Você sabia que existiam lagostins em Canoas? Segundo a Secretaria do Meio Ambiente, 518 exemplares foram encontrados e transferidos para os dois olhos d’água localizados no novo Parque Natural, que está sendo construído no bairro Marechal Rondon. A origem dos animais é uma área próxima. “Eles estavam mais ao norte, eram terrenos privados e por isso realizamos a remoção”, explicou o secretário Bernardo Caron, titular do Meio Ambiente.
Para que a transferência fosse possível, foi necessário ter muita paciência. “Foram dois meses aguardando.” Caron diz que isso ocorreu pela necessidade de esperar o aumento no volume de chuvas. “O que só foi possível no fim de julho, quando choveu aproximadamente 120 milímetros em 24 horas.”
O secretário explica que, com a saturação da água, os crustáceos saem para fora em busca de oxigênio. “Foi então que conseguimos retirá-los em segurança, um a um. Sempre utilizando a mão, já que são muito sensíveis.” A escolha pelos olhos d’água é em razão da necessidade da espécie se manter em ambientes úmidos. “Eles podem ser transferidos, desde que permaneçam em um local adequado.”
Espécie nova ainda é estudada
Nativo da região, o lagostim de água doce encontrado em Canoas ainda está sendo identificado e estudado pelos biólogos.
“Com a transferência para um local seguro, úmido e preservado, vamos poder realizar mais estudos sobre essa espécie”, destaca Bernardo Caron.
O secretário afirma que a área segue sendo monitorada: “Com o alto volume de chuvas resolvemos verificar.”
Parastacus sp
Segundo o professor Dr. Felipe Ribeiro, da Universidade de São Paulo (USP) e que é especialista em lagostins, diversas espécies são encontradas em Canoas, no entanto, a encontrada no Marechal Rondon é nova. “Se trata da Parastacus sp. Não se conhece nada ainda sobre os aspectos biológicos dela, necessitando mais estudos.”
Ribeiro explica que a mudança de local pode causar danos à população. “Os impactos da transferência de uma área para a outra ainda não são conhecidos.” O especialista alerta também para o risco de extinção local dos crustáceos. “Eles provavelmente eram amplamente distribuídos por todo o município antes da urbanização. E por isso sofrem o risco de extinção pela influência direta da proximidade de ocupação humana”, completa.
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