O preço de legumes e hortaliças sofreu alteração de até 201,2% em um mês, é o que aponta o balanço feito pela Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS). Entre as folhosas, a alface foi uma das mais impactadas pelas chuvas e inundações do último período.
Foto: PAULO PIRES/GES
Com alta de 201,2%, entre os dias 19 de setembro e 17 de outubro, a alface está pesando mais no bolso dos consumidores da região metropolitana. Em Canoas, a comercialização das hortaliças, em geral, foi prejudicada devido às intempéries. Leandro Solano Dorneles, gerente de uma fruteira no Centro de Canoas, revela que a aquisição de legumes e folhosas caiu pela metade.
“Os fornecedores estão dividindo os produtos para não deixar nenhum comprador desabastecido. Além da redução na quantidade, a qualidade e o tamanho diminuíram em toda a linha de hortaliças, temperos, legumes”, salienta.
Dorneles explica que o repasse de valores para os consumidores é inevitável. “Tentamos absorver alguma coisa, mas infelizmente, não é possível não aumentar os preços. Os clientes têm reclamado mais da qualidade dos produtos naturais”, afirma.
Segundo o gerente, o consumo no estabelecimento está regular. “Os clientes estão em busca de duas coisas, preço e qualidade. Quem tem o hábito de consumir saladas, temperos, legumes, é mais difícil deixar de comer. A cobrança tem sido maior em relação ao tamanho e qualidade. Quando algum produto está com a demanda maior que a oferta, a disputa muda”, diz.
Busca por hortaliças
Ana Mahfuz, de 66 anos, mudou alguns hábitos de compra. A moradora do bairro Jardim do Lago conta que evita comprar legumes e hortaliças nos supermercados. “Nos últimos meses, o preço está mais elevado. Quando vou na fruteira quase sempre está mais barato. Tenho observado que a alface, o repolho, a couve-flor, o pimentão, todos sofreram redução no tamanho. Quando pego alguma hortaliça, as folhas estão mais feias, e ao mesmo tempo mais caras”, lamenta a corretora de imóveis.
Para Ana, a maior dificuldade está na oferta de alguns produtos. “Gosto de diferentes tipos de alface, por exemplo. Tenho optado pela alface que estiver com a aparência melhor e o preço mais acessível, nem sempre consigo conciliar as duas coisas, mas tento”, conclui.
Plantações sofrem com as intempéries na região
A forte chuva e a queda de granizo em algumas localidades, nos últimos dois meses, deixou lavouras inteiras, em especial de hortaliças, prejudicadas. Com o solo encharcado, o desenvolvimento de fungos e bactérias aumenta potencialmente, explica o engenheiro agrônomo da Emater-RS, Igor de Bearzi.
“Tivemos perdas na semeadura, no desenvolvimento e na colheita das folhosas. Elas foram atingidas em cheio pelo clima chuvoso. A baixa luminosidade combinada com o excesso de água acumulado no solo é o ambiente perfeito para doenças em hortaliças”, avalia.
Segundo o Bearzi, o solo necessita de ao menos uma semana sem chuva. “Não houve tempo hábil para a recuperação da terra. Os produtores das folhosas já estão replantando, o que preocupa é a redução na produtividade e qualidade do produto”, enfatiza.
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