Desde o dia 17 de julho a rotina do morador de Sapucaia do Sul João Dercílio da Rosa, 63 anos, se resume a dores intensas sentidas sobre uma cama no Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV). Com suspeita de um tumor ósseo, da Rosa deu entrada na casa de saúde da cidade depois de fraturar o fêmur enquanto caminhava em casa, no bairro Sete. De lá para cá, os dias que se sucederam foram de expectativa para o idoso e a família.
A gravidade do quadro de saúde de da Rosa faz com que o tratamento precise ser feito em um hospital especializado no tipo de cirurgia da qual ele necessita e para a qual o HMGV não está habilitado. Por isso, desde que baixou hospital, o paciente espera transferência para outro local. Para tentar agilizar o processo, a família entrou com um pedido judicial.
No despacho, feito na semana passada, o juiz Franco Lemos Bertuzzi, intimou a direção do HMGV a providenciar o contato com hospitais privados na intenção de obter uma vaga em leito pelo SUS ou então orçamentos para a transferência do paciente para a rede privada no prazo de 48 horas. O documento também não surtiu o efeito desejado.
Para cuidar do pai e tentar agilizar a transferência, a filha de da Rosa, Magda Cristine, 35 anos, pediu demissão do trabalho de auxiliar de produção. “Estamos nos revezando para ficarmos com ele. O pai está há quase 50 dias deitado em cima de uma cama, sem poder se mexer e necessitando constantemente de morfina para suportar a dor. Só queremos que ele tenha o tratamento adequado para que o quadro não acabe se agravando”, desabafa.
Procurada, a direção do HMGV respondeu em nota que a referência para a cirurgia de alta complexidade da qual da Rosa necessita é Canoas ou Porto Alegre. “Desta forma, em 19 de julho, o HMGV fez o pedido de transferência no sistema Gerint – Gerenciamento de Internações Hospitalares, administrado pela Secretaria Estadual da Saúde. Para otimizar o tratamento, o HMGV providenciou, em 25/08, a realização de uma biópsia, pois o paciente tem em seu histórico a investigação de uma suspeita de neoplasia no pulmão. O prazo para o resultado deste exame é de dez dias úteis”, diz o texto.
“A gerência do HMGV ressalta que fez e faz todos os esforços para a transferência do paciente, mas que a decisão final está atrelada à fila estadual do Gerint”, completa a nota. Sobre a decisão judicial, a direção da casa de saúde sapucaiense afirmou, também em nota, que “a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas vai diligenciar conforme determinado pelo magistrado, mas ressalta que não é parte no processo, dado que a regulação de leitos é coordenada pela Secretaria Estadual da Saúde”.
Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde respondeu, também por nota, que “em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a todos pacientes que aguardam por atendimento e seguem o devido processo técnico de regulação, não pode fornecer dados sobre casos específicos”.
“Pacientes que necessitam de atendimento especializado são regulados conforme avaliação técnica de profissionais de saúde do município de origem e da Central de Regulação. É esta avaliação que determina o momento adequado e seguro para transferência do paciente. Sobre cirurgias, destacamos ainda que a SES não regula esse tipo de procedimento”, informa o texto.
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