Uma mulher morreu na manhã desta quarta-feira (23) por complicações após ter material cirúrgico esquecido dentro do corpo durante o parto realizado há mais de dois meses no Hospital São Francisco de Assis, em Parobé, no Vale do Paranhana.
ATUALIZAÇÕES:
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Mariane Rosa da Silva Aita, de 39 anos, passou por uma cirurgia para retirada do material no dia 14 deste mês e desde então estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da casa de saúde, onde faleceu.
Moradora de Três Coroas, Mariane passou por uma cesariana no dia 12 de junho na instituição de saúde de Parobé, que é referência para a cidade em que residia. Três dias depois do parto, ela recebeu alta. Contudo, ainda com dores abdominais, ela chegou a procurar atendimento em um posto de saúde, onde passou por consulta, foi medicada e liberada.
No dia 25 de junho, ela, o marido e os filhos se mudaram para Novo Hamburgo, onde estavam morando na Vila Diehl. Com a dor persistindo após dois meses da cesárea, no dia 14 de agosto ela procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Canudos. Em um exame foi constatado que haviam gazes de 87 milímetros na parte de baixo esquerda do abdômen de Mariane.
Com o resultado da ultrassonografia, ela foi novamente encaminhada ao Hospital São Francisco de Assis, onde no mesmo dia, passou pelo procedimento de retirada do material e permaneceu internada na UTI por nove dias.
Conforme parentes, como não era possível ter acompanhante continuamente na ala em que Mariane estava, na manhã desta quarta-feira o hospital ligou e solicitou a presença de familiares. No local, o marido e a mãe dela foram informados que a paciente teria passado por uma nova cirurgia ainda na terça-feira (22), a qual, segundo a família, não havia sido comunicada nem mesmo questionada sobre o consentimento.
A instituição, então, confirmou que Mariane faleceu por volta das 9h20 desta quarta-feira por “causa natural, sepse abdominal e insuficiência renal aguda”, conforme consta no boletim de ocorrência registrado pela família na Polícia Civil.
Mariane deixa o marido, seis filhos e demais familiares. O corpo dela será velado em Novo Hamburgo.
O caso será investigado pela Polícia Civil de Parobé.
Em nota, hospital não se pronuncia sobre gaze
Na manhã desta quinta-feira, o Hospital São Francisco de Assis se pronunciou sobre o caso. Disse que “conforme prontuário e relato dos profissionais envolvidos no atendimento, o óbito ocorreu por complicação pós-cirúrgica descrita na literatura e não previsível”. Acrescentou que “o tratamento requer intervenção cirúrgica e todas as medidas adotadas foram corretas”.
A reportagem questionou por que a paciente passava por tratamento, ou seja, por qual motivo a mulher teria sido submetida à intervenção cirúrgica que resultou na sua morte, mas o hospital disse que não pode “passar informações sobre o diagnóstico pelo que determina a LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais]”. Na nota, a casa de saúde não comenta sobre a gaze.
O hospital ainda afirmou que “em nenhum momento a causa da morte foi informada pelo hospital como sendo ‘causas naturais'”, mas essa informação consta no atestado de óbito ao qual a reportagem teve acesso, que cita “causa natural, sepse abdominal e insuficiência renal aguda”.
Por fim, o São Francisco de Assis disse que lamenta “profundamente a perda da família” e que “todas as informações referentes ao atendimento estão à disposição dos familiares”.
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*Matéria atualizada com posicionamento do Hospital São Francisco de Assis às 19h57 do dia 24 de agosto de 2023.