Prestes a completar quatro décadas de carreira, André Damasceno, 66 anos, escolheu o palco do São Léo Comedy, onde se apresenta desde setembro de 2022, para dar início às comemorações pelos 40 anos de humor.
Incentivado por seus alunos, Damasceno foi a atração da abertura do Bar Opinião em 1º de outubro de 1984, sua estreia no palco.
De lá para cá, o humorista que deu vida ao Magro do Bonfa, seu personagem mais famoso, rodou o Brasil e entrou na casa de muita gente. Isso porque ele contracenou com Chico Anysio na Escolinha do Professor Raimundo de 1993 a 1995, na TV Globo, e tornou famoso o chavão “Não me faz te pegar nojo”.
A frase clássica do Magro do Bonfa, inclusive, foi o nome escolhido para o stand-up comedy que marcou sua volta aos palcos em 2021, durante a pandemia.
Ele também apresentou a Escolinha do Barulho, de 1999 a 2001, na Record, e de 2003 a 2015, marcou presença no Zorra Total.
De volta à Globo, o artista gaúcho divertiu os brasileiros com um outro talento que é sua marca registrada: a imitação do presidente Lula. “Quando a Dilma foi eleita, procurei o Shermann (diretor do Zorra Total) para me despedir. Mas ele me disse: ‘agora será a tua melhor fase'”, lembra.
No período em que Dilma Rousseff esteve na Presidência, o personagem Lula brincava com a possibilidade de voltar ao poder, além de mostrar os bastidores da nova vida ao lado ex-primeira-dama Marisa Letícia. Já em 2017, esteve no ar com atração de humor na Rádio Bandeirantes.
Nos intervalos dos programas televisivos, fez shows em diversas casas, em especial, nos palcos do Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 2018, de volta ao Rio Grande do Sul, participou do espetáculo Com a corda toda, em parceria com Maikinho Pereira (artista de São Leopoldo), Dudu Weber (O Gaúcho de Apartamento) e Índio Behn, que dá vida à Doutora Rosângela.
Agora, ele escolhe o Vale do Sinos para marcar o começo de uma série de eventos festivos de quem dedicou a vida para a arte de fazer os outros rirem. “Sabe que é curioso, mas humorista não para. Porque o humor faz bem, o riso é contra o estresse. Tem quatrocentas pesquisas que comprovam isso”, salienta.
Incentivo para shows veio dos alunos
Damasceno se formou em Engenharia Civil pela PUC em 1982. Em 1983, passou a dar aulas de matemática no Colégio São José. Para conquistar a gurizada, tinha uma combinação. Se todos prestassem atenção e ficassem em silêncio, nos últimos cinco minutos contaria piada ou faria imitação. “Acontecia que até os mais bagunceiros mandavam os colegas ficaram quietos porque eles queriam ouvir a piada no final da aula”, conta. Ensinar com humor deu certo, pois as turmas de Damasceno tinham as melhores notas.
Em 1984, passou a dar aulas também no Supletivo do Universitário. “Eu queria que eles perdessem o trauma da matemática. Então era a aula toda com humor”, lembra, dizendo que os estudantes o incentivaram a fazer show.
Inspirado em aluno do São José criou o Magro do Bonfa e, assim, fez sua estreia no Bar Opinião. “Daí me chamaram para outros bares, mas a plateia sempre estava cheia dos meus alunos e eu não me achava um artista”, comenta. Tudo mudou após um evento do Grêmio Náutico União. “Todo mundo riu e diretores de outros clubes me contrataram.” Até 1990, conciliou a sala de aula e os palcos.
Chamado por Chico Anysio
Em 1993, Damasceno levou para o Rio de Janeiro fitas VHS com o seu show. Sua intenção era participar do Faustão. Além disso, deixou o material no SBT e na Band. Na época, Chico Anysio recebia 3 mil fitas por mês de todo o Brasil.
Duas semanas depois, já em Porto Alegre, o artista gaúcho recebe um telefonema, com uma pessoa perguntando se do outro lado estava o humorista André Damasceno. Ao receber a confirmação, quem passa a falar é o próprio Chico Anysio. “Ele disse: ‘É o Chico Anysio. Quer trabalhar na Escolinha do Professor Raimundo?’”.
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Aí respondi que não podia dar uma resposta dessa de uma hora para outra e precisava de dois segundos para pensar. “Daí o Chico disse. ‘Já começou a fazer graça antes de entrar na escolinha’”, lembra.
De acordo com ele, quando apareceu com o Magro do Bonfa na Globo, imaginava que a expressão de “magro/magrão”, era uma gíria nacional e que as pessoas conheciam o bairro do Bom Fim. “Isso acabou de dando notoriedade dentro do Rio Grande do Sul”, avalia.
Engenharia ajuda no raciocínio lógico
Apaixonado por leitura, conta que a inspiração para suas piadas vem de Millor Fernandes, Woody Allen, Mel Broocks e Nelson Rodrigues. “Morei com meu tio, Aníbal Damasceno Ferreira, e ele sabia muito do humor do mundo”, conta.
Já o diploma de engenheiro civil, explica, ajudar a “abrir a cabeça” para o raciocínio lógico, o que é importante na hora garantir uma boa história.
De olho nas redes sociais
Recentemente, Damasceno começou a investir nas redes sociais e deu um salto. De 5 mil seguidores, ultrapassou os 96 mil em três meses. Uma de suas piadas já alcançou 14,7 milhões de visualizações. No Instagram a conta é @oandredamasceno.
Para o próximo ano, lançará livro de sua trajetória e prepara shows com a participação de convidados.
Show de sábado
O show “40 anos de humor” será às 21 horas no São Léo Comedy, Rua Independência, 149, próximo à Câmara de Vereadores de São Leopoldo. O ingresso único custa 30 reais mais taxas de conveniência e ainda tem a promoção, dois por um, por 35 reais, com aquisição pelo site https://www.sympla.com.br. Informações pelo WhatsApp (51) 9889-0220.