INVESTIGAÇÃO
Hospital de Parobé afasta obstetra após morte de mulher que teve gaze esquecida dentro do corpo
Afastamento de profissional das atividades no Hospital São Francisco de Assis ocorreu a partir da sindicância instaurada pela casa de saúde
Última atualização: 17/10/2023 19:45
O hospital de Parobé afastou a pessoa responsável pelo parto de Mariane Rosa da Silva Aita, mulher de 39 anos que morreu dois meses após passar por uma cesariana no Hospital São Francisco de Assis. A Associação Beneficente de Parobé não revelou à reportagem a identidade do profissional afastado na quinta-feira (24).
A casa de saúde instaurou uma sindicância interna para apurar os fatos, que também são investigados pela Polícia Civil. "Posteriormente serão tomadas as medidas cabíveis", diz em nota.
Segundo o hospital, há seis obstetras na instituição e haverá reposição devido ao afastamento. Parobé é referência na realização de partos para Taquara, Três Coroas, Rolante e Riozinho.
- Corpo de mulher que morreu após ter gaze esquecida durante o parto volta da necropsia e é sepultado em Novo Hamburgo
- "Achei estranho ela sempre se queixar dessa dor", relata mãe de mulher que morreu após ter gaze esquecida dentro do corpo
Diretoria segue a mesma após prefeito pedir troca imediata
O prefeito de Parobé, Diego Picucha, se reuniu na manhã de quinta-feira (24) com o diretor do Hospital São Francisco de Assis, João Schmitt, para pedir a troca imediata do responsável técnico e de toda direção técnica da casa de saúde. O pedido ocorreu um dia depois da morte de Mariane.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Picucha falou que, mesmo que a prefeitura não seja responsável pela administração do hospital, ele tem "a obrigação e a responsabilidade de cobrar todas as instituições do município, ainda mais no que se refere a saúde".
"Visto o recente óbito de uma mãe, somado a diversos fatos que tem ocorrido no hospital, cobramos e impomos a troca da responsabilização técnica do nosso hospital, que será feita imediatamente. Não podemos admitir que um trabalho de excelência feito pelo hospital e por uma equipe comprometida, reconhecido em várias áreas, seja manchado por alguns tristes fatos isolados, que além disso acarretam em perdas de vidas", expôs.
Mesmo após o pedido do prefeito, não houve mais afastamentos além da pessoa responsável pelo parto de Mariane. Hoje, o hospital disse que iniciou a sindicância na quinta-feira e "nenhuma ação será tomada até as conclusões".
Polícia investiga a morte
Parentes afirmam que, em um exame de ultrassom, foi constatado um corpo estranho apontado como gaze na parte de baixo esquerda do abdômen dela.
O corpo de Mariane foi para necropsia ainda na quinta, após o velório, e foi liberado na manhã desta sexta-feira (25). Segundo a família, o sepultamento aconteceu por volta das 10h40 no Cemitério Municipal de Novo Hamburgo. O velório começou às 7 horas de quinta-feira (24) e foi encerrado às 16 horas para que o corpo fosse encaminhado para o Instituto-Geral de Perícias (IGP) por solicitação da Polícia Civil.
A morte de Mariane foi registrada pela famílica na Polícia Civil. De acordo com o delegado Francisco Leitão, titular da Delegacia de Parobé, é investigado se ocorreu um "erro médico", caso seja confirmado, os responsáveis podem ser indiciados por homicídio culposo. "Sobre a investigação e instrução do inquérito policial, vamos realizar as oitivas."