estamos aqui, lutando para sobreviver.”
No depósito, que fica na área externa da loja, o estrago não foi completamente restaurado. “Conseguimos refazer a cobertura em 45 metros. O pavilhão implodiu, caiu inteiro em cima de caminhões e mercadorias. Retiramos quatro caminhões de lixo.”
Ajuda da comunidade foi fundamental
Bete reitera que segue sendo muito difícil falar sobre o assunto. “O aniversário da loja é no dia 16 de agosto. Passamos o dia inteiro arrumando tudo para o dia seguinte e aquele desastre aconteceu no fim do dia.”
A empresária diz que se sentiu impotente diante da situação. “Pela primeira vez não conseguimos ajudar o cliente. No entanto, eles nos ajudaram, muitos vieram chorar conosco e outros trouxeram baldes, vassouras”, completa.
O desastre ambiental também atingiu a Igreja Santa Luzia, localizada na Avenida Santos Ferreira, próxima à Cia da Construção. “O nosso salão paroquial teve o teto levado pelo vento.”
Orçada em R$ 150 mil, a obra de reconstrução foi custeada primeiro por um empréstimo, que está sendo pago com a ajuda da comunidade. “Realizamos festas, bailes. A ajuda da comunidade foi fundamental na reconstrução”, diz o Padre Diego Jobim.
Para concluir o pagamento do empréstimo ainda é necessário arrecadar o entorno de R$ 20 mil. “A ideia é fechar a campanha no máximo até setembro. No dia 9 teremos um jantar baile, promovido pelo ECC. Além de um carnê com valor mínimo de R$ 10. Impresso ainda em 2022.” Doações também podem ser feitas através da chave pix: santaluzia.canoas@arquipoa.org.br.
Secretaria de Resiliência Climática foi criada na atual gestão
Ao retornar à Prefeitura, o prefeito Jairo Jorge realizou uma reforma administrativa e entre algumas mudanças, criou o Escritório de Resiliência Climática. Titular da pasta, o secretário Aristeu Ismailow, afirmou que o clima não é mais uma pauta esporádica. “É permanente, principalmente no Rio Grande do Sul.”
Isso significa que o Executivo está atento a possíveis alterações. “Vamos investir em tecnologia para detectar os desastres com maior antecedência. Tentar ao máximo minimizar os estragos.”
No entanto, Aristeu alerta que na microexplosão há um ano, as próprias estações meteorológicas não haviam previsto a força do fenômeno. “Hoje teríamos uma possibilidade de combate mais rápido.”