CRIMES

Morte de idoso em assalto é o primeiro caso de latrocínio registrado em Novo Hamburgo desde janeiro de 2022

Delegado Fernando Sodré, Chefe de Polícia do Estado, explica o que é o crime e explica como o Rio Grande do Sul trabalha para evitar casos como o da última semana

Publicado em: 26/08/2023 16:27
Última atualização: 26/08/2023 16:30

Há uma semana, um crime chocou o Vale do Sinos. Por volta das 12h40 do dia 19, sábado, o aposentado Roque Winter, de 66 anos, estava na frente do Residencial Jardim Alegre, localizado na Rua Alfredo Marotzki, no bairro Canudos, em Novo Hamburgo, esperando a neta quando foi abordado por dois homens armados que anunciaram um assalto. Winter reagiu, foi baleado e morreu no local.


Idoso foi morto durante tentativa de assalto em frente a residencial no bairro Canudos, em Novo Hamburgo Foto: Juliana Nunes/GES-Especial

O Município não registrava nenhum latrocínio desde 31 de janeiro de 2022. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul, na data ocorreu um roubo a uma residência do bairro Liberdade. Um homem de 61 anos ficou ferido no ataque e foi hospitalizado, mas não resistiu aos ferimentos. Ele morreu cerca de um mês após o assalto.

Os dados da SSP apontam que a cidade não teve nenhum latrocínio entre os anos de 2019 e 2021.

O último período com mais registros de latrocínios foi entre setembro de 2017 e janeiro de 2018. Em menos de 4 meses, a cidade teve três mortes após roubos. 

"É um dos crimes mais graves", afirma o Chefe de Polícia do Estado

A reportagem conversou com o delegado Fernando Sodré, Chefe de Polícia do Estado do Rio Grande do Sul, para entender o que significam esses dados. Confira a entrevista:

O que representam esses crimes de latrocínio?

"Nós temos feito, em nível de segurança pública no Estado, um acompanhamento permanente dos crimes violentos, que a gente chama de crimes violentos letais e intencionais. São todos os crimes que resultam em morte, dentre eles o latrocínio. Nós temos tido números muito bons nesse crime, no sentido estatístico. É lógico que cada fato criminoso é um fato gravíssimo, nos preocupa e, por isso, a gente trabalha intensamente quando acontece um crime de latrocínio."

E quanto a Novo Hamburgo?

"Nós estamos acompanhando aí para que mantenha o controle desses índices. O latrocínio fazia um ano e meio, praticamente, que não tinha nenhum em Novo Hamburgo. E foi o primeiro, agora. Infelizmente."

Como o senhor define o crime de latrocínio?

"É um dos crimes mais graves que nós temos no ordenamento jurídico. É um roubo com o resultado morte e ele tem uma pena bem alta. Ele é um crime contra o patrimônio, com o resultado morte, então ele não é julgado pelo juiz popular, ele é julgado pelo juiz togado. E é um crime que realmente causa uma sensação de insegurança muito grande. Por isso que nós nos preocupamos muito com ele, nos preocupamos muito com os roubos em geral. São os crimes violentos patrimoniais, exatamente porque muitos deles têm o risco de se transformar em um latrocínio."

O que orienta a quem se vê em uma situação de roubo, para evitar um latrocínio?

"A gente aconselha as vítimas a não reagirem. Entregarem as coisas e passarem a responsabilidade da apuração e da captura dos sujeitos, as providências para a Polícia. Imediatamente, chamarem a Brigada Militar, a Polícia Civil, para que a gente possa fazer a identificação e buscar a responsabilização criminal e prender os autores. Não reajam, pois uma reação pode e, normalmente, vai vai levar a um disparo do autor e criar um latrocínio."

Suspeito de matar idoso foi identificado e preso

Um homem de 20 anos foi preso na manhã de sexta-feira (25) suspeito de ter participado do latrocínio que resultou na morte do idoso no último dia 19. Ele foi preso no bairro Canudos, o mesmo onde aconteceu o crime.


Suspeito foi preso na manhã desta sexta-feira (25) no bairro Canudos, o mesmo onde o crime aconteceu Foto: Polícia Civil

De acordo com o delegado Alexandre Quintão, titular da 3ª Delegacia de Polícia (DP) da cidade, as investigações apontam que ele teria sido a pessoa que efetuou os três disparos contra a vítima, dos quais dois a atingiram. No momento da tentativa de assalto, ele estava acompanhado de um comparsa, que ainda não foi localizado.

O suspeito que foi preso possui passagem policial por roubo de veículo quando ainda era adolescente, tendo cumprido pena na Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Novo Hamburgo. Além disso, ele tem registros por lesão corporal e ameaça.

A motocicleta utilizada pela dupla na data do crime ainda não foi localizada. No entanto, segundo o delegado, as investigações seguem em andamento e, por isso, mais detalhes sobre as apurações não serão divulgados no momento. O inquérito deve ser concluído em até nove dias, conforme Quintão.

O crime

Segundo o segurança do condomínio, imagens gravadas por câmera de segurança mostram dois homens em uma motocicleta prata subindo e descendo a rua diversas vezes enquanto Roque aguardava sua neta dentro do carro, um Fiat Cronos.

Assim que saiu do carro, a vítima foi abordada pela dupla. Ao tentar lutar com os assaltantes, eles dispararam três tiros, dos quais dois atingiram o idoso. Conforme os peritos que estiveram no local, um dos disparos atingiu o ombro de Winter, e o outro foi dado pelas costas, enquanto ele tentava fugir. Este, teria atingido o pulmão da vítima.

Roque Winter acabou caindo na guarita em frente ao condomínio, onde morreu. Os criminosos fugiram sem levar os pertences nem o carro.

O caso é tratado pela Polícia Civil (PC) como latrocínio. "Foi latrocínio porque eles queriam levar o carro da vítima. O senhor reagiu, tentou tirar a arma, e foi atingido. Os dois homens fugiram em uma moto prata", explica o chefe de Investigação da 3ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, inspetor Ivan Carlos da Silva.

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